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Líderes da ditadura argentina são condenados por roubo de bebês

As crianças foram roubadas de seus pais e adotadas ilegalmente, em geral por famílias de militares, e na maior parte dos casos continuam desaparecidas

A Praça de Maio,em Buenos Aires: até o momento, apenas 102 dessas crianças descobriram sua verdadeira identidade (Daniel Garcia/AFP)

A Praça de Maio,em Buenos Aires: até o momento, apenas 102 dessas crianças descobriram sua verdadeira identidade (Daniel Garcia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 23h28.

Buenos Aires  - A Justiça argentina condenou nesta quinta-feira a 50 anos de prisão o ex-presidente de facto Jorge Videla e também outros militares pelo roubo sistemático de bebês de presos políticos durante a sangrenta ditadura militar que governou o país de 1976 a 1983.

As crianças foram roubadas de seus pais e adotadas ilegalmente, em geral por famílias de militares, e na maior parte dos casos continuam desaparecidas, o que converte o crime em uma das piores caras do terrorismo de Estado que deixou cerca de 30.000 opositores mortos.

Até o momento, apenas 102 dessas crianças descobriram sua verdadeira identidade, mas cerca de 300 continuam sem saber quem foram seus pais biológicos.

"Em alguns casos (os criminosos) são pessoas idosas, assim, para muitos é como se fosse (condenação) perpétua. É um dia histórico e vamos buscar mais", disse à TV argentina Tati Almeida, membro da associação Madres de Plaza de Mayo.

Além de Videla e outros ex-repressores, foram condenados a 15 anos de prisão o ex-ditador Reynaldo Bignone e a 30 anos o ex-capitão de fragata Jorge "Tigre" Acosta, um símbolo da repressão ilegal. Atualmente, todos cumprem penas perpétuas por outros crimes contra a humanidade.


O Tribunal Oral Federal 6 considerou que Videla é "autor criminalmente responsável dos crimes de subtração, retenção e ocultação de um menor de 10 anos" e "participante necessário" em um total de 20 casos.

A sentença desta quinta-feira é relacionada ao caso conhecido como "Causa Plano Sistemático", que investigou o roubo e a adoção ilegal de 34 bebês.

Videla, que não mostra arrependimento pelos abusos aos direitos humanos cometidos pelo Estado, se descreveu como um "preso político" durante o julgamento e disse que os sequestros que, sim, aconteceram não faziam parte de um plano sistemático.

"Todas as parturientes que respeito como mães eram militantes ativas das maquinarias do terrorismo", disse o ex-ditador em seu discurso. "Muitas delas usaram seus filhos embrionários como escudos humanos no momento de serem combatentes." Alguns dos bebês roubados nasceram em centros clandestinos de tortura. As enfermeiras relataram que muitos foram amamentados por suas mães em cativeiro durante dias, enquanto outros foram levados imediatamente.

Não foram feitas certidões de nascimento, o que dificultou e atrasou grande parte do trabalho de identificação e reunião com familiares de seus pais. A maioria dos 34 bebês da "Causa Plano Sistemático" foi identificada.

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