Papa Francisco e Catherine Samba-Panza, presidente da República Centro-Africana: diante do pontífice, líder pediu "perdão" por violência no país (REUTERS/Stefano Rellandini)
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2015 às 10h39.
Bangui - A presidente da República Centro-Africana, Catherine Samba-Panza, pediu "perdão" neste domingo em nome da classe dirigente e dos responsáveis pelo que chamou de "queda ao inferno", em alusão à violência em seu país, e encorajou seus compatriotas a fazer o mesmo após receber o papa Francisco.
Samba-Panza elogiou a "lição de coragem e determinação" que o pontífice demonstrou ao viajar para Bangui, capital da República Centro-Africana, onde lhe recebeu hoje na sede presidencial, o Palácio do Renascimento.
"Todos os filhos e filhas deste país devem reconhecer suas falhas e pedir perdão, um perdão sincero que sua bênção transformará em um novo pavimento para a reconstrução do país", ressaltou a governante.
O pontífice iniciou hoje em Bangui a terceira etapa de sua viagem africana, a mais arriscada pela situação de insegurança no país, agitado por uma crise política e humanitária que deixou milhares de mortos e dezenas de milhares de refugiados e deslocados nos últimos dois anos.
"Confesso todo o mal que se fez aqui no curso da história e peço perdão do fundo do meu coração", expressou a presidente dirigindo-se ao pontífice.
A espiral de violência sectária começou na República Centro-Africana com a derrocada de François Bozizé em março de 2013 pelas mãos dos rebeldes Séléka, de maioria muçulmana, contra quem pegaram em armas meses mais tarde milícias denominadas anti-balaka, de maioria cristã.
A dirigente centro-africana elogiou que Francisco tenha mantido sua visita apesar dessa violência, das ameaças de segurança e do ressurgimento de movimentos extremistas.
"Teriam podido desanimá-lo a tomar o risco de deslocar-se a Bangui, mas não foi assim. A lição de coragem e de determinação é exemplar e deveria inspirar a todos nós", ressaltou.
Samba-Panza se mostrou convencida de que a visita de Francisco ao país permitirá "exorcizar" os "demônios da divisão, do ódio e da autodestruição definitivamente de nossas terras".