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Mais de 200 pessoas são detidas em atos anticorrupção na Rússia

As detenções se concentraram em Moscou e São Petesburgo e ocorreram em protestos convocados pelo opositor Alexei Navalny

Rússia: protestos foram convocados pelo opositor Alexei Navalny (Anton Vaganov/Reuters)

Rússia: protestos foram convocados pelo opositor Alexei Navalny (Anton Vaganov/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de junho de 2017 às 10h23.

Última atualização em 12 de junho de 2017 às 11h31.

O opositor russo Alexei Navalny e centenas de seus partidários foram detidos nesta segunda-feira antes do início de um protesto anticorrupção não autorizado no centro de Moscou, num dia de mobilizações em todo o país.

Após uma mobilização que teve uma grande adesão em 26 de março, milhares de russos, incluindo muitos jovens, foram às ruas em dezenas de cidades, incluindo perto do Kremlin em Moscou, onde a tropa de choque tentava dispersar a multidão.

Segundo a ONG russa OVD-Info, em Moscou foram detidas 121 pessoas e em São Petersburgo 137. Outras detenções aconteceram em cidades no interior, de Vladivostok (extremo-oriente) em Norilsk (norte), passando por Sochi (sul), indicou no Twitter.

"Putin está no poder há 17 anos e não pensa em partir", denunciou Alexandre Tiurin, 41 anos, durante o protesto na rua Tverskaïa, que vai até o Kremlin.

"Ele usurpou o poder, não existe sociedade civil no país, os tribunais não funcionam, a corrupção se transformou em sistema", completou.

Alexei Navalny, que pretende disputar contra Vladimir Putin a presidência russa na eleição de março de 2018, foi detido quando saía de casa, informou sua esposa no Twitter.

"Olá, sou Yulia Navalnaya. Alexei foi detido na entrada do prédio. Pediu que informasse que nossos planos não mudaram: Tverskaya", escreveu, uma referência à rua do centro de Moscou onde está prevista a manifestação.

A polícia confirmou que deteve o opositor, que será apresentado a um juiz por violar as regras de organização de manifestações e por se recusar a obedecer as forças de ordem.

O blogueiro, cujos vídeos investigativos compartilhados nas redes sociais denunciam a corrupção das elites e oligarcas, convocou protestos em toda a Rússia para esta segunda-feira, feriado, quando o país comemora a sua independência em 1990 antes da queda da União Soviética.

"Alternância"

Em Moscou, a concentração prevista para as 11H00 GMT (8H00 de Brasília) foi autorizada ao nordeste da cidade, mas Alexei Navalny decidiu, poucas horas antes, transferir o protesto para a avenida Tverskaya, onde estavam previstas várias atividades relacionadas com o feriado.

De acordo com o opositor, a prefeitura de Moscou tentou impedir que todos os fornecedores da cidade alugassem um palanque e equipamentos de som para sua equipe.

No momento do início dos atos, Vladimir Putin entregava a estudantes no Kremlin suas carteiras de identidade.

Nos arredores do palácio presidencial, os jovens, incluindo muitos menores de idade, eram numerosos na manifestação.

"Queremos uma alternância como em todos os países normais (...) Queremos uma resposta por parte das autoridades", disse Yegor, de 16 anos, que carregava um cartaz: "A corrupção rouba o futuro", e dizia estar preparado para uma possível prisão.

"Em qualquer país, não há necessidade de uma oposição para controlar os atos de poder", insistiu Arseni, outro estudante do ensino médio de 16 anos.

O opositor número 1 do Kremlin surpreendeu em 26 de março ao levar às ruas dezenas de milhares de pessoas, incluindo muitos jovens que conheceram apenas Putin no poder, em toda a Rússia.

Esta mobilização, de escala sem precedentes em vários anos, aconteceu após a publicação pela equipe de Navalny de um vídeo acusando o primeiro-ministro Dmitri Medvedev de liderar um império imobiliário financiado pelos oligarcas.

Na ocasião, a polícia prendeu mais de 1.000 pessoas, incluindo Navalny, que passou 15 dias na prisão.

Desde então, sete pessoas foram colocadas em prisão preventiva por violência contra a polícia. Dois foram condenados a penas de prisão.

Antes das manifestações desta segunda-feira, a equipe de Alexeï Navalny e a ONG Human Rights Watch denunciaram a pressão por parte das universidades e escolas para dissuadir os jovens a protestar, por vezes com ameaças de expulsão.

No final de maio, a presidente do Senado Valentina Matvienko indicou que o Parlamento estava considerando proibir menores de idade de participar em manifestações não autorizadas, sob pena de sanções para os pais.

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