Os canadenses, portanto, irão às urnas em 20 de setembro (Patrick Doyle/Reuters)
AFP
Publicado em 15 de agosto de 2021 às 13h28.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou neste domingo (15) eleições antecipadas para 20 de setembro, menos de dois anos após as últimas federais, estimando que com a pandemia o país atravessa um momento "histórico".
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"A governadora-geral aceitou meu pedido para dissolver o Parlamento. Os canadenses, portanto, irão às urnas em 20 de setembro", disse da capital federal, Ottawa.
Segundo Trudeau, o país vive um "momento histórico" e por isso é "extremamente importante que os canadenses possam escolher como sairemos desta pandemia e como nos reconstruiremos melhor".
"Peço que apoiem um governo progressista e ambicioso" que defenda "um sistema de saúde forte, moradia acessível e um meio ambiente protegido", declarou, lançando alguns dos principais temas de sua campanha.
À frente de um governo minoritário desde outubro de 2019, o que o torna dependente dos partidos de oposição para aprovar suas reformas, Justin Trudeau pretende aproveitar as pesquisas favoráveis, sua gestão da pandemia e o sucesso da campanha de vacinação.
Mas os outros partidos, todos contra a realização de uma votação neste verão, iniciaram as hostilidades e denunciaram um cálculo político, enquanto a pandemia ainda não acabou. Todos planejam falar durante o dia.
Como outros países, o Canadá anunciou recentemente que enfrenta uma quarta onda epidêmica, devido à variante Delta, que é mais contagiosa.
No entanto, o país tem uma das melhores coberturas vacinais do mundo - 71% dos 38 milhões de canadenses receberam a primeira dose e 62% estão totalmente imunizados.
"Era a única janela para Justin Trudeau, porque com o retorno às aulas em duas semanas, os casos de covid inevitavelmente aumentarão", comentou à AFP Félix Mathieu, professor de ciência política da Universidade de Winnipeg.
"E já dura 18 meses, que é o tempo médio de vida de um governo minoritário".
O primeiro-ministro queixou-se várias vezes nos últimos tempos sobre a obstrução dos partidos da oposição no Parlamento. Para liderar um governo majoritário, seu partido, que tem 155 membros eleitos, terá de obter pelo menos 170 das 338 cadeiras na Câmara dos Comuns.
Mas é uma "aposta arriscada", acredita Daniel Béland, professor de ciência política da Universidade McGill, tendo em vista as pesquisas atuais que não lhe garantem a maioria.
"A eleição pode ser disputada em algumas cadeiras", acrescenta ele e "como esta eleição é claramente uma decisão de Trudeau, se ele falhar, pode custar caro em termos de liderança".
Diante dele, Erin O'Toole, líder dos conservadores, único outro partido capaz de formar um governo - atualmente 119 deputados - sofre de falta de notoriedade entre a opinião pública, mas poderá contar com as províncias rurais como reservatório de votos.
Jagmeet Singh, que dirige o Novo Partido Democrático (NDP), é o outro rival de Trudeau e pode angariar votos entre os jovens e moradores urbanos.
Prevê-se que a campanha eleitoral, anunciada para durar apenas 36 dias, gire em grande parte em torno da gestão da pandemia e dos amplos programas de ajuda emergencial implantados pelo governo, bem como do plano de recuperação pós-pandemia de 101 bilhões de dólares em três anos.
Mas as questões ambientais e de reconciliação com os povos indígenas também serão cruciais para estas eleições, que promete ser inédita.
As medidas sanitárias ainda em curso em vários estados limitarão os comícios eleitorais e a grande incerteza será a participação, sabendo que "uma baixa participação reduziria a legitimidade do próximo governo", acrescenta Félix Mathieu.
Além disso, se a votação por correspondência se sobressair, como é esperado devido à pandemia, o resultado da votação pode demorar a ser conhecido.