Macri busca apoio de jovens eleitores com incentivo a cortes de impostos
Em desvantagem nas pesquisas eleitorais, presidente argentino anunciou proposta de incentivo fiscal que promete aumentar emprego
Reuters
Publicado em 7 de outubro de 2019 às 19h35.
Última atualização em 7 de outubro de 2019 às 19h39.
Buenos Aires — O presidente argentino, Mauricio Macri , anunciou nesta segunda-feira (7) uma proposta de incentivo fiscal que visa aumentar emprego entre jovens, numa tentativa de ganhar terreno com um eleitorado que contribuiu para sua performance fraca na primária de agosto.
Na fase final de sua campanha à reeleição, Macri disse em uma série de tuítes que vai propor uma isenção de impostos de 100% por um ano a empregadores que contratam trabalhadores com idades entre 17 e 24 anos que estão buscando seus primeiros empregos, ou que têm menos de um ano de experiência de trabalho.
Os empregadores receberiam um corte de 75% nos impostos no segundo ano, como parte do incentivo para contratar jovens.
"Os jovens na Argentina enfrentam muitas barreiras para conseguir o primeiro emprego. Reduziremos os impostos para facilitar o acesso ao trabalho de qualidade", afirmou Macri no Twitter.
Ele não deu mais detalhes sobre como a redução de impostos seria aplicada aos empregadores, mas um comunicado enviado pela coalizão de Macri informou que uma empresa que contrata um jovem trabalhador que ganha 35.000 pesos mensais receberia um incentivo fiscal de 5.500 pesos por mês.
A proposta de Macri, cujos eleitores geralmente ultrapassam os 50 anos de idade, sinaliza uma tentativa de atingir um importante bloco eleitoral apenas 20 dias antes da eleição, para a qual ele não é apontado como favorito.
Macri lançou um plano para enfrentar a fome na Argentina, país produtor de alimentos onde a pobreza alcança 35,4% da população.
"Não é possível que no país do trigo, no país das vacas, (o preço) do pão e do leite não parem de subir e eles estejam em falta na mesa dos argentinos. O que é preciso 'reperfilar' primeiro são os preços da cesta de alimentos, para que todos tenham acesso a ela", disse Fernández, candidato presidencial pelo peronismo de centro-esquerda.
O governo do liberal Mauricio Macri, que tenta se reeleger, pediu em setembro negociações para reperfilar (adiar os prazos de pagamentos) a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que lhe concedeu, em 2018, um empréstimo de US$ 57 bilhões em troca de um programa de forte ajuste fiscal.
"Temos que ter vergonha. Dizemos ser o país que produz alimentos para 400 milhões de pessoas e não podemos alimentar 15 milhões de pessoas que estão em situação de pobreza", afirmou Fernández ao apresentar o programa Argentina contra a fome, que ele prometeu lançar se for eleito.
Em um ato no jardim da faculdade de agronomia da Universidade de Buenos Aires, Fernández propôs unir Estado, empresas e organização da economia popular em um conselho federal, com o objetivo de reduzir os preços da cesta básica, aplicar uma política alimentar para todo o país e implementar um cartão para setores vulneráveis.
Impulsionada pela forte desvalorização do peso e inflação fora de controle, estimada em 55% este ano, a cesta de alimentos é avaliada em cerca de 14.000 pesos (US$ 234) para uma família de cinco, 59% a mais do que em agosto de 2018 - um percentual muito superior ao aumento dos salários.
O chefe da Coordenadoria das Indústrias de Produtos Alimentícios (COPAL), Daniel Funes de Rioja, antecipou que as empresas do setor acompanharão a iniciativa e poderão colaborar com a doação de 1% de sua produção.
(Com Reuters e AFP)