. A polícia holandesa está recolhendo “informações verificadas que podem ser compartilhadas” sobre o ocorrido antes, durante e depois da partida entre Ajax e Maccabi Tel Aviv (Jack GUEZ / AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 11h43.
Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 11h44.
Ao menos 62 pessoas foram detidas e cinco ficaram feridas em Amsterdã nesta sexta-feira, 8, após vários confrontos entre manifestantes contra a guerra em Gaza e um grupo de torcedores israelenses que se deslocaram à capital holandesa para um jogo de futebol, informou à Agência EFE um porta-voz da polícia.
A polícia holandesa está recolhendo “informações verificadas que podem ser compartilhadas” sobre o ocorrido antes, durante e depois da partida entre Ajax e Maccabi Tel Aviv, realizada ontem à noite pela Liga Europa, que será detalhado hoje durante entrevista coletiva, acrescentou o porta-voz.
O recém-nomeado ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, viajará para a Holanda em uma "missão diplomática urgente" após o violento confronto. "Sa'ar se reunirá com autoridades do governo holandês, incluindo seu homólogo de Relações Exteriores", informou o gabinete do ministro.
A polícia de Amsterdã confirmou que mais de dez pessoas foram detidas por diferentes crimes, principalmente conduta desordeira, antes do início do jogo, quando várias centenas de torcedores do Maccabi se reuniram na Praça Dam. “No início havia um clima tenso, mas com o tempo foi se acalmando”, segundo o porta-voz da polícia. Por outro lado, uma manifestação autorizada pela Prefeitura contra a guerra israelense em Gaza foi registrada em uma praça da cidade localizada a um quilômetro do estádio Johan Cruijff Arena.
Este protesto incluiu um grupo de pessoas, cujo número não foi especificado, e alguns tentaram dirigir-se ao estádio, mas foram detidos pela tropa de choque, o que levou alguns manifestantes a atacarem os agentes com fogos de artifício, causando “danos auditivos” a um deles, disse a polícia em uma breve nota.
Cerca de 30 pessoas foram detidas por perturbar a ordem pública e por portar ou utilizar fogos de artifício na manifestação.
O governo israelense qualificou o incidente como “muito violento” e defendeu que os torcedores foram “emboscados e atacados” em Amsterdã após o jogo, e anunciou o envio de dois aviões de “resgate” para torcedores do Maccabi.
O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, manifestou seu repúdio ao ocorrido e disse estar “horrorizado com os ataques antissemitas contra cidadãos israelenses”, algo que descreveu como “completamente inaceitável”.
Ao longo desta sexta-feira, Sa'ar manteve contatos tanto com as autoridades holandesas como com os israelenses no país ou com os seus familiares.
A pasta de Exteriores israelense destacou que Sa'ar busca frisar nestas reuniões a necessidade de combater o "antissemitismo", bem como o "novo antissemitismo", que definiu como "atacar Israel, o direito de Israel de existir ou o direito de Israel de defender-se".
Esta última é a reivindicação habitual de Israel quando se refere à sua ofensiva na Faixa de Gaza, na qual morreram mais de 43 mil palestinos, ou à guerra no Líbano contra o Hezbollah, na qual mais de 3.000 pessoas perderam a vida.
Israel Herzog teve uma conversa por telefone com o rei Willem-Alexander, quando exigiu que tomasse as medidas necessárias para "deter a terrível onda de ódio antissemita", segundo um comunicado do seu gabinete, no qual fez um apelo aos israelenses, que assim desejarem, deixem o país.
Sa'ar disse na rede social X que tudo isso ocorreu às vésperas da Kristallnacht, quando entre 9 e 10 de novembro de 1938, membros dos esquadrões de assalto nazistas realizaram pogroms em Alemanha e Áustria contra judeus e suas propriedades.
“O novo antissemitismo centra-se em negar o direito de existência do Estado judeu e seu direito de se defender”, criticou o ministro, que se dirige à Holanda para se reunir com as autoridades após o ocorrido.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, escreveu em suas redes sociais que os torcedores do Maccabi Tel Aviv “encontraram com o antissemitismo e foram atacados com uma crueldade inimaginável apenas por causa de seu caráter judeu e israelense”.
“Isto não é apenas um dano para judeus e israelenses, mas um sinal de alerta para todos os países europeus contra a violência muçulmana radical”, escreveu, antes de dizer: “Hoje as vítimas foram os israelenses, amanhã serão vocês, os europeus”.
Também o líder da oposição, Yair Lapid, fez referência ao nazismo quando garantiu que o que aconteceu em Amsterdã lembra "os dias mais sombrios da Europa", e advertiu que estes confrontos violentos são um "alerta" sobre o aumento do antissemitismo.
Benny Gantz, líder da Unidade Nacional e principal rival do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, falou diretamente de um “pogrom” em Amsterdã. “Esta é a face do mal que o Estado de Israel luta há mais de um ano e que se espalha pelo mundo”, escreveu no X.
As autoridades israelenses defendem que o país funciona como contenção dos movimentos islâmicos pró-iranianos no Oriente Médio, bem como do próprio Irã, com sua ofensiva em Gaza e, sobretudo, no Líbano, embora o grupo xiita Hezbollah tenha iniciado seus ataques em território israelense em resposta à guerra na Faixa.
“Isto parece um pogrom organizado e planejado em Amsterdã”, escreveu outro político popular e ex-primeiro-ministro Naftali Bennet.
Por sua vez, Netanyahu descreveu esta manhã o que aconteceu como um “grave ataque antissemita” e pediu ao seu homólogo holandês, Dick Schoff, que garantisse a segurança de todos os israelenses no país.