Maduro obrigado a encarar insegurança na Venezuela
Desde que oficializou sua candidatura em 11 de março, Maduro planeja "libertar" a Venezuela da "violência e da criminalidade", que considera heranças do capitalismo
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2013 às 19h31.
Sem o carisma que protegia Hugo Chávez das falhas de sua gestão, o presidente interino Nicolás Maduro precisa encarar o problema da insegurança na Venezuela e promete devolver a paz se for eleito em 14 de abril, apesar do aumento contínuo dos homicídios nos 14 anos de chavismo.
Desde que oficializou sua candidatura em 11 de março, Maduro planeja "libertar" a Venezuela da "violência e da criminalidade", que considera heranças do capitalismo - como fazia Chávez-, e tornar-se "o presidente da segurança e da paz".
"Em 15 de abril eu assumi a questão da vida, do combate ao crime, como o tema principal, central, e foco de tudo o que faremos", prometeu nesta segunda-feira ao propor a criação de um plano de trabalho para os 79 municípios com maior nível de criminalidade.
Maduro abordou de frente um problema que o falecido presidente raramente mencionava durante suas campanhas eleitorais.
O governo admitiu este mês que em 2012 o número de homicídios neste país com cerca de 29 milhões de habitantes chegou a 16.000, quase 14% a mais que no ano anterior, o que elevou a taxa de homicídios de 48 para 54 a cada 100.000, um recorde para a América do Sul.
De acordo com o Observatório Venezuelano da Violência (OVV), em 1998, quando Chávez venceu pela primeira vez as eleições, foram registrados 4.500 assassinatos.
O cientista político Angel Alvarez considera que Maduro, presidente interino após a morte de Chávez em 5 de março, "será obrigado" a combater a insegurança, porque não tem o "carisma enorme" que permitiu o falecido presidente "manter a alta popularidade ao longo de seus mandatos", embora 80% dos venezuelanos acredite que a violência seja o principal problema do país.
"Chávez conseguiu que uma questão dramática não o afetasse politicamente, por sua força pessoal e conexão" com os pobres, os mais afetados pela criminalidade, indicou o sociólogo e diretor do OVV, Roberto Briceño.
Chávez lançou mais de 20 programas de combate à criminalidade antes das eleições de outubro do ano passado, quando foi reeleito.
No entanto, Alvarez e Briceño criticam a "ineficácia" destes planos, muitos dos quais não chegaram a ser "aplicados de forma mais profunda".
Nos últimos dias, Maduro, que enfrentará nas próximas eleições o líder opositor Henrique Capriles -governador do estado de Miranda (norte)-, planejou entrar nas favelas para convidar os jovens a se desarmarem e criou um "Movimento para a Paz e a Vida", com o apoio de artistas e atletas venezuelanos.
Durante a criação do movimento, o presidente do Parlamento e líder oficialista, Diosdado Cabello, anunciou que uma lei de desarmamento entrará em vigor em breve para fortalecer o monopólio do Estado sobre a venda de armas e estabelecer sanções contra os policiais envolvidos no tráfico de armas, entre outras medidas.
O analista Nicmer Evans considera que Maduro deve "se comprometer a resolver um problema como não pôde fazer em vida o presidente Chávez".
"Ninguém acredita que Nicolás resolverá o problema da insegurança", criticou Capriles em um de seus comícios.
O governador, cujo estado registrou o maior número de homicídios em 2012, criticou que o governo afirma "que a violência está em um só estado do país."
Evans, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), recordou que as críticas pela "insegurança tem sido a bandeira fundamental da oposição por 14 anos para convencer as pessoas a não votarem em Chávez e nunca conseguiu".
No entanto, Alvarez, também professor da UCV, duvida da estratégia eleitoral de Maduro, "porque de alguma maneira está reconhecendo uma falha de 14 anos de governo" de seu mentor.
Enquanto isso, Briceño alertou que os venezuelanos querem "medidas de segurança mais eficientes, mais reais e mais duras" diante da grande impunidade.
Briceño explica que a violência se generalizou na Venezuela devido ao alto nível de impunidade, superior a 90%, segundo dados de seu Observatório, o que obriga os venezuelanos a "fazer justiça com as próprias mãos".
Um problema estrutural que se arrasta há décadas, a violência na Venezuela se concentra nas zonas urbanas, principalmente nas favelas que se formaram nas periferias de Caracas nos anos 1960, com a chegada de famílias do interior em busca de uma vida melhor, que em muitos casos não encontraram.
