Mundo

Lobão descarta interrupção de fornecimento de Itaipu

Ministro de Dilma descarta a hipótese de problemas no fornecimento mesmo com a crise política que envolve o vizinho Paraguai

Lobão ressaltou que a venda de energia da usina é regida por tratado e só pode ser alterada pelos Parlamentos do Paraguai e do Brasil (Egberto Nogueira/imafortogaleria)

Lobão ressaltou que a venda de energia da usina é regida por tratado e só pode ser alterada pelos Parlamentos do Paraguai e do Brasil (Egberto Nogueira/imafortogaleria)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2012 às 13h59.

Brasília - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta terça-feira que não vê possibilidade de qualquer interrupção no fornecimento de energia da hidrelétrica de Itaipu para o Brasil, em meio à crise política que envolve o vizinho Paraguai e depois da troca do diretor-geral paraguaio da usina.

Lobão ressaltou que a venda de energia da usina é regida por tratado e só pode ser alterada pelos Parlamentos do Paraguai e do Brasil.

"Se por absurdo houvesse alguma alteração no Congresso paraguaio não haveria no Congresso brasileiro", disse ele.

Lobão acrescentou ainda que "se o Brasil eventualmente concordasse em entregar a energia para a direção deles, não teriam onde vender a não ser no Brasil".

Segundo ministro não há linhas de transmissão disponíveis para levar energia a algum outro mercado "e nem comprador".

Excedente

Para o especialista em energia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), se a crise paraguaia levasse a níveis muito elevados de tensão entre os dois países, o Paraguai poderia no limite, em tese, parar de vender sua cota não utilizada da energia de Itaipu.

Mas, segundo o próprio Adriano Pires, isso é pouco provável por questões econômicas, devido à perda de receita que o governo paraguaio teria. "Eu não acredito que eles deixem de vender o excedente para o Brasil. Vão vender para quem?".

Construída em parceria pelos dois países, a Itaipu Binacional é uma das principais fontes de energia elétrica dos maiores centros de consumo do Brasil, nas regiões Sudeste e Sul. Pires lembrou que cerca de 40 por cento da energia de São Paulo vem de Itaipu.

Em novembro de 2009, a queda, por motivos técnicos, de uma das linhas que traz a energia de Itaipu para o Brasil causou um grande apagão que afetou pelo menos 10 Estados, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O novo governo do Paraguai nomeou na segunda-feira Franklin Rafael Boccia Romañach como o novo diretor-geral paraguaio da usina hidrelétrica de Itaipu, no lugar de Efraín Enríquez Gamón.

No discurso de posse, o novo diretor da usina compartilhada com o Brasil defendeu a redução da venda de energia elétrica excedente aos brasileiros e o "uso pleno" dessa energia em território paraguaio.


Mas o uso pleno dessa energia no Paraguai está condicionado do crescimento da demanda no país vizinho, algo que dependeria de um planejamento que não se resolve no curto prazo, segundo o economista Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "O que eles podem fazer é incentivar o desenvolvimento de uma indústria eletrointensiva no Paraguai", disse.

Pelo tratado entre os dois países, o Paraguai e o Brasil têm direito a partes iguais da eletricidade produzida na usina.

Atualmente, o país vizinho consome somente cerca de 10 por cento da energia gerada em Itaipu e vende o excedente ao Brasil, que paga cerca de 360 milhões de dólares anuais por essa energia.

Segundo dados preliminares do Balanço Energético Nacional 2012 produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2011, o Brasil importou 38.430 gigawatts (GWh) de energia da parte paraguaia de Itaipu. A usina produziu 92.245 GWh em 2011, segundo dados no site de Itaipu.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilDiplomaciaEmpresasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGoverno DilmaItaipuParaguaiServiços

Mais de Mundo

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido

Eleições na Romênia agitam país-chave para a Otan e a Ucrânia

Irã e Hezbollah: mísseis clonados alteram a dinâmica de poder regional