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Liberdade de Mubarak é fim simbólico da Primavera Árabe no Egito

O ex-presidente Hosni Mubarak foi condenado à prisão perpétua em junho de 2012, mas um novo julgamento foi ordenado pela justiça

Hosni Mubarak: ele foi acusado de incitar o assassinato de participantes nos protestos durante a revolta de 18 dias (Stringer/File Photo/Reuters)

Hosni Mubarak: ele foi acusado de incitar o assassinato de participantes nos protestos durante a revolta de 18 dias (Stringer/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de março de 2017 às 14h21.

A decisão anunciada nesta segunda-feira pela justiça de libertar o ex-presidente Hosni Mubarak, que governou com mão de ferro o país por 30 anos, encerrou simbolicamente o capítulo da Primavera Árabe no Egito.

O advogado Farid el-Deeb disse que Mubarak, atualmente detido em um hospital militar no Cairo, "irá para casa quando os médicos liberarem".

Ele não poderá, contudo, viajar para o exterior, de acordo com seu advogado.

Mubarak, de 88 anos, está proibido de viajar devido a uma investigação por parte o órgão egípcio de ganhos ilícitos, que monitora as fortunas acumuladas de forma fraudulenta.

Mubarak passou a maior parte de seu tempo em um hospital militar no Cairo sob prisão domiciliar, desde sua prisão em 2011.

No caso das mortes de manifestantes, ele foi acusado de incitar o assassinato de participantes nos protestos durante a revolta de 18 dias, durante os quais cerca de 850 pessoas foram mortas em confrontos com a polícia.

Ele foi condenado à prisão perpétua em junho de 2012, mas um novo julgamento foi ordenado pela justiça.

Em novembro de 2014, um outro tribunal finalmente recomendou o arquivamento das acusações, livrando Mubarak, mas a procuradoria acabou por apresentar um recurso.

Em 2 de março, o tribunal de Cassação finalmente confirmou o abandono das acusações.

Para nada

Na sequência desta decisão, as famílias de vítimas da violência de 2011 reagiram com indignação.

Para Khalifa Ahmed, de 69 anos, que perdeu seu filho Ahmed em 28 de janeiro de 2011, durante uma manifestação reprimida violentamente, "a sentença não faz sentido".

Mostafa Morsi, que também perdeu seu filho, Mohamed, no mesmo dia, denunciou "uma justiça corrompida".

"O sangue de nosso filho foi derramado por nada (...) A corrupção voltou com toda a força", declarou à AFP após a decisão do tribunal de Cassação.

"Eu pensava que a Primavera Árabe nos traria uma melhor qualidade de vida, mas está ainda pior. Tudo está pior", ressaltou.

Trata-se do mais recente processo judicial contra Mubarak. O ex-rais, que reinou por 30 anos sobre o Egito, foi julgado em vários casos, desde a sua destituição do poder em fevereiro de 2011.

Além disso, em janeiro de 2016, o tribunal de recurso confirmou uma sentença de três anos de prisão contra Mubarak e seus dois filhos em um caso de corrupção.

Mubarak foi acusado com seus filhos de desviar mais de € 10 milhões, alocados para a manutenção do palácio presidencial. Além dos 3 anos de prisão, os três foram condenados juntos a pagar uma multa de 125 milhões de libras egípcias (cerca de 15 milhões de euros) e reembolsar o Estado em 21 milhões de libras (2,5 milhões de euros).

Mas a pena pronunciada levava em conta o tempo já passado na prisão. Seus dois filhos Alaa e Gamal foram colocados em liberdade.

Antes da revolta, Gamal era apontado como o favorito na sucessão ao cargo.

Após 2013 e a destituição do presidente islâmico Mohamed Mursi pelo exército, os problemas de Gamal com a justiça acabaram por ofuscar os de Mubarak.

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