Nestas zonas, o controle do Estado é escasso e grupos armados impõem sua lei.
Sem o carisma que protegia Hugo Chávez das falhas de sua gestão, o presidente interino Nicolás Maduro precisa encarar o problema da insegurança na Venezuela e promete devolver a paz se for eleito em 14 de abril, apesar do aumento contínuo dos homicídios nos 14 anos de chavismo.
Desde que oficializou sua candidatura em 11 de março, Maduro planeja "libertar" a Venezuela da "violência e da criminalidade", que considera heranças do capitalismo - como fazia Chávez-, e tornar-se "o presidente da segurança e da paz".
"Em 15 de abril eu assumi a questão da vida, do combate ao crime, como o tema principal, central, e foco de tudo o que faremos", prometeu nesta segunda-feira ao propor a criação de um plano de trabalho para os 79 municípios com maior nível de criminalidade.
Maduro abordou de frente um problema que o falecido presidente raramente mencionava durante suas campanhas eleitorais.
O governo admitiu este mês que em 2012 o número de homicídios neste país com cerca de 29 milhões de habitantes chegou a 16.000, quase 14% a mais que no ano anterior, o que elevou a taxa de homicídios de 48 para 54 a cada 100.000, um recorde para a América do Sul.
De acordo com o Observatório Venezuelano da Violência (OVV), em 1998, quando Chávez venceu pela primeira vez as eleições, foram registrados 4.500 assassinatos.
O cientista político Angel Alvarez considera que Maduro, presidente interino após a morte de Chávez em 5 de março, "será obrigado" a combater a insegurança, porque não tem o "carisma enorme" que permitiu o falecido presidente "manter a alta popularidade ao longo de seus mandatos", embora 80% dos venezuelanos acredite que a violência seja o principal problema do país.
"Chávez conseguiu que uma questão dramática não o afetasse politicamente, por sua força pessoal e conexão" com os pobres, os mais afetados pela criminalidade, indicou o sociólogo e diretor do OVV, Roberto Briceño.
Chávez lançou mais de 20 programas de combate à criminalidade antes das eleições de outubro do ano passado, quando foi reeleito.
No entanto, Alvarez e Briceño criticam a "ineficácia" destes planos, muitos dos quais não chegaram a ser "aplicados de forma mais profunda".
Nos últimos dias, Maduro, que enfrentará nas próximas eleições o líder opositor Henrique Capriles -governador do estado de Miranda (norte)-, planejou entrar nas favelas para convidar os jovens a se desarmarem e criou um "Movimento para a Paz e a Vida", com o apoio de artistas e atletas venezuelanos.
Durante a criação do movimento, o presidente do Parlamento e líder oficialista, Diosdado Cabello, anunciou que uma lei de desarmamento entrará em vigor em breve para fortalecer o monopólio do Estado sobre a venda de armas e estabelecer sanções contra os policiais envolvidos no tráfico de armas, entre outras medidas.
O analista Nicmer Evans considera que Maduro deve "se comprometer a resolver um problema como não pôde fazer em vida o presidente Chávez".
"Ninguém acredita que Nicolás resolverá o problema da insegurança", criticou Capriles em um de seus comícios.
O governador, cujo estado registrou o maior número de homicídios em 2012, criticou que o governo afirma "que a violência está em um só estado do país."
Evans, professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), recordou que as críticas pela "insegurança tem sido a bandeira fundamental da oposição por 14 anos para convencer as pessoas a não votarem em Chávez e nunca conseguiu".
No entanto, Alvarez, também professor da UCV, duvida da estratégia eleitoral de Maduro, "porque de alguma maneira está reconhecendo uma falha de 14 anos de governo" de seu mentor.
Enquanto isso, Briceño alertou que os venezuelanos querem "medidas de segurança mais eficientes, mais reais e mais duras" diante da grande impunidade.
Briceño explica que a violência se generalizou na Venezuela devido ao alto nível de impunidade, superior a 90%, segundo dados de seu Observatório, o que obriga os venezuelanos a "fazer justiça com as próprias mãos".
Um problema estrutural que se arrasta há décadas, a violência na Venezuela se concentra nas zonas urbanas, principalmente nas favelas que se formaram nas periferias de Caracas nos anos 1960, com a chegada de famílias do interior em busca de uma vida melhor, que em muitos casos não encontraram.
Nestas zonas, o controle do Estado é escasso e grupos armados impõem sua lei.