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Guiné-Bissau realiza eleições neste domingo

Depois do último golpe militar, em 2012, o país, que tem 1,6 milhão de habitantes tenta retornar, neste domingo (13), à democracia


	A nação africana, que é altamente dependente da exploração da castanha-de-caju, se isolou e agravou ainda mais sua precária economia
 (Wikimedia Commons)

A nação africana, que é altamente dependente da exploração da castanha-de-caju, se isolou e agravou ainda mais sua precária economia (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2014 às 13h37.

Desde sua independência, reconhecida por Portugal em 1974, a Guiné-Bissau, país mais instável entre aqueles que têm o português como língua oficial, nunca teve um presidente que conseguisse completar seu mandato. Golpes, contragolpes e até assassinato levaram o país a uma grande instabilidade política, impactando também sua economia. Depois do último golpe militar, em 2012, o país, que tem 1,6 milhão de habitantes e uma área menor que a do estado do Rio de Janeiro, tenta retornar, neste domingo (13), à democracia, com eleições presidenciais e legislativas. Treze candidatos tiveram suas candidaturas validadas à Presidência e 15 partidos apresentaram suas listas fechadas para as eleições proporcionais legislativas.

Em março de 2012, após a morte do então presidente Malam Bacai Sanhá, por causa desconhecida, em um hospital de Paris, foram realizadas novas eleições. Entre o primeiro e segundo turnos, no entanto, um golpe militar foi aplicado. O ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, do Partido Africano da Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC), que tinha se afastado para concorrer na eleição presidencial foi o mais votado no primeiro turno, com 48.97% dos votos válidos, teve sua casa invadida e foi preso, assim como o presidente interino Raimundo Pereira.

Depois do Comando Militar assumir o poder, a Presidência foi passada, em 11 de maio, para um governo de transição chefiado por Manuel Serifo Nhamadjo, dissidente do PAIGC e que havia conquistado apenas 15,75% dos votos no primeiro turno. Em consequência do golpe, no entanto, países como o Brasil, que tinham projetos de cooperação em andamento com a Guiné-Bissau, que inaugurou em 2011 o Centro de Formação das Forças de Segurança de João Landim, na capital Bissau, suspenderam as relações bilaterais.

Sem ajuda de outros países, a nação africana, que é altamente dependente da exploração da castanha-de-caju, se isolou e agravou ainda mais sua precária economia. O índice de desenvolvimento humano do país é um dos mais baixos do planeta, influenciados por taxas como a de analfabetismo, que assola 45% da população adulta, e de trabalho infantil, que atinge 38% das crianças guineenses, de acordo com estudo recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Além disso, há indícios de que a Guiné-Bissau tenha se tornado, nos últimos anos, centro da rota do tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa.

Apesar do histórico ruim, especialistas acreditam que o país tem potencial para se reorganizar e crescer economicamente. A Comissão de Consolidação da Paz (CCP) da ONU, presidida pelo Brasil desde janeiro, expressou entendimento de que, nestas eleições, há menos espaço de manobra para atores que pretendam interferir de modo ilegítimo no processo eleitoral, principalmente as Forças Armadas.


No discurso de posse na presidência da CCP, o embaixador Antonio Patriota disse que a posição brasileira à frente da comissão chamará a atenção da comunidade internacional para os enormes potenciais da Guiné-Bissau e as oportunidades de apoiar a estabilidade no país.

“Com recursos naturais, potencial econômico - pesca, mineração, portos -, presença de quadros qualificados, ausência de conflitos étnicos ou religiosos e de separatismos, pequena população e território bem dotado de terras agrícolas, a Guiné-Bissau precisa de relativamente poucos recursos para diversificar sua economia, fortalecer suas instituições, avançar em sua coesão social e melhorar seus indicadores sociais”,explicou.

Alguns especialistas na área internacional ouvidos pela Agência Brasil defenderam que a Guiné-Bissau também precisa realizar uma reforma no setor de segurança do país, historicamente ligado aos golpes de Estado, com definição de seu papel, formação adequada de novos agentes e aposentadoria dos mais antigos. A partir dos resultados das eleições e de um novo processo de estabilização da Guiné-Bissau, o Brasil pretende, finalmente, usar para seu fim o Centro de Formação das Forças de Segurança de João Landim, restabelecer e ampliar a cooperação bilateral com o país lusófono africano.

Em entrevista à Rádio ONU, Patriota ressaltou que o Brasil tem um “grande potencial” para cooperar com a Guiné-Bissau “sobretudo na capacitação de profissionais, porque há uma carência de gestores, de servidores do Estado”. Ele disse que o governo brasileiro também poderá apoiar na reforma e modernização do setor de defesa e segurança

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