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Kiev e separatistas têm 24 horas para criar zona segura

Zona desmilitarizada de 30 quilômetros foi acordada dentro de novo plano de paz para a região, ontem de noite em Minsk


	Soldados ucranianos ao lado de tanque nos arredores de Donetsk
 (David Mdzinarishvili/Reuters)

Soldados ucranianos ao lado de tanque nos arredores de Donetsk (David Mdzinarishvili/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2014 às 12h28.

O exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia devem criar neste sábado uma zona desmilitarizada de 30 quilômetros no total dos dois lados da linha de frente, após um novo plano de paz assinado durante a noite em Minsk.

O memorando de nove pontos, assinado duas semanas depois de um primeiro protocolo de cessar-fogo, foi alcançado após sete horas de negociações em um hotel da capital de Belarus entre enviados de Moscou, Kiev e dos separatistas, sob a supervisão da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Mas nem Kiev ou os rebeldes apresentaram mostras até a tarde da intenção de aplicar os dispositivos do memorando, que constitui mais um passo para acabar com o conflito, que deixou 2.900 mortos e mais de 600.000 deslocados em cinco meses.

O porta-voz do exército ucraniano, Volodimir Poliovi, afirmou que um soldado morreu e sete ficaram feridos nas últimas 24 horas, sem informar se os militares foram vitimados antes da assinatura do acordo de Minsk.

Além disso, uma fábrica de armamento em uma área controlada pelos rebeldes explodiu durante a madrugada perto de Donetsk por um disparo de artilharia, que não teve a origem determinada.

Posições congeladas

O novo texto aprovado em Minsk prevê um cessar-fogo completo, a criação de uma zona desmilitarizada e a retirada em 24 horas pelos dois lados da artilharia pesada (peças superiores a um calibre de 100 milímetros) a 15 km da "linha de contato".

"Isto será uma oportunidade para criar uma zona de segurança de pelo menos 30 quilômetros de extensão", resumiu o enviado de Kiev, o ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma.

O objetivo é congelar a relação de forças atual e estabelecer esta zona desmilitarizada na linha de frente, que divide literalmente em duas a região separatista de Donetsk. Os separatistas pró-Rússia controlam apenas uma pequena parte da região de Lugansk.

O memorando não aborda, no entanto, a questão problemática do aeroporto de Donetsk, controlado pelo exército ucraniano mas cercado pelos rebeldes.

As partes estabeleceram que os beligerantes não utilizarão armamento pesado em regiões povoadas e que os aviões militares e drones terão que respeitar a zona de segurança criada. O acordo será monitorado pela OSCE.

O presidente da OSCE, Didier Burkhalter, elogiou o acordo, mas pediu aos 57 Estados membros um apoio financeiro maior, além de mais observadores para a missão na Ucrânia. O número deveria chegar a 500 até o fim do ano.

Segundo o texto, "todos os grupos armados estrangeiros, equipamentos militares, combatentes e mercenários" devem deixar a Ucrânia, destacou Kuchma.

Os países ocidentais e Kiev acusam a Rússia de enviar soldados para lutar no leste do país, acusações que Moscou nega.

"Estatuto especial" não abordado

Os separatistas anunciaram a intenção de propor em Minsk um "estatuto especial" para as regiões de Donetsk e Lugansk, mas o memorando, no entanto, não aborda a questão.

Após o primeiro protocolo de trégua assinado em Minsk, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, propôs a garantia de um "estatuto especial" para as regiões pró-Rússia e eleições locais em dezembro.

A trégua anunciada em 5 de setembro representou uma redução da violência, mas as violações do cessar-fogo pelos dois lados deixaram pelo menos 35 mortos, segundo um balanço da AFP.

Centenas de milhares de civis sofrem no leste do país com a falta de alimentos e de produtos básicos, como água e energia elétrica. Para tentar remediar a situação, a Rússia enviou um terceiro comboio de ajuda humanitária, que chegou neste sábado a Donetsk sem qualquer escolta.

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