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Macron diz que acordo UE-Mercosul 'não pode ser assinado'

Ele afirmou que a França fará oposição a qualquer tentativa de forçar a adoção do pacto comercial com o bloco sul-americano

Emmanuel Macron: 'consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado' (Ludovic MARIN/AFP)

Emmanuel Macron: 'consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado' (Ludovic MARIN/AFP)

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 09h16.

O presidente francês, Emmanuel Macron, advertiu nesta quinta-feira, 18, que a França não vai apoiar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul sem outras salvaguardas para seus agricultores.

Ele afirmou que a França fará oposição a qualquer "tentativa de forçar" a adoção do pacto comercial com o bloco sul-americano.

"Quero dizer aos nossos agricultores, que manifestam claramente a posição francesa desde o início: consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado", declarou Macron à imprensa antes de uma reunião de cúpula da UE.

Conselho amplia salvaguardas para tentar aprovar acordo

No fim da noite de quarta-feira, 17, autoridades europeias concordaram em reforçar ainda mais as salvaguardas para proteger os mercados do possível excesso de importações, em uma tentativa de convencer países ainda resistentes a aprovar o acordo comercial com o Mercosul.

O tratado é debatido em uma reunião do Conselho Europeu que começou nesta quinta-feira, 18, pela manhã. O tema, no entanto, não está na pauta oficial do evento, que pode ser prorrogado até sexta. Assim, a votação é considerada incerta.

O acordo, negociado desde 1999, precisa ser aprovado pela maioria dos países europeus para entrar em vigor, e um bloco liderado por França e Itália defenderam um adiamento da votação.

As salvaguardas determinam que, caso a importação de um determinado produto esteja subindo muito ou os preços caiam além do ideal, poderá ser aberta uma investigação pela União Europeia, que pode rever a retirada da tarifa ou aplicar outras medidas.

Entre as mudanças, segundo comunicado do Conselho Europeu, está a criação de um mecanismo de resposta mais rápido. Em casos considerados sensíveis, a investigação terá de ser realizada em até 21 dias. Nos demais casos, em quatro meses.

Por outro lado, o percentual que dispara as salvaguardas passou de 5% para 8%. A proteção poderá ser acionada se um produto tiver 8% ou mais de aumento no volume de importação ou uma queda de 8% ou mais no preço do item importado, comparado à média dos últimos três anos.

Na terça-feira, 16, o Parlamento Europeu já havia aprovado um pacote de salvaguardas, que agora foi ampliado. A mudança foi feita em acordo entre o parlamento, que reúne os eurodeputados, e o Conselho, formado pelos chefes de governo dos países do bloco.

A UE também se comprometeu a monitorar os preços e aumentos de importação de forma mais ativa, para buscar distorções. Além disso, as frutas cítricas foram incluídas na lista de produtos com monitoramento prioritário.

A lista de produtos sensíveis inclui, também, carne bovina, suína e de frango, queijo, arroz, açúcar, ovos, mel, rum, cachaça, millho verde, alho, etanol e biodiesel, entre outros.

"Com esta e outras medidas, grandes esforços têm sido feitos para resolver as preocupações e pavimentar o caminho para aprovar o crucial acordo UE-Mercosul. É vital que a UE diversifique nosso comércio e parcerias estratégicas em tempos como estes", disse Lars Rasmussen, ministro das Relações Exteriores da Dinamarca.

*Com informações da AFP

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