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Maioria das mulheres de Papua-Nova Guiné sofre abusos

Mais de dois milhões de mulheres já sofreram abusos físicos ou sexuais, segundo relatório de ONG australiana


	Mulheres protestam contra a violência sexual na Austrália: na Papua-Nova Guiné, muitas mulheres são perseguidas acusadas de bruxaria
 (Greg Wood/AFP)

Mulheres protestam contra a violência sexual na Austrália: na Papua-Nova Guiné, muitas mulheres são perseguidas acusadas de bruxaria (Greg Wood/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2013 às 10h53.

Sidney - Mais de 2 milhões de mulheres de Papua-Nova Guiné, dois terços da população feminina do país, já sofreu abusos físicos ou sexuais, segundo um relatório publicado nesta terça-feira por uma ONG australiana.

Apesar de o governo local ter começado no início do ano uma campanha para conscientizar as autoridades locais contra a violência às mulheres, a polícia continua ignorando o problema, denuncia em comunicado a organização "ChildFund Australia".

"É terrível o nível de inação diante desses atos de violência. Apesar das recentes declarações do primeiro-ministro, que são bem-vindas, há muitas coisas que o governo deveria fazer para melhorar seus esforços e levar a sério essa questão", disse Nigel Spence, diretor do grupo, ao canal "ABC".

O relatório, intitulado "Chega de violência contra mulheres e crianças na Papua-Nova Guiné", aponta que atualmente não há programas suficientes trabalhando na reeducação dos homens, principais autores dos crimes.

"Temos que começar a tentar mudar as atitudes entre os homens. Isso não é uma tarefa fácil, certamente (...). Temos que apoiar seus esforços e realizar programas de educação nas comunidades para informar sobre as consequências devastadoras de suas ações", disse Spence.

Na Papua-Nova Guiné, país com população propensa à superstição e a fazer "justiça"com as próprias mãos, muitas mulheres são perseguidas acusadas de bruxaria.

Nesses atos de brutalidade contra as mulheres frequentemente são usadas facas e machados para torturar as vítimas após o estupro.

Os atos de violência não param na mulher: os filhos também são afetados. "Pelo menos 60% das crianças cujas mães foram maltratadas também foram agredidas", diz Monica Richards, que dirige um abrigo para mulheres em Port Moresby, capital do país.

O relatório também ressalta que os altos preços do transporte público no país, onde 37% da população vive abaixo linha da pobreza, dificultam o acesso das mulheres que vivem em zonas rurais a um atendimento médico adequado.

Segundo os dados do último censo, atualmente vivem em Papua 3,138 milhões mulheres, que representam 47% da população.

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