Mundo

Justiça revoga dois processos contra Cristina Kirchner e mantém outro

Kirchner é acusada de participar de um esquema de pagamento de propinas envolvendo empresas concessionárias de rodovias e por importações

Argentina: o tribunal declarou falta de mérito e revogou a acusação formal feita em março (Daniel Jayo / Freelancer/Getty Images)

Argentina: o tribunal declarou falta de mérito e revogou a acusação formal feita em março (Daniel Jayo / Freelancer/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 09h43.

Buenos Aires — Um tribunal da Argentina revogou nesta terça-feira dois processos contra a ex-presidente Cristina Kirchner, agora vice-presidente eleita, por envolvimento em um escândalo de pagamento de propinas por parte de empresas concessionárias de rodovias e por importações, supostamente com sobretaxas irregulares, de navios com gás liquefeito durante o período em que ela estava no poder.

Por outro lado, como confirmado à Agência Efe por fontes jurídicas, a Câmara Criminal e Correcional Federal confirmou a continuação de outro processo contra Cristina, em um caso que investiga a suposta cartelização de obras públicas durante seu mandato como presidente.

As decisões foram tomadas apenas dois dias após a atual senadora - que responde a vários processos por corrupção e já está sendo julgada por supostas irregularidades na concessão de obras públicas - ser eleita, na chapa liderada por Alberto Fernandez, como nova vice-presidente do país. A posse do novo cargo está marcada para 10 de dezembro.

Todos esses casos estão diretamente relacionados com o escândalo que ficou conhecido como "cadernos das propinas", descoberto em agosto de 2018. O caso veio à tona graças às anotações de um motorista de Roberto Baratta, ex-secretário do Ministério do Planejamento, em oito cadernos durante mais de uma década. Nelas, ele descreveu diversas viagens que fez em seu carro e nas quais transportou bolsas com milhões de dólares que seriam propinas pagas por empresários a membros dos governos de Néstor e Cristina Kirchner em troca de contratos de obras públicas.

O tribunal declarou falta de mérito e revogou a acusação formal feita em março pelo juiz Claudio Bonadio - que incluía uma ordem de prisão da ex-presidente que não foi cumprida por ela ter foro privilegiado como senadora - de importação superfaturada de navios de gás natural liquefeito (GNL) entre 2008 e 2015.

De acordo com Bonadio, os réus neste processo, entre eles ex-diretores das empresas estatais YPF e Enarsa, além de funcionários públicos de alto escalão, colocaram em funcionamento um sistema ilegal destinado a importar GNL através de diferentes empresas internacionais sem um processo de licitação, mas de um concurso de preços em que o valor da importação já estava definido.

Na argumentação para a revogação do processo, a Câmara Federal disse que "garantir a participação da ex-presidente nos eventos investigados" exigiria um "avanço na investigação" e que, no momento, não há elementos suficientes para provar que houve fraude na importação.

O tribunal também reverteu a acusação e declarou falta de mérito em outro processo no qual a ex-presidente era investigada pelo recebimento de propinas pagas por empresas que exploram a concessão de rodovias durante seu mandato.

No texto da decisão, a Câmara Federal considerou, entre outras questões, que "a princípio não se pôde identificar (Cristina Kirchner) como responsável pelo recebimento dos subornos nesse período específico e nessa área específica da administração pública".

Por fim, o tribunal confirmou que mantém um processo, também movido por Bonadio em junho, que investiga um grande número de empresários e ex-funcionários públicos por suposta ligação com a cartelização de obras públicas entre 2003 e 2015.

"O objetivo era organizar um sistema de captação de recursos para arrecadar dinheiro ilegal com fim de enriquecer ilegalmente como empresários e funcionários públicos", diz o documento judicial.

Cristina Kirchner sempre reiterou que todas as acusações que recebeu são infundadas e que é vítima de uma perseguição política e judicial.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaCristina KirchnerJustiça

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia