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Líderes da UE debatem futuro do bloco sem o Reino Unido

Cinco dias após o referendo, os europeus alertaram que o Reino Unido não poderá manter sem contrapartidas os benefícios do mercado único

Brexit: "Não haverá nenhum mercado único à la carte", resumiu o presidente do Conselho Europeu (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2016 às 14h53.

Os líderes da União Europeia , reunidos pela primeira vez em mais de 40 anos sem o Reino Unido , divulgaram nesta quarta-feira, em Bruxelas, suas linhas vermelhas para o divórcio de Londres, em particular sobre o acesso ao mercado único.

No entanto, eles adiaram o prosseguimento das discussões sobre o futuro da UE para a próxima cúpula em 27 de setembro, em Bratislava, capital da Eslováquia, que assume na sexta-feira a presidência rotativa do bloco.

Cinco dias após o referendo que viu 52% dos britânicos optarem pelo Brexit, os europeus alertaram que o Reino Unido não poderá manter sem contrapartidas os benefícios do mercado único.

"Não haverá nenhum mercado único à la carte", resumiu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, rejeitando qualquer indício de Londres de restringir a livre circulação de pessoas.

Para manter o direito ao comércio sem barreiras com seus vizinhos, crucial para a economia do Reino Unido, Londres deverá "aceitar as quatro liberdades" fundamentais do mercado único, "incluindo a liberdade de movimento", explicou.

Os europeus não vão tolerar "nenhuma exceção" a esta regra, insistiu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

De acordo com o presidente francês, François Hollande, Londres também vai "contribuir financeiramente" em troca de acesso ao mercado europeu.

O primeiro-ministro conservador britânico David Cameron deixou ao seu sucessor, que deve ser escolhido em 9 de setembro, a responsabilidade de iniciar o procedimento formal de saída do Reino Unido da União Europeia.

Dois anos são previstos para a negociação. Na terça-feira à noite, David Cameron havia estimado que uma "reforma da livre circulação de pessoas" no seio da UE constituía "a chave permanecer perto" da União.

Tentando explicar seu fracasso no referendo de 23 de junho, ele enfatizou o papel desempenhado na campanha pelo tema da imigração, particularmente do leste europeu, acenado como um pano vermelho pelos apoiantes do Brexit.

Tormenta política em Londres

Os 27 voltaram a afirmar nesta quarta-feira que não vão conduzir "qualquer tipo de negociação", enquanto Londres não ativar a cláusula de saída da UE, o artigo 50 do Tratado de Lisboa, e pediram que esse passo seja dado "o mais rapidamente possível".

Preocupados com o risco de contágio do Brexit a outros países, os europeus pretendem limitar a margem de manobra do próximo primeiro-ministro britânico nas negociações.

A campanha para nomear um sucessor de Cameron em Downing Street começou agitada dentro do Partido Conservador.

As candidaturas estão abertas até quinta-feira à tarde. A provável batalha deverá opor o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, líder da campanha do Brexit, a atual ministra do Interior Theresa May, eurocética que defendeu a manutenção do país na UE.

O Brexit mergulhou o Reino Unido em uma turbulência política sem precedentes, bem como reavivando a hipótese de secessão da Escócia, majoritariamente pró-europeia.

A primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon visitou Bruxelas nesta quarta-feira para avaliar as chances de a província garantir seu espaço na UE como uma entidade independente.

Sturgeon encontrou na parte da manhã o presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, antes de uma reunião no final da tarde com Jean-Claude Juncker.

A Espanha, por sua vez, atenuou as esperanças da líder separatista.

Ela mesma confrontada com a ameaça separatista da Catalunha, o chefe do governo de Madri, Mariano Rajoy, excluiu a possibilidade da Escócia se associar a qualquer negociação pós-Brexit com a UE.

"Os tratados (europeus) são contra. Se o Reino Unido vai embora, a Escócia também deixará as instituições da União Europeia", argumentou.

'Evitar o rompimento'

Os líderes dos 27 também devem trabalhar para "evitar o rompimento", observou François Hollande.

A União, onde os movimentos de extrema-direita e populistas estão em ascensão, já está enfraquecida por uma série de crises, incluindo a migratória, que continua a dividir as opiniões.

No último ano, a fratura se mostrou particularmente profunda com a maioria dos países do leste se recusando a implementar as soluções coletivas de acolhimento de refugiados decididas em Bruxelas.

Pistas sobre o futuro da UE foram lançadas nesta quarta-feira de manhã, e os europeus vão encontrar-se em 16 de setembro em Bratislava para tentar encontrar um terreno comum mais concreto.

"A situação é muito grave, mas acreditamos que os 27 vão conseguir lidar com a questão", afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Estamos comprometidos e determinados a permanecer unidos para enfrentar os desafios", ressaltou.

"Nada seria pior do que o status quo (explorado pelos) populistas. Nada deve impedir a Europa de avançar, especialmente a decisão britânica", garantiu, por sua vez, Hollande.

