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Kremlin reage com surpresa à atividade da CIA na Rússia

A atividade da agência secreta norte-americana no país ficou evidente após a detenção de um diplomata americano


	Ryan Fogle depois de ser detido pelas autoridades russas: ele tentava recrutar, em troca de dinheiro, um representante dos serviços secretos russos (AFP)

Ryan Fogle depois de ser detido pelas autoridades russas: ele tentava recrutar, em troca de dinheiro, um representante dos serviços secretos russos (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2013 às 18h57.

Moscou - O Kremlin reagiu nesta quarta-feira com surpresa à atividade desdobrada pela CIA na Rússia e que ficou evidente após a detenção de um diplomata americano acusado de tentar recrutar um agente dos serviços secretos russos ontem.

"Posso dizer de uma maneira suave que causa surpresa o fato de que a grosseira tentativa de recrutamento aconteceu depois que os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin deixaram claro a importância de ativar a cooperação entre os serviços secretos de ambos os países", disse Yuri Ushakox, conselheiro do líder russo.

Ao mesmo tempo, Ushakox apontou que tudo indica que os sinais lançados pelos chefes de Estado da Rússia e dos EUA para ampliar a cooperação entre os serviços secretos não chegaram até alguns funcionários da embaixada americana em Moscou.

"Esses sinais desde cima não chegaram ao âmbito executivo da parte americana. Não causa surpresa o fato de que alguns funcionários da embaixada americana em Moscou não conheciam as intenções manifestadas pelos dois líderes (Putin e Obama)", ressaltou Ushakov.

O conselheiro do presidente russo reiterou que os líderes da Rússia nos EUA deram um claro sinal de que os serviços secretos "devem trabalhar de maneira construtiva, intensa e clara, e não uns contra os outros, mas de forma conjunta".

O Ministério das Relações Exteriores russo apresentou hoje um nota de protesto ao embaixador dos Estados Unidos, Michael McFaul, citado perante a Chancelaria depois da detenção de Ryan Christopher Fogle, diplomata que exercia o cargo de terceiro secretário na embaixada dos Estados Unidos.


"O arsenal de espião e uma grande quantidade de dinheiro" que levava o diplomata quando foi detido não "estampa somente um agente estrangeiro pilhado, mas coloca, além disso, sérias perguntas à parte americana", ressaltou um comunicado da Chancelaria russa.

Segundo o canal de televisão russo "Rossiya", "Fogle saiu da embaixada sendo moreno e foi detido loiro".

Um agente de contra-espionagem do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, antiga KGB), explicou para Rossiya que o suposto espião foi detido com um atlas de Moscou e uma bússola, e que usava uma peruca.

Segundo o agente do FSB, os espiões da CIA, quando saem em missão, não podem usar meios eletrônicos como celulares e GPS para não serem localizados.

O canal russo emitiu parte de uma suposta conversa telefônica entre o diplomata e o agente russo que segundo as autoridades russas pretendia recrutar.

"Faz tempo que o seguimos. Achamos que seu trabalho é impressionante. Hoje tenho US$ 100 mil, mas pode ganhar até um milhão de dólares por ano", teria dito Fogle a seu interlocutor.

A Rússia declarou o diplomata pessoa non grata e exigiu "sua imediata repatriação" aos Estados Unidos.

Ontem mesmo, os EUA confirmaram que um de seus funcionários na embaixada de Moscou foi "brevemente detido" e posteriormente "liberado", embora não precisou o nome e nem os motivos.

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