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Maduro pede paz e critica a imprensa internacional no NYT

Presidente venezuelano assegurou que agora é a hora "para o diálogo e a diplomacia", e acrescentou que seu governo estendeu uma mão à oposição para negociar


	O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: na coluna de opinião, ele oferece sua versão sobre protestos em seu país
 (AFP)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: na coluna de opinião, ele oferece sua versão sobre protestos em seu país (AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2014 às 19h35.

Nova York - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez uma chamada "à paz e ao diálogo" nesta quarta-feira nas páginas do jornal "The New York Times", nas quais acusa a imprensa internacional de "distorcer" a realidade de seu país.

"A Venezuela necessita de paz e diálogo para avançar. Damos as boas-vindas a qualquer um que deseje nos ajudar sinceramente para alcançar estes objetivos", afirmou Maduro em uma coluna de opinião no jornal americano.

Neste sentido, o presidente venezuelano assegurou que agora é a hora "para o diálogo e a diplomacia", e acrescentou que seu governo estendeu uma mão à oposição para negociar, seguindo as recomendações da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Maduro lembrou também que seu governo se pôs em contato com o presidente americano, Barack Obama, para expressar seu desejo de voltar a trocar embaixadores, "e esperamos que sua Administração responda".

Na coluna de opinião, oferece sua versão sobre os protestos em seu país para reivindicar soluções a problemas como a insegurança e o desabastecimento, aos quais seu governo respondeu com a detenção de dirigentes opositores.

O líder venezuelano aproveita também as páginas do jornal nova-iorquino para renovar suas críticas à imprensa estrangeira, à qual acusa de "distorcer" a realidade de seu país "e os fatos que rodearam os eventos".

"Nos EUA, os manifestantes foram descritos como "pacíficos" e se disse que o governo venezuelano os reprimiu violentamente. Segundo esta versão, o governo americano se posiciona do lado do povo da Venezuela", escreveu Maduro.

"Na realidade, está do lado do 1% que deseja arrastar o país ao passado, quando 99% da população estava afastada da vida política e só uns poucos, incluídas as empresas americanas, se beneficiavam do petróleo da Venezuela", acrescentou.


"Espero que o povo americano, ao conhecer a verdade, decida que a Venezuela e sua gente não merecem esse castigo e que peçam a seus representantes que não imponham sanções", continuou o sucessor de Hugo Chávez.

Segundo o presidente venezuelano, nos últimos dois meses foram registradas pelo menos 36 mortes durante os protestos em seu país. "Os manifestantes são, acreditamos, diretamente responsáveis por metade delas", afirmou.

"Seis membros da Guarda Nacional foram atingidos e assassinados; outros cidadãos perderam a vida enquanto tentavam tirar obstáculos colocados pelos manifestantes para bloquear o tráfego", denunciou Maduro.

O presidente, que acusa os opositores de atacar clínicas, queimar universidades e lançar pedras e coquetéis molotov, avaliou em "vários milhões de dólares" os danos de protestos que, segundo diz, não são apoiados pelos "bairros de classe pobre e trabalhadora".

Por outro lado, Maduro reconheceu que um "número pequeno" de membros das forças de segurança foram acusados de participar de atos violentos nos quais morreram "várias pessoas", ao que seu governo respondeu com as detenções dos suspeitos.

Em relação aos Estados Unidos, Maduro lembrou que esse país apoiou o golpe de Estado de 2002 contra o então presidente Chávez, e acusa a atual Administração Obama de gastar "pelo menos US$ 5 milhões anuais" para apoiar à oposição.

Por último, denunciou que o "único objetivo" dos manifestantes é "derrubar de maneira inconstitucional um governo democraticamente eleito", e acusou os líderes opositores de promover ações para "criar caos nas ruas" do país.

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