São Paulo – Mais de um milhão de refugiados e imigrantes desembarcaram na Europa em 2015. O impressionante número foi divulgado nessa manhã pela Organização Internacional para Migração (IOM) e revela as proporções desta que é a maior crise migratória já vista no mundo desde a Segunda Guerra Mundial.
A maioria dessas pessoas que deixaram tudo para trás tentavam fugir da violência da guerra civil na Síria e da barbárie do Estado Islâmico (EI) ou da pobreza extrema em países da África e do Sudeste Asiático. Em comum, todas eram alimentadas pela esperança de uma vida melhor.
Até o dia 21 de dezembro, a organização calcula que 1.005.504 pessoas tenham chegado ao velho continente desde o início do ano. 971.289 delas realizaram suas jornadas pelo Mar Mediterrâneo, enquanto 34.215 viajaram por terra.
A Grécia se consolidou como a grande porta de entrada para essas pessoas. Só neste ano, foram recebidos 821.008 refugiados e imigrantes, 816.752 chegaram por mar e pouco mais de 4 mil por fronteiras terrestres.
Para se ter ideia do fluxo que o governo grego enfrenta, na última segunda-feira, 21 de dezembro, 4.141 pessoas desembarcaram por lá. Até agora, só em dezembro, quase 68 mil pessoas chegaram ao país.
A Itália vem logo atrás como principal destino de entrada na Europa. Ainda segundo a IOM, 150.317 refugiados e imigrantes chegaram ao país. Todas essas pessoas realizaram suas jornadas por mar.
Mortes
O número de fatalidades em 2015 superou com folga o registrado no ano passado e não faltam histórias de pessoas que perderam suas vidas pela esperança de um futuro mais seguro na Europa. Ainda de acordo com a IOM, 3.692 pessoas morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo, 400 mortes a mais que em 2014. A maioria dessas vítimas eram crianças.
Tragédias
Dois exemplos de histórias que ganharam notoriedade internacional nesse ano envolveram crianças. Em setembro, a imagem do menino Aylan rodou o mundo e se tornou um símbolo da tragédia dos refugiados. Mais que isso, serviu de alerta para autoridades acerca dos riscos e perigos que essas pessoas enfrentam na travessia do Mediterrâneo.
Aylan tinha apenas 3 anos de idade quando abandonou a Síria com seus pais, mas morreu com seu irmão de 5 anos e sua mãe depois que a embarcação na qual estavam naufragou a caminho da ilha grega de Kos. Sua família queria tentar chegar no Canadá.
Dias depois, foi um vídeo feito na Hungria que chamou a atenção pela crueldade com a qual refugiados e imigrantes eram tratados nas fronteiras terrestres. A jornalista Petra Laszló foi filmada chutando uma menina síria e, depois, dando uma rasteira em um homem sírio que carregava o filho no colo.
O homem foi mais tarde identificado como Osama Abdul Mohsen. Ele vivia com a família na cidade síria de Deir-Ezzor, onde atuava como técnico de futebol. Depois que sua história veio à tona, Mohsen e sua família conseguiram abrigo na Espanha, enquanto Petra perdeu seu emprego.
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1. Uma crise sem precedentes
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1/18 (REUTERS/Borja Suarez)
São Paulo – Nunca antes o mundo observou um número tão grande de pessoas que, seja por
guerras, pela
pobreza ou perseguição política, foram forçadas a abandonarem os seus lares e buscarem refúgio em outros países.
Estimativas recentes da Agência da
ONU para Refugiados (ACNUR) revelam que há hoje no planeta 60 milhões de pessoas nestas condições. Só no ano passado, informa a agência, 20 milhões tornaram-se refugiadas. Deste total registrado em 2014, pouco mais da metade são crianças. A Síria, país que vive uma dura, confusa e violenta guerra civil, é o local que produz o maior número de refugiados e deslocados internos: 11,5 milhões. Não faltam alertas de entidades internacionais quanto ao agravamento da situação. “Para uma era de deslocamentos em massa sem precedentes, precisamos de resposta humanitária também sem precedentes” considera a Acnur. Para a Anistia Internacional, a mobilização dos líderes globais para lidar com este problema é “um vergonhoso fracasso”. A Europa é o destino mais procurado por refugiados da África e do Oriente Médio. A forma como a maioria tenta chegar lá, contudo, não poderia ser mais perigosa: navegando pelo Mediterrâneo em embarcações precárias e muitas vezes operadas por traficantes, milhares arriscam suas vidas diariamente. Muitos morrem durante a viagem. Outros conseguem pisar em terra firme desembarcando, por exemplo, na Itália, na Espanha ou na Grécia. Ao chegar, entretanto, a situação tampouco melhora. Sem ter para onde ir e com a roupa do corpo, a maioria destas pessoas passa a viver nas ruas, esperando conseguir algum trabalho para finalmente se reerguer. No mês em que se comemora o Dia Internacional dos Refugiados, EXAME.com compilou fotos que mostram o drama diário enfrentado por estas pessoas ao desembarcarem na Europa. Confira nas imagens.
