Maio: candidato do M5S recebeu 32% dos votos dos italianos nas últimas eleições (Ciro De Luca/Reuters)
EFE
Publicado em 27 de março de 2018 às 18h15.
O líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S), Luigi di Maio, reivindicou nesta terça-feira ser o primeiro-ministro da Itália por comandar o partido mais votado das últimas eleições, enquanto o secretário da Liga Norte (LN), Matteo Salvini, rejeitou imposições a respeito do assunto.
"Como dissemos durante a campanha eleitoral, acabou a época dos governos não votados por ninguém. O primeiro-ministro deve ser a expressão da vontade popular", escreveu Di Maio em seu blog.
O candidato do M5S defendeu presidir o próximo governo por ter sido a vontade de mais de 32% dos italianos, contra 17% que votaram em e 14% que optaram pelo candidato do Forza Itália, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani. O até então governante Partido Democrático (PD) recebeu cerca de do 18,8% dos votos.
"Não me obstino por uma questão pessoal, mas de credibilidade da democracia. É a vontade popular que conta e farei de tudo para que seja atendida", comentou Di Maio.
O político anunciou que se reunirá com os dirigentes dos partidos para ver quais estariam dispostos a apoiá-lo, antes que o chefe do Estado italiano, Sergio Mattarella, inicie a rodada de consultas, provavelmente no dia 3 de abril.
Do pleito do último dia 4 na Itália surgiu um cenário de fragmentação política, pois nenhum partido obteve maioria suficiente para governar sozinho, o que torna os pactos necessários.
Estas negociações já surtiram efeito na eleição da presidência das câmaras do Parlamento: o M5S conseguiu a Câmara dos Deputados graças ao apoio da direita e esta obteve o Senado com o respaldo do Movimento Cinco Estrelas.
Após a repartição do Parlamento, o M5S e a direita capitaneada pela LN buscam convergências para governar, mas Salvini reivindicou hoje que não se comece com imposições sobre o primeiro-ministro nas negociações.
"Se Di Maio diz 'sou primeiro-ministro ou nada', não é o modo mais apropriado de começar. Não pode chegar ao governo dizendo 'ou eu ou nada', senão, qual é a negociação?", disse em entrevista à RAI que será exibida nesta noite.
Em declarações adiantadas pela imprensa local, Salvini esclareceu que num hipotético governo do M5S e da direita "está absolutamente claro" que não poderá ser excluída a Forza Itália, o partido do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, muito criticado pelo Movimento Cinco Estrelas durante os últimos anos.
O líder da formação ultradireitista disse que durante as negociações "será proposta ao M5S uma ideia da Itália que não dure cinco meses, mas cinco anos", e apontou que não imporá o seu programa.
Salvini afirmou que fará "todo o possível para formar um governo sério o mais rápido possível" e que provavelmente começará a operar "dentro de um mês".
O político já tinha antecipado que, embora se sinta "preparado" para ser primeiro-ministro, não imporá pressão para exercer esse papel, que em outras ocasiões pediu para a coalizão de direitas, e não descartou ser ministro do Interior.
O principal encarregado do Partido Democrático após a renúncia de Matteo Renzi, Maurizio Martina, disse que haverá um governo entre o M5S e a Liga. Esta formação já antecipou que fará oposição, após ter governado os últimos cinco anos. EFE