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Malala, a pessoa mais jovem a ganhar o Nobel da Paz

Malala Yousufzai se tornou hoje, com 17 anos, a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio Nobel da Paz, por defender a educação feminina

Malala Yousufzai: "a melhor forma de lutar contra o terrorismo e pela educação é através da política" (Carlo Allegri/Files/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 10h02.

Islamabad - A paquistanesa Malala Yousufzai se tornou nesta sexta-feira a pessoa mais jovem (com 17 anos) a ganhar o prêmio Nobel da Paz.

A jovem recebeu o prêmio por defender a educação feminina, após quase ter pagado com a própria vida o seu apoio à causa.

"Apesar de sua juventude, já lutou durante anos pelo direito das meninas à educação e mostrou com seu exemplo que crianças e jovens também podem contribuir para melhorar a própria situação", afirmou o Comitê do Nobel ao anunciar o Nobel.

Seu nome ganhou destaque ao saber que ela era a menina que assinava com o pseudônimo de Gül Makai, no blog do canal britânico "BBC", durante a dominação taleban no Vale do Swat (norte do Paquistão), entre os anos 2008 e 2009.

Foi nessa época em que muitas crianças e sobretudo, meninas, ficaram impedidas de ir à escola. Primeiro pela proibição dos talebans e depois pelos intensos combates que duraram quase seis meses.

Isso aumentou sua fama no país e lhe deu certa visibilidade internacional, em parte pelo impulso do pai, proprietário de uma escola em Mingora (principal cidade do Vale). Essa mesma fama foi responsável por gerar ainda mais inimizades entre os radicais.

A jovem fez um forte apelo para o direito das meninas a frequentar o colégio e explicou como faziam para burlar as proibições dos talebans em sua região para que continuassem assistindo às aulas, sendo encorajadas por algumas professoras.

Seu discurso - e um comentário considerado provocador no Paquistão, por dizer que tinha como referência o presidente americano, Barack Obama - acabou provocando a ira dos extremistas, que enviaram homens armados até a região onde morava, em Mingora.

No dia 9 de outubro de 2012, Malala voltava para casa após realizar exames.

Quando o veículo em que estava com outras 15 meninas foi invadido por dois homens armados que perguntaram quem era Malala Yousufzai e, após identificá-la, atiraram.

As balas atingiram sua cabeça e por isso, os agressores acharam que ela estaria morta, embora tenha sobrevivido.

Após ser transferida com urgência a um hospital de Rawalpindi, próximo à capital do país, a menina foi levada (ainda inconsciente) ao Reino Unido, por conta do medo de que os talebans quisessem se certificar da morte dela.

Os supostos culpados, membros da facção taleban que tinha aterrorizado o Swat e que agora se refugiam no Afeganistão, foram detidos há um mês pelo Exército paquistanês.

A partir daí, a recuperação da ativista foi lenta, embora as sequelas que o atentado deixou ainda sejam visíveis. Malala foi vista como um ícone internacional devido à sua fala nas Nações Unidas.

Antes do Nobel - concedido também a Kailash Satyarthi, ativista contra o trabalho infantil na Índia -, ela recebeu outras condecorações. Entre eles, o prêmio Sakharov à Liberdade de Consciência concedido pelo Parlamento Europeu, o Simone de Beauvoir e o Prêmio Convivência Manuel Broseta.

Sua biografia "Eu sou Malala", se tornou um dos recordes de venda internacional.

Durante a apresentação da biografia, realizada há um ano em Nova York, a jovem afirmou à Agência Efe, que gostaria de ser primeira-ministra do Paquistão.

"A melhor forma de lutar contra o terrorismo e pela educação é através da política. Agora sinto que é minha responsabilidade continuar trabalhando pela educação e falar pelos direitos de quem sofre o terrorismo e de quem não têm voz".

A jovem também falou sobre sua vontade de continuar estudando para que um dia volte ao Paquistão.

"É meu país. Ninguém esquece a terra onde nasceu e espero voltar o mais rápido possível", concluiu.

O Paquistão recebeu até agora com frieza e indiferença o destaque da jovem, algo que o Nobel poderia mudar.

São Paulo – Entre os países do mundo árabe, o Egito é o pior lugar para as mulheres viverem. Essa é a conclusão do um estudo da Thomson-Reuters, que analisou a atual situação após acontecimentos importantes recentes, como a Primavera Árabe . O assédio sexual, o aumento da violência e de grupos islamitas conservadores, que trouxeram leis discriminatórias para as mulheres, foram alguns dos fatores que colocaram o Egito na primeira colocação. O levantamento avaliou a análise de 336 especialistas em gênero em 22 países: 21 países da Liga Árabe e mais a Síria – que foi suspensa do grupo em 2011. As questões levantadas se basearam em um documento da ONU , a "Convenção para Eliminar Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres", que 19 países árabes assinaram ou ratificaram. Os especialistas analisaram os casos de violência contra mulher, os diretos de reprodução, o tratamento delas no núcleo familiar, sua integração com a sociedade e o trabalho nelas na economia e na política. Confira o ranking com os 22 países árabes, do pior para o melhor para as mulheres:
  • 2. 1. Egito

