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Justiça, recontagem, violência: a posse de Joe Biden em 20/1 corre risco?

A vitória de Joe Biden não significa o fim das incertezas, e a eleição deve ser contestada na Justiça. O caminho é longo até a posse, em 20 de janeiro

Apoiadores de Trump protestam em Phoenix, no Arizona, durante a contagem dos votos: o presidente vem afirmando que a eleição foi fraudulenta (Edgard Garrido/Reuters)
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Carolina Riveira

Publicado em 7 de novembro de 2020 às 13h43.

Com a vitória na Pensilvânia e 273 votos no colégio eleitoral, Joe Biden se sagrou vencedor da eleição nos Estados Unidos contra o presidente Donald Trump . Não há mais chances matemáticas de Trump vencer, ainda que leve todos os estados restantes na apuração.

Mas o resultado não significa o fim das incertezas, e a eleição deve ser contestada na Justiça. O caminho é longo até a posse, em 20 de janeiro.

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Trump já indicou que não vai aceitar o resultado. Num pronunciamento na noite de quinta na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos levantou dúvidas sobre a lisura da eleição e apontou a existência de um complô para impedir sua vitória, sem apresentar nenhum indício concreto.

Os próximos dias serão uma incógnita. Ainda há estados que precisam concluir a apuração e definir o vencedor, o que deve acontecer nos próximos dias. Se Biden vencer em mais lugares, como Geórgia e Arizona (onde lidera), pode aumentar a legitimidade da vitória. Ainda assim, para impedir a confirmação do democrata, os advogados do presidente devem continuar recorrendo à Justiça.

Concluída a apuração, os estados precisam primeiro oficializar os resultados, uma etapa do processo que pode ser atrasada pelas contestações. Pelo calendário oficial, os representantes do colégio eleitoral expressam seus votos em seus respectivos estados no dia 14 de dezembro.

Em 6 de janeiro, esses votos são anunciados e contados oficialmente perante uma sessão conjunta no Congresso. Não está claro se esses prazos podem ser alterados.

Embora seja um cenário altamente improvável, caso não haja uma definição até lá quem assumiria a presidência seria a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

Outra preocupação é com atos de violência incitados pelas teorias da conspiração propaladas pelo presidente dos Estados Unidos.

Na noite de quarta-feira, dezenas de apoiadores de Trump se postou na porta do local onde as autoridades do condado de Maricopa, o maior do Arizona, trabalhavam na apuração. Alguns deles estavam armados.

Joe Gloria, responsável pela apuração dos votos do Condado de Clark, falou à imprensa hoje pela manhã e afirmou que sua mulher “teme pela sua segurança”.

Durante as manifestações por justiça social, apoiadores de Trump foram para as ruas de grandes cidades ostensivamente para “defender propriedades”. Eles incluíam grupos paramilitares e supremacistas brancos munidos de armas militares.

Os confrontos entre ativistas antirracismo e apoiadores de Trump no meio do ano deixaram mais de 20 mortos em todo o país. