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Kenyatta, um presidente eleito sob a suspeita de crimes

Kenyatta está acusado de ser um dos instigadores da violência pós-eleitoral suscitada no país após o último pleito de dezembro de 2007, que casou mais de 1.300 mortes

Uhuru Kenyatta: novo presidente eleito no Quênia (Reuters)

Uhuru Kenyatta: novo presidente eleito no Quênia (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2013 às 11h25.

Nairóbi - O vice-primeiro-ministro queniano Uhuru Kenyatta venceu neste sábado as eleições presidenciais do Quênia, apesar de estar acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes contra a humanidade.

Kenyatta, que se transformará no quarto presidente queniano, está acusado de ser um dos instigadores da violência pós-eleitoral suscitada no país após o último pleito de dezembro de 2007, que casou mais de 1,3 mil mortes.

Apesar desta circunstância, o presidente eleito goza de uma grande popularidade em seu país, como demonstra seu triunfo nas eleições da segunda-feira passada, nas quais obteve mais de 50% dos votos.

O vice-primeiro-ministro - cujo nome, Uhuru, significa 'liberdade' em swahili - é o homem mais rico do Quênia e o filho do primeiro presidente do Quênia, Jomo Kenyatta, considerado pelos quenianos como o 'pai da pátria'.

Kenyatta, pertencente à influente etnia quicuio, que forma 20% da população do país, lidera a Aliança Nacional (TNA) e se apresentou perante os eleitores como 'símbolo da mudança' com a promessa de 'transformar' o Quênia.

No entanto, o candidato não conta com a simpatia de diplomatas de países ocidentais como Reino Unido, França e Estados Unidos, que deixaram claro que, se Kenyatta fosse eleito presidente, poderia haver 'consequências'.

Nesse sentido, o embaixador britânico no Quênia, Christian Turner, advertiu que seu país manterá 'contatos mínimos' com qualquer acusado pelo TPI.

Nascido no dia 26 de outubro de 1961 em Nairóbi, Kenyatta cursou a educação primária em sua cidade natal, mas se mudou para os EUA para licenciar-se em Ciências Políticas na Universidade de Amherst, em Massachusetts.

Sua vida política começou em 1997 ao ser eleito secretário-geral em Nairóbi da União Nacional Africana do Quênia (KANU), o partido de seu pai, uma nomeação vista na época como uma ação premeditada para, no futuro, alçar voos mais altos.

Nesse mesmo ano, Kenyatta se apresentou às eleições parlamentares, mas, contra toda previsão, não conseguiu uma cadeira no Legislativo.

Após esse fracasso, o então presidente, Daniel Arap Moi, deu um grande impulso a sua carreira política ao nomear-lhe ministro de Governo em 2001 e candidato da KANU à presidência no pleito de 2002, no qual ficou em segundo, atrás do atual chefe de Estado, Mwai Kibaki.


Três anos depois, em 2005, foi eleito secretário-geral da KANU, mas decidiu não apresentar-se às eleições presidenciais de 2007 por não ter certeza - disse então - de que venceria a disputa.

Como alternativa, Kenyatta anunciou seu apoio no pleito de 2007 à candidatura de Kibaki, o mesmo homem que o havia derrotado nas eleições de 2002.

Esta aposta deu seus frutos quando, após os polêmicos pleitos de 2007, que tanto Kibaki como o líder opositor, Raila Odinga, diziam ter vencido, foi formado um governo de unidade entre esses dois rivais políticos, no qual Kenyatta foi designado vice-primeiro-ministro, assim como ministro do Comércio, em abril de 2008.

Menos de um ano depois, em janeiro de 2009, Kenyatta trocou a pasta de Comércio pela de Finanças, onde, durante três anos, realizou várias reformas com o objetivo de estimular a atividade econômica do Quênia e lutar contra a corrupção que afeta grande parte das instituições do país.

No entanto, após ser acusado formalmente pelo TPI de crimes contra a humanidade por supostamente planejar e financiar a violência pós-eleitoral de 2007, Kenyatta renunciou como titular de Finanças no dia 26 de janeiro de 2012.

Mesmo assim, Kenyatta se apresentou às eleições de 2013 à frente da Coalizão Jubileu junto com seu 'número dois' e aspirante a vice-presidente, o ex-ministro William Ruto, também acusado pelo TPI pelos mesmos motivos que seu chefe.

Em sua vida pessoal, o vice-primeiro-ministro, que professa a religião católica, está casado e tem três filhos.

Uhuru Kenyatta sempre pensou em seguir o caminho de seu pai e, apesar das acusações do TPI, se mostrou muito seguro que se tornaria o quarto presidente da história do Quênia.

'Sei que ganharemos estas eleições, em nome de Deus e dos quenianos', declarou em um de seus comícios.

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