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Maduro pede alívio da dívida de países pobres

O presidente venezuelano lembrou que o grupo de nações que compõem o G20 pactuou, em meados do ano passado, a suspensão dos pagamentos da dívida dos países mais pobres

Venezuela: Maduro também repudiou as sanções dos EUA contra o governo venezuelano (Carlos Barria/Getty Images)

Venezuela: Maduro também repudiou as sanções dos EUA contra o governo venezuelano (Carlos Barria/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de março de 2021 às 10h29.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta segunda-feira, 29, um "alívio" na dívida externa dos países em desenvolvimento como forma de ajudá-los a combater a pandemia de covid-19 e reativar suas economias. No domingo, sem dar muitos detalhes sobre sua ideia, ele propôs pagar vacinas contra o coronavírus com petróleo.

Durante participação na reunião virtual sobre Arquitetura da Dívida Internacional e Liquidez, organizada pelas Nações Unidas, o presidente venezuelano lembrou que o grupo de nações que compõem as 20 maiores economias do mundo (G-20) pactuou, em meados do ano passado, a suspensão dos pagamentos da dívida dos países mais pobres.

"Entretanto, a relutância dos credores privados em aderir a esta política significava que esta iniciativa tinha um escopo muito limitado. Aqui na Venezuela pedimos que seja reforçado este tipo de iniciativa, fortalecendo a participação global de todos os agentes, a fim de aliviar a dívida dos países em desenvolvimento", acrescentou.

Maduro também disse que, em vez de uma suspensão temporária, os países em desenvolvimento precisam "de uma reestruturação abrangente" da dívida, "sem que isso signifique a cessão de sua soberania".

"A covid-19 não será superada nos países ricos até que todos os países do mundo a tenham superado; o mesmo acontecerá no aspecto econômico (...) e isso nos obriga a uma profunda revisão das condições da dívida", argumentou.

Maduro também repudiou as sanções dos EUA contra o governo venezuelano e acusou o país de ser responsável pela perda de 99% da renda da Venezuela. "Estas medidas, em violação ao direito internacional, são progressivas, sistemáticas e afetam indiscriminadamente toda a população venezuelana, constituindo um flagrante ataque contra a humanidade", alegou.

No domingo, o presidente propôs pagar vacinas contra o coronavírus com petróleo, mas deu poucos detalhes de como o esquema funcionaria. As exportações de petróleo cru da Venezuela estão em seu menor nível em décadas, desde que Washington impôs sanções à estatal PDVSA, em 2019, cortando as vendas do produto aos EUA e dissuadindo outros clientes de comprá-lo.

Maduro disse que a Venezuela está trabalhando para pagar as vacinas do mecanismo Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS) - que fornece acesso a vacina para países pobres -, tanto pelos fundos venezuelanos congelados em contas do exterior, em razão de sanções, quanto por meio de carregamentos de petróleo.

"A Venezuela tem os navios-petroleiros e tem os clientes que comprarão nosso petróleo", disse Maduro, em pronunciamento televisionado no domingo. "Estamos prontos e preparados para (trocar) petróleo por vacinas, mas não imploraremos a ninguém."

A Venezuela recebe doses de vacina de Rússia e China. Na semana passada, o governo disse que não aceitaria a vacina da AstraZeneca, uma das principais distribuídas pelo Covax na América Latina. (Com agências internacionais).

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