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Londres muda estratégia para responder a ataques com ácido

Nos últimos meses, a proliferação de indivíduos que atacam as vítimas com substâncias corrosivas levou a polícia londrina a repensar o método de repressão

Ataque com ácido em Londres: o caso mais recente foi em 31 de julho, quando um homem teve que ser hospitalizado depois que dois suspeitos lhe causaram ferimentos no rosto (./Reuters)
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EFE

Publicado em 3 de agosto de 2017 às 10h38.

Londres - As agressões cometidas em Londres por indivíduos que, de uma moto, lançam substâncias corrosivas contra suas vítimas, geralmente para roubá-las, proliferaram nos últimos meses, causando inquietação e obrigando a polícia a mudar seu plano de resposta.

Os chamados "ataques com ácido", geralmente realizados por jovens que, em muitos casos, têm fácil acesso a material tóxico em qualquer loja, preocupam especialmente pelos efeitos físicos e psicológicos devastadores que deixam nas vítimas, segundo os especialistas.

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De acordo com dados oficiais divulgados pela Polícia Metropolitana de Londres (Met), no ano passado foram registrados na capital um total de 455 crimes com essas características, o que representou um aumento de 74% em relação a 2015, e apenas cerca de 20 indivíduos foram indiciados por eles.

Entre janeiro e abril deste ano, a Met já contabilizou 114 ataques deste tipo em Londres.

Para conter esta ameaça, a polícia ofereceu a seus agentes milhares de "kits de resposta" com os quais lidar 'in situ' com incidentes que envolvam substâncias químicas e que os permite socorrer as vítimas com maior rapidez.

Os polícias também receberam assessoria médica adicional e vestuário especial, que passará a ser utilizado a partir deste mês.

O superintendente adjunto da Met, Mike West, manifestou à publicação londrina "Evening Standard" sua preocupação pelo tipo de lesões que estes ataques causam.

"São feridas que mudam uma vida. Se o volume (de assaltos com produtos químicos) em comparação às ações com facas e pistolas é baixo, os ferimentos são sentenças que as vítimas carregarão para o resto de suas vidas", lamentou.

Alguns especialistas explicam que a proliferação dos ataques se deve ao fato de que os agressores pertencem a gangues que optam por utilizar estas substâncias porque o crime é considerado menos ofensivo do que se fossem utilizadas armas.

A ministra de Interior do Reino Unido, Amber Rudd, defendeu um aumento nas penas de prisão para essas agressões.

As medidas para combater esses crimes incluiriam uma revisão em sua tipificação para que as substâncias usadas - como amoníaco, lixívias e ácidos - possam ser classificadas como "armas perigosas", tenham sua venda restringida e que o Estado ofereça mais apoio às vítimas.

O deputado do distrito londrino de East Ham, em Londres, Stephen Timms, também pediu mudanças na lei e penas maiores na Câmara dos Comuns.

Em Londres, os ataques com ácido mais que dobraram entre 2014 e 2016. Em outra região muito afetada, a de West Midlands e Essex, os casos passaram de 340 para 843 nesse mesmo período.

Dentro da capital, os agentes detectaram um número três vezes maior de ataques com substâncias corrosivas no bairro de Newham, no leste - local onde foi erguido o Parque Olímpico em 2012 -, com quase 400 casos denunciados dos 1.500 notificados em toda a região de Londres nos últimos cinco anos.

Os bairros de Barking e Dagenham também registram abundantes eventos destas características enquanto que as áreas mais nobres de Kensington e Chelsea contam com o nível mais baixo.

O caso mais recente foi registrado pela Met no último dia 31 de julho, quando um homem de 47 anos teve que ser hospitalizado depois que dois suspeitos em uma moto lhe causaram ferimentos no rosto ao lançarem um "líquido" ainda não identificado para roubá-lo.

Há uma semana, duas crianças foram vítimas de outro "ataque com ácido" em Bethnal Green, também no leste da cidade.

No dia 13 de julho, um adolescente de 16 anos foi detido por seu suposto envolvimento em cinco ataques com substâncias corrosivas.

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