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Máfia chinesa é afetada por protestos em Hong Kong

Imagens de mascarados atacando manifestantes, dias após a explosão dos protestos por mais democracia em Hong Kong, mostraram que a máfia continua ativa


	Manifestante pró-democracia durante protestos: negócio administrado pelas máfias ou tríades chinesas foi afetado
 (Carlos Barria/Reuters)

Manifestante pró-democracia durante protestos: negócio administrado pelas máfias ou tríades chinesas foi afetado (Carlos Barria/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2014 às 09h24.

Hong Kong - As imagens de homens mascarados atacando manifestantes dias depois da explosão dos protestos a favor de mais liberdade democrática em Hong Kong, em 28 de setembro, deixaram claro que a máfia local continua ativa.

À medida que milhares de manifestantes pró-democracia se amontoavam nos principais distritos comerciais e de negócios de Hong Kong, bloqueando avenidas e obrigando as lojas a fechar, o negócio administrado pelas máfias ou tríades chinesas foi afetado.

O caos vivido em 3 e 4 de outubro no bairro operário de Mong Kok, onde manifestantes e opositores se enfrentaram durante horas, acabou com a detenção de 47 pessoas, das quais pelo menos oito tinham relações com as tríades, informaram fontes policiais.

"O governo e a Polícia permitiram a tríades e pistoleiros que usam a violência atacar manifestantes pacíficos," escreveu a Federação de Estudantes de Hong Kong, um dos organizadores das mobilizações civis nos dias posteriores.

Sua acusação, acompanhada de denúncias de manifestantes e de uma gravação na qual era possível escutar uma pessoa receber dinheiro para boicotar os protestos democráticos, levaram a polícia a deslocar cerca de 300 agentes para averiguar as intenções com as quais as tríades tinham entrado em cena.

Os investigadores também queriam comprovar se as tríades estavam tentando pôr fim aos protestos, que tinham prejudicado seus negócios, ou se tinham recebido dinheiro para jogar mais lenha na fogueira.

Apesar dos militantes pro-democráticos acusarem as tríades de se envolver nos assuntos políticos da cidade, alguns observadores consideram que sua principal motivação é o dinheiro.

Poder e dinheiro sempre estiveram presentes desde a criação da primeira tríade, uma sociedade secreta patriótica formada no século XVII para derrubar a dinastia Qing, que foi fundada pelos invasores manchus para conseguir a volta ao poder dos Ming.

No começo do século XIX, esta sociedade se desintegrou em grupos que começaram a operar de maneira independente em toda a China.

O papel das tríades de Hong Kong se generalizou entre as décadas dos anos 60 e 70, quando os protestos populares contra a corrupção na Polícia obrigou a criação da Comissão Independente contra a Corrupção em 1974, um organismo que forçou uma legislação que obrigou algumas máfias a emigrar rumo ao sul da China.

"Com a chegada da cessão da colônia britânica à China, em 1997, as tríades de Hong Kong enfrentaram uma maior concorrência", explicou à Agência Efe Sharon Kwok, uma pesquisadora especialista em tríades da Universidade de Hong Kong.

"As organizações da parte continental estavam melhor organizadas e contavam com mais poder na região, o que está acontecendo agora é que as tríades estão mais desorganizadas, há menos coesão que antes", disse Kwok.

Entre as mais poderosas se encontram três, Wo Shing Wo, 14K e Sun Yee On, com presença em Hong Kong, no sul China e no exterior.

Segundo dados da polícia de Hong Kong, foram registradas cerca de duas mil denúncias de delitos relacionados com as tríades em 2013 e 2.844 pessoas detidas.

As tríades, que inicialmente se dedicavam ao tráfico de drogas, prostituição e extorsão, evoluíram seus negócios rumo ao contrabando e à falsificação de mercadorias, como roupa, relógios, música, vídeo e aplicativos de informática, enquanto as mais poderosas também começaram a investir em Hong Kong no setor imobiliário e finanças.

Hoje em dia acredita-se que estes agrupamentos controlam setores do jogo local, empresas de ônibus e comércios ambulantes, todos eles afetados pelas manifestações pro-democráticas que completaram 50 dias.

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