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Mais de 700 civis morreram desde o golpe militar em Mianmar

Número de mortos por causa da repressão militar contra manifestantes ultrapassa marca de 700, diz ONG birmanesa

Mianmar: A repressão dos protestos deixou 701 mortos desde que o Exército derrubou em 1º de fevereiro o governo civil de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz em 1991 (AFP/AFP)

Mianmar: A repressão dos protestos deixou 701 mortos desde que o Exército derrubou em 1º de fevereiro o governo civil de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz em 1991 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 11 de abril de 2021 às 12h59.

A repressão das forças de segurança contra os manifestantes pró-democracia em Mianmar, que foram às ruas de novo neste domingo (11), matou mais de 700 civis desde o golpe de Estado militar, 82 deles na sexta-feira em Bago.

Em Mandalay (centro), a segunda cidade do país, uma bomba explodiu neste domingo de manhã na principal sucursal do banco Myawaddy que pertence ao Exército, ferindo um guarda de segurança, segundo a imprensa local.

O banco, o sexto do país, está submetido a um boicote desde o golpe, assim como as inúmeras empresas controladas pelos militares.

A repressão dos protestos deixou 701 mortos desde que o Exército derrubou em 1º de fevereiro o governo civil de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz em 1991 e detida atualmente em um lugar secreto, segundo a contagem da Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).
Por sua vez, a junta militar informou na sexta-feira 248 mortos.

Reação da UE

Até agora, os esforços internacionais para amenizar a violência não deram frutos. Neste domingo, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que China e Rússia estão bloqueando as tentativas do Conselho de Segurança da ONU de impor um embargo às rmas e disse que isso não é "nenhuma surpresa".

"A competição geopolítica em Mianmar tornará muito difícil encontrar um entendimento, como já vimos uma vez ou outra... mas temos o dever de tentar", disse ele em um site.

O responsável afirmou que a Europa se tornou um mercado importante para a exportação na indústria têxtil de Mianmar, e sugeiru que a UE poderia intensificar seus laços econômicos e os investimentos se o país voltar à democracia.

No entanto, a AAPP, uma ONG local, afirmou no sábado que as forças de ordem mataram no dia anterior um total de 82 opositores ao golpe na cidade de Bago, a 65 quilômetros ao nordeste de Yagon.

O escritório da ONU em Mianmar disse no sábado à noite que monitora a situação em Bago e pediu às forças de segurança para permitirem que "as equipes médicas atendam os feridos".

Os manifestantes continuaram seus protestos neste domingo, especialmente em Mandalay e em Meiktila (centro), onde universitários e seus professores foram às ruas, segundo a mídia local. Alguns levavam simbolicamente flores conhecidas como "da vitória".

Nos arredores de Okkalapa Sur, perto de Yangon, os manifestantes erguiam uma faixa que dizia: "Venceremos, ganharemos".

Uma convocação de manifestação neste domingo à noite, à luz de tochas, circulava por todo o país.
O crescente derramamento de sangue também enfureceu alguns dos cerca de 20 grupos étnicos armados de Mianmar, que controlam faixas do território, principalmente nas regiões de fronteira.

No norte, no município de Momauk, no estado de Kachin, o Exército da Independência de Kachin, um grupo étnico armado, e o exército de Mianmar se enfrentaram em intensos combates.

"Tentaram entrar na nossa área, mas nossos soldados conseguiram bloqueá-los na estrada", declarou à AFP o porta-voz do KIA, o coronel Naw Bu, que indicou que as forças armadas birmanesas responderam com bombardeios. Não forneceram nenhum saldo de mortos ou feridos.

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