Sérvia considera o Kosovo o berço de sua nação e fé, mas a grande maioria dos 1,8 milhão de seus habitantes é de etnia albanesa (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2014 às 12h23.
Belgrado - Propagandeada como um novo capítulo na história dos Bálcãs, a primeira visita de um líder albanês à Sérvia em 68 anos, ocorrida nesta segunda-feira, virou um bate-boca televisionado entre os primeiros-ministros a respeito da independência do Kosovo, ex-província sérvia de maioria albanesa.
A Sérvia considera o Kosovo o berço de sua nação e fé, mas a grande maioria dos 1,8 milhão de seus habitantes é de etnia albanesa que se separou em 2008 com apoio do Ocidente, quase uma década depois de a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ir à guerra para deter uma onda de limpeza étnica.
“Temos duas posições inteireamente diferentes sobre o Kosovo, mas a realidade é uma só, e imutável”, declarou o premiê albanês, Edi Rama, em uma coletiva de imprensa transmitida pela televisão com seu homólogo sérvio, Aleksandar Vucic. “Um Kosovo independente é uma realidade regional e europeia inegável, e deve ser respeitado.” Visivelmente irritado, Vucic afirmou não ter esperado tal “provocação”.
“De acordo com a Constituição, o Kosovo é da Sérvia, e sou obrigado a dizer que ninguém pode humilhar a Sérvia.” Rama respondeu: “Lamento, mais esta é a realidade que muitos reconhecem. Quanto antes vocês reconherem (isso), mais rápido podemos seguir adiante.” A visita de Rama, a primeira de um representante albanês desde aquela do ditador comunista Enver Hoxha em 1946, já havia sido adiada no dia 22 de outubro, por conta de uma desavença diplomática em função de uma partida de futebol abandonada entre Albânia e Sérvia em Belgrado.
O jogo foi interrompido quando um drone (aeronave não-tripulada) levando uma bandeira com os dizeres “Grande Albânia” sobrevoou o campo, desencadeando uma briga entre os jogadores e a invasão dos torcedores sérvios no gramado.