O secretário de Estado americano John Kerry jogou lenha na confusão pós-Brexit, afirmando que "há uma série de maneiras" para reverter a decisão britânica de sair da União Europeia.

"Eu não quero, como secretário de Estado, expô-las hoje. Eu acho que seria um erro. Mas existem maneiras", disse Kerry, que se reuniu na segunda-feira com Cameron.

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No entanto, eles adiaram o prosseguimento das discussões sobre o futuro da UE para a próxima cúpula em 27 de setembro, em Bratislava, capital da Eslováquia, que assume na sexta-feira a presidência rotativa do bloco.

Cinco dias após o referendo que viu 52% dos britânicos optarem pelo Brexit, os europeus alertaram que o Reino Unido não poderá manter sem contrapartidas os benefícios do mercado único.

"Não haverá nenhum mercado único à la carte", resumiu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, rejeitando qualquer indício de Londres de restringir a livre circulação de pessoas.

Para manter o direito ao comércio sem barreiras com seus vizinhos, crucial para a economia do Reino Unido, Londres deverá "aceitar as quatro liberdades" fundamentais do mercado único, "incluindo a liberdade de movimento", explicou.

Os europeus não vão tolerar "nenhuma exceção" a esta regra, insistiu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

De acordo com o presidente francês, François Hollande, Londres também vai "contribuir financeiramente" em troca de acesso ao mercado europeu.

O primeiro-ministro conservador britânico David Cameron deixou ao seu sucessor, que deve ser escolhido em 9 de setembro, a responsabilidade de iniciar o procedimento formal de saída do Reino Unido da União Europeia.

Dois anos são previstos para a negociação. Na terça-feira à noite, David Cameron havia estimado que uma "reforma da livre circulação de pessoas" no seio da UE constituía "a chave permanecer perto" da União.

Tentando explicar seu fracasso no referendo de 23 de junho, ele enfatizou o papel desempenhado na campanha pelo tema da imigração, particularmente do leste europeu, acenado como um pano vermelho pelos apoiantes do Brexit.

Tormenta política em Londres

Os 27 voltaram a afirmar nesta quarta-feira que não vão conduzir "qualquer tipo de negociação", enquanto Londres não ativar a cláusula de saída da UE, o artigo 50 do Tratado de Lisboa, e pediram que esse passo seja dado "o mais rapidamente possível".

Preocupados com o risco de contágio do Brexit a outros países, os europeus pretendem limitar a margem de manobra do próximo primeiro-ministro britânico nas negociações.

A campanha para nomear um sucessor de Cameron em Downing Street começou agitada dentro do Partido Conservador.

As candidaturas estão abertas até quinta-feira à tarde. A provável batalha deverá opor o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, líder da campanha do Brexit, a atual ministra do Interior Theresa May, eurocética que defendeu a manutenção do país na UE.

O Brexit mergulhou o Reino Unido em uma turbulência política sem precedentes, bem como reavivando a hipótese de secessão da Escócia, majoritariamente pró-europeia.

A primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon visitou Bruxelas nesta quarta-feira para avaliar as chances de a província garantir seu espaço na UE como uma entidade independente.

Sturgeon encontrou na parte da manhã o presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, antes de uma reunião no final da tarde com Jean-Claude Juncker.

A Espanha, por sua vez, atenuou as esperanças da líder separatista.

Ela mesma confrontada com a ameaça separatista da Catalunha, o chefe do governo de Madri, Mariano Rajoy, excluiu a possibilidade da Escócia se associar a qualquer negociação pós-Brexit com a UE.

"Os tratados (europeus) são contra. Se o Reino Unido vai embora, a Escócia também deixará as instituições da União Europeia", argumentou.

'Evitar o rompimento'

Os líderes dos 27 também devem trabalhar para "evitar o rompimento", observou François Hollande.

A União, onde os movimentos de extrema-direita e populistas estão em ascensão, já está enfraquecida por uma série de crises, incluindo a migratória, que continua a dividir as opiniões.

No último ano, a fratura se mostrou particularmente profunda com a maioria dos países do leste se recusando a implementar as soluções coletivas de acolhimento de refugiados decididas em Bruxelas.

Pistas sobre o futuro da UE foram lançadas nesta quarta-feira de manhã, e os europeus vão encontrar-se em 16 de setembro em Bratislava para tentar encontrar um terreno comum mais concreto.

"A situação é muito grave, mas acreditamos que os 27 vão conseguir lidar com a questão", afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Estamos comprometidos e determinados a permanecer unidos para enfrentar os desafios", ressaltou.

"Nada seria pior do que o status quo (explorado pelos) populistas. Nada deve impedir a Europa de avançar, especialmente a decisão britânica", garantiu, por sua vez, Hollande.

O secretário de Estado americano John Kerry jogou lenha na confusão pós-Brexit, afirmando que "há uma série de maneiras" para reverter a decisão britânica de sair da União Europeia.

"Eu não quero, como secretário de Estado, expô-las hoje. Eu acho que seria um erro. Mas existem maneiras", disse Kerry, que se reuniu na segunda-feira com Cameron.

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