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2. Itália
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2/18 (Dan Kitwood/Getty Images)
Em Lampedusa, um refugiado do norte da África caminha por uma praia, enquanto uma turista toma sol.
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3. Itália
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3/18 (Jean-Pierre Amet / Reuters)
Um grupo de refugiados se protege com cobertores de emergência durante uma tempestade. Estas pessoas são de diferentes lugares, como Eritreia e Sudão, e haviam tentado atravessar da Itália para a França, mas não conseguiram.
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4. Itália
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4/18 (Patrick Aventurier/Getty Images)
Refugiados são fotografados nas pedras em uma praia italiana que fica na fronteira com a França. Neste local, explica a Reuters, há cerca de 200 pessoas de locais como Líbia, Sudão e Eritreia que tentavam entrar em território francês, mas tiveram sua passagem negada pelas autoridades do país.
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5. Itália
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5/18 (Eric Gaillard / Reuters)
Um refugiado se cobre com uma bandeira do Reino Unido em Saint Ludovic, fronteira entre a Itália e a França.
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6. Itália
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6/18 (Tullio M. Puglia/Getty Images)
Um caixão de uma criança refugiada é fotografado dentro do carro que o transportaria ao cemitério. A criança, conta a Reuters, morreu durante um naufrágio de uma embarcação com mais de 200 pessoas que terminou com a morte de outras 16.
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7. Espanha
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7/18 (Borja Suarez / Reuters)
Nas Ilhas Canárias, um casal de turistas observa um grupo de imigrantes na praia.
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8. Espanha
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8/18 (Alexander Koerner/Getty Images)
No enclave espanhol de Melilha, norte da África, uma autoridade da fronteira ajuda um homem desidratado que tentava atravessar deixar o Marrocos. Todos os dias, dezenas de africanos tentam pular esta cerca divisória em busca de melhores condições de vida.
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9. Espanha
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9/18 (Jose Palazon / Reuters)
Golfistas observam refugiados africanos que tentavam pular a cerca entre o enclave espanhol de Melilha e o Marrocos.
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10. Espanha
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10/18 (Juan Medina / Reuters)
Nas Ilhas Canárias, um refugiado rasteja na praia e é observado por um grupo de turistas ao fundo.
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11. Grécia
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11/18 (Dan Kitwood/Getty Images)
Uma turista observa a chegada de homens na praia da Ilha de Kos.
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12. Grécia
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12/18 (Dan Kitwood/Getty Images)
Dezenas de refugiados se misturam aos turistas na Ilha de Kos, Grécia. A maioria destes refugiados chega ao país pela Turquia.
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13. Grécia
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13/18 (Dan Kitwood/Getty Images)
Refugiados paquistaneses chegam na Ilha de Kos depois de deixarem a Turquia. Apenas em 2015, 30 mil pessoas desembarcaram no país.
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14. Grécia
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14/18 (Dan Kitwood/Getty Images)
Refugiados paquistaneses chegam na Ilha de Kos depois de deixarem a Turquia. Apenas em 2015, 30 mil pessoas desembarcaram no país.
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15. Grécia
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15/18 (Dan Kitwood/Getty Images)
Refugiados são fotografados em uma fila do lado de fora de uma delegacia na esperança de conseguir documentação que permitam que sigam viagem na Europa. De acordo com a Reuters, a Ilha de Kos, um dos locais que mais recebeu imigrantes, registrou uma queda no número de turistas por conta desta crise.
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16. Grécia
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16/18 (Ognen Teofilovski / Reuters)
Imigrantes sírios caminham nos trilhos entre a Macedônia e a Grécia.
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17. Hungria
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17/18 (Bernadett Szabo / Reuters)
Uma menina afegã é fotografada no meio de uma estrada entre a Hungria e a Sérvia. Apenas em 2015, o território húngaro recebeu mais de 60 mil refugiados, que entraram no país ilegalmente. Para conter esta onda, país planeja construir um muro de 4 metros de altura em toda a sua fronteira.
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18. Agora conheça as dimensões da crise mundial de refugiados
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18/18 (Massimo Sestini/World Press Photo/Handout via Reuters)