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Maduro retém jornalistas estrangeiros; hoje eles devem deixar a Venezuela

"Eu perguntei se ele era um presidente ou um ditador, porque milhões de venezuelanos não o consideram um presidente legítimo", disse Jorge Ramos

Jorge Ramos: o jornalista mexicano, que foi retido pelo governo Maduro. Ele também protagonizou episódio no qual contrariou o presidente americano Donald Trump (-/AFP)

Jorge Ramos: o jornalista mexicano, que foi retido pelo governo Maduro. Ele também protagonizou episódio no qual contrariou o presidente americano Donald Trump (-/AFP)

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AFP

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 07h46.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 07h48.

O jornalista Jorge Ramos e uma equipe da Univisión, um dos principais canais hispânicos dos Estados Unidos, deixarão a Venezuela nesta terça-feira, após uma retenção de mais de duas horas na sede da presidência em meio a uma entrevista em Caracas com o presidente Nicolás Maduro.

"Esperamos na terça-feira poder partir ao meio-dia rumo à cidade de Miami", Estados Unidos, disse Ramos a agências internacionais de notícias, incluindo a AFP, antes de garantir que tinha todas as autorizações para fazer o trabalho jornalístico.

Ramos, apresentador da Univisión, explicou que estava entrevistando Maduro quando mostrou um vídeo de jovens que comiam do lixo. Neste momento, o presidente "interrompeu a entrevista e saiu".

"Eu perguntei se ele era um presidente ou um ditador, porque milhões de venezuelanos não o consideram um presidente legítimo, sobre as acusações de Juan Guaidó (líder opositor reconhecido como presidente encarregado por 50 países) de que ele era um usurpador do poder", disse Ramos.

"Ficamos detidos, não há outra palavra, por mais de duas horas no palácio de Miraflores", completou o jornalista, que estava com uma equipe de seis pessoas.

Após o incidente, os jornalistas retornaram para o hotel em Caracas.

"Imaginem se isto acontece com correspondentes estrangeiros, o que acontece com os venezuelanos?", disse o mexicano Ramos em entrevista por telefone com a Univisión depois que ele e sua equipe foram liberados à noite.
Pouco antes, a emissora tinha reportado que "a equipe da Univisión Noticias, encabeçada por Jorge Ramos, foi liberada após ter sido retida por quase três horas no Palácio de Miraflores desde a tarde desta segunda-feira por ordem de Nicolás Maduro".

A TV indicou que Maduro "se irritou com as perguntas de uma entrevista e determinou deter a gravação, apreender os equipamentos e reter os seis jornalistas". Os jornalistas esperam a devolução da câmeras, cartões de memória e celulares, indicou Ramos.

Ramos, que já protagonizou um bate-boca com o presidente americano, Donald Trump, contou que o ministro da Comunicação venezuelano, Jorge Rodríguez lhes disse durante a entrevista que a mesma não estava autorizada.
"Esta é uma violação total à liberdade de expressão, uma violação aos direitos humanos; eles acreditam que a entrevista é deles, não nossa", prosseguiu.

O Departamento de Estado informou que recebeu a notificação de que Ramos e sua equipe estavam retidos contra sua vontade no Palácio de Miraflores. "Insistimos em sua libertação imediata; o mundo está de olho", reagiu o Departamento de Estado no Twitter. Guaidó também criticou o episódio no Twitter.

"Condenamos os atos violentos do usurpador com o jornalista @jorgeramosnews e sua equipe da Univisión. O desespero do usurpador é cada dia mais evidente, não conseguiu responder as perguntas", escreveu Guaidó.

O senador Marco Rubio, defensor nos Estados Unidos da oposição venezuelana, repudiou o fato no Twitter dizendo que "este é um regime arrogante que se sente invulnerável e agora age com total impunidade".

A presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), María Elvira Domínguez, disse que esta ação "equivale a um sequestro".

 

 

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