    2 /15(Getty Images)

  • Veja também

    Pontuação: 74.895 (quanto mais alta, pior) Situação das mulheres
    • 9 de 987 que concorreram nas eleições de 2012 conseguiram se eleger
    • 27,2 milhões de egípcias foram vítimas de mutilação genital
    • 99,3% já sofreu assédio sexual
    • 37% são analfabetas
  • 3. 2. Iraque

    3 /15(AHMAD AL-RUBAYE/AFP/Getty Images)

  • Pontuação: 73.070 Situação das mulheres:
    • 72,4% das mulheres nas áres rurais e 64,1% das mulheres nas áreas urbanas precisam pedir permissão aos seus maridos para irem a uma clínica de saúde
    • Iraquianas precisam de autorização de um homem para obter passaporte
    • Apenas 14,5% das iraquianas adultas têm um emprego
  • 4. 4. Síria

    4 /15(Anwar Amro/AFP)

    Pontuação: 72.390 Situação das mulheres:
    • Apenas 16% das mulheres trabalham
    • Mais de 4 mil casos de estupro e mutilação genital contra mulheres foram relatados ao Syrian Network for Human Rights
    • Mais de um milhão de mulheres sírias estão refugiadas
  • 5. 5. Iêmen

    5 /15(MOHAMMED HUWAIS/AFP/GettyImages)

    Pontuação: 71.862 Situação das mulheres:
    • 210 mães morrem a cada 100 mil nascimentos
    • 98,9% das mulheres já sofreram com assédio sexual na rua
    • 53% das meninas completam os estudos, enquanto a taxa entre os meninos é de 73%
  • 6. 6. Sudão

    6 /15(ASHRAF SHAZLY/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 71.686 Situação das mulheres:
    • A idade mínima para meninas casarem é de 10 anos
    • 730 mulheres morrem para cada 100 mil nascimentos
    • Por lei, mulheres podem ser presas por usarem vestido
  • 7. 7. Líbano

    7 /15(JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 66.931 Situação das mulheres:
    • Apenas em 2004 uma mulher conseguiu uma posição ministerial na política
    • Mulheres que fazem abortos ilegais (quando não correm risco de morte) podem ser presas por até sete anos
    • Uma lei permite que um estuprador evite a prisão caso ele se case com a vítima
  • 8. 8. Palestina

    8 /15(MAHMUD HAMS/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 66.629 Situação das mulheres:
    • Em Gaza, 51% das mulheres casadas já sofreram abuso doméstico
    • Apenas 17% das mulheres têm um emprego
    • O direito ao voto veio apenas em 1996
  • 9. 9. Somália

    9 /15(PHIL MOORE/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 65.856 Situação das mulheres:
    • Em 2012, 1700 mulheres foram estupradas em campos de refugiados
    • 1200 mulheres morrem a cada 100 mil nascimentos
    • Apenas 39% têm um emprego. Na região controlada pelo grupo radical islâmico Al Shabaab, elas são proibidas de trabalharem
  • 10. 11. Bahrein

    10 /15(MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 62.247 Situação das mulheres:
    • Mulheres só ganharam o direito ao voto em 2002
    • 30% já sofreu algum tipo de abuso doméstico
    • Apenas 40% trabalham
  • 11. 15. Marrocos

    11 /15(ABDELHAK SENNA/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 60.229 Situação das mulheres:
    • Mulheres são condenadas por se separarem de seus maridos
    • 56% das mulheres entre 15 e 49 anos são analfabetas
    • Nos três primeiros meses de 2008, 17 mil casos de abusos contra mulheres foram denunciados. Em 78,8% deles, o acusado era o próprio marido
  • 12. 18. Catar

    12 /15(KARIM JAAFAR/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 58.372 Situação das mulheres:
    • 550 casos de abusos domésticos foram relatados em 2012
    • Elas precisam de permissão de seus maridos para dirigir
    • 51,8% das mulheres trabalham
  • 13. 20. Kuwait

    13 /15(YASSER AL-ZAYYAT/AFP/Getty Images)

    Pontuação: 58.119 Situação das mulheres:
    • Não há leis sobre abuso doméstico ou estupro cometido pelo próprio marido
    • Em 2005, elas ganharam o direito ao voto
    • Elas têm direito a dez semanas de licença quando têm filhos
  • 14. 22. Comores

    14 /15(BORIS HORVAT/AFP/Getty Image)

    Pontuação: 51.375 Situação das mulheres:
    • 20% dos ministérios são femininos, assim como 3% do parlamento
    • 50% já sofreu abuso sexual
    • 35% está no mercado de trabalho
  • 15. Agora conheça os melhores países do mundo para estrangeiros

    15 /15(Reprodução)

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