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Mais de 16.000 mortos após terremoto na Turquia e Síria; frio agrava situação

Brasil enviará ajuda humanitária e equipe de resgate para prestar assistência nas buscas por sobreviventes

Terremoto na Turquia: sobreviventes do terremoto perto de fogueira em Kahramanmaras (KADIR DEMIR, COM OMAR HAJ KADOUR EM HAREM (SÍRIA)/AFP)

Terremoto na Turquia: sobreviventes do terremoto perto de fogueira em Kahramanmaras (KADIR DEMIR, COM OMAR HAJ KADOUR EM HAREM (SÍRIA)/AFP)

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AFP

Publicado em 9 de fevereiro de 2023 às 06h38.

As temperaturas abaixo de zero agravam a situação dos sobreviventes e dificultam o trabalho desesperado das equipes de emergência na Turquia e Síria, onde o balanço do terremoto de segunda-feira, 6, superou 16.000 mortes.

Mais de 72 horas após o terremoto, o período com mais possibilidades de encontrar sobreviventes, as autoridades temem um aumento dramático do número de vítimas fatais devido ao elevado número de pessoas que, calculam, continuam presas nos escombros.

Após o choque inicial, o descontentamento é cada vez maior entre a população com a resposta das autoridades ao terremoto que, segundo admitiu o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, teve "deficiências".

Vários sobreviventes foram obrigados a procurar alimentos e refúgio por conta própria. Sem equipes de resgate em vários pontos, alguns observaram impotentes os pedidos de ajuda dos parentes bloqueados nos escombros até que suas vozes não fossem mais ouvidas.

"Meu sobrinho, minha cunhada e a irmã da minha cunhada estão nos escombros. Estão presos nas ruínas e não há sinais de vida", afirmou Semire Coban, professora de uma creche na cidade turca de Hatay.

"Não conseguimos chegar até eles. Tentamos falar com eles, mas não respondem", acrescentou.

Os socorristas continuam encontrando sobreviventes entre os escombros, mas o balanço de mortes não para de aumentar. Os números mais recentes mostram 16.035 óbitos: 12.873 na Turquia e 3.162 na Síria.

"Deficiências"

Erdogan visitou na quarta-feira duas áreas muito afetadas pelo tremor, a cidade de Kahramanmaras (epicentro do terremoto) e a região de Hatay, na fronteira com a Síria.

"Claro, há deficiências. É impossível estar preparado para um desastre como este", disse.

No dia da visita, a rede social Twitter ficou inacessível na Turquia por quase 12 horas, de acordo com correspondentes da AFP e a organização NetBlocks, que monitora a liberdade de acesso à internet.

A polícia anunciou a detenção de 18 pessoas por publicações consideradas "provocações" nas redes sociais, quase todas críticas à resposta do governo.

O frio agrava a situação. Apesar da temperatura de -5ºC, milhares de famílias em Gaziantep passaram a noite em carros ou barracas, impossibilitadas de retornar para suas casas ou com medo de voltar para os imóveis.

Os pais caminhavam pelas ruas da cidade do sudeste da Turquia com os filhos no colo, enrolados em cobertores, para tentar reduzir os efeitos do frio.

"Quando sentamos, dói. Tenho medo pelas pessoas presas nos escombros", disse Melek Halici, com a filha de dois anos coberta por uma manta.

A União Europeia prepara uma conferência de doadores em março para mobilizar ajuda internacional para Síria e Turquia.

"Estamos correndo contra o tempo para, juntos, salvar vidas", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "Ninguém deve ficar sozinho quando uma tragédia como esta atinge uma população", completou.

"Deixem a política de lado"

A questão da ajuda é delicada na Síria, país afetado pela guerra civil, com regiões sob controle dos rebeldes e um governo que tem a inimizade do Ocidente.

Os Capacetes Brancos, que lideram os esforços de resgate nas zonas rebeldes, imploraram por ajuda.

"Pedimos à comunidade internacional que assuma sua responsabilidade com as vítimas civis", declarou à AFP o porta-voz do grupo de voluntários, Mohammad al Chebli.

"É uma verdadeira corrida contra o tempo, as pessoas morrem a cada segundo nos escombros", acrescentou.

O coordenador da ONU na Síria também pediu ao governo sírio que facilite a entrega de ajuda humanitária às áreas sob controle rebelde e alertou que as reservas de emergência devem acabar em breve.

"Deixem a política de lado e nos permitam realizar nossa tarefa humanitária", disse à AFP El Mostafa Benlamlih.

O regime sírio de Bashar al Asad também pediu formalmente ajuda à União Europeia.

Uma década de guerra civil e bombardeios aéreos da Síria e da Rússia destruíram hospitais, provocaram o colapso da economia e cortes diários de energia elétrica, combustíveis e do abastecimento de água.

A Comissão Europeia pediu aos países membros que respondam de maneira favorável aos pedidos de Damasco para o envio de alimentos e remédios, mas com vigilância para impedir o desvio de material.

A União Europeia enviou rapidamente equipes de emergência para a Turquia, que também recebeu ajuda dos Estados Unidos, da China e dos países do Golfo, mas inicialmente ofereceu assistência mínima à Síria por causa das sanções contra o regime de Assad.

O Brasil enviará ajuda humanitária e equipe de resgate para prestar assistência nas buscas por sobreviventes.

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