O secretário de Estado americano John Kerry durante discurso sobre o acordo nuclear do Irã, em Lausanne (AFP/ Fabrice Coffrini)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2015 às 09h35.
Moscou – O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, classificou neste sábado os atentados terroristas realizados ontem em Paris e que mataram pelo menos 127 pessoas como uma "combinação de fascismo moderno e medieval".
"Falamos dos eventos em Paris, que se seguiram aos atentados terroristas em Beirute e Iraque. Concordamos que estes atos são inaceitáveis em nosso planeta", disse Kerry depois de se reunir em Viena com o chanceler russo, Sergei Lavrov.
Os dois ministros tiveram um encontro bilateral poucos instantes antes do início da segunda rodada de conversas sobre o futuro da Síria, que reúne em um hotel da capital austríaca os titulares da pasta de Relações Exteriores de quase 20 países.
"Não há justificativa para os atos terroristas" e não há cabimento para a tolerância com a barbárie, disse por sua vez Lavrov.
O chefe da diplomacia russa se mostrou confiante que a reunião interministerial de Viena permitirá avanços quanto à união de toda a comunidade internacional para combater os jihadistas.
"Como disse John Kerry, não temos desculpa para não fazer mais para derrotar o Estado Islâmico e a Frente al Nusra", ressaltou.
Há duas semanas, os ministros das Relações Exteriores de vários países - entre eles Rússia, EUA, Arábia Saudita e Irã - se reuniram também em Viena, marcando o começo de um novo processo diplomático para tentar promover um cessar-fogo e uma transição política na Síria.
Na reunião de hoje, a intenção é começar a abordar pontos concretos como, por exemplo, quais das centenas de grupos que combatem no país árabe devem ser considerados terroristas e, portanto, descartados do processo de paz.
Um dos principais empecilhos da comunidade internacional neste tema é o futuro do presidente da Síria, Bashar al Assad, que solicitou no final de setembro a intervenção russa contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) em seu país.
O papel de Assad na questão síria coloca Rússia e Irã de um lado e EUA, Arábia Saudita e Turquia do outro.
Enquanto Moscou e Teerã insistem na participação no processo político de todos os sírios - incluindo Assad -, o Ocidente, Ancara e as monarquias árabes exigem a renúncia do líder sírio, a quem acusam de ser parte e causa da ascensão do jihadismo em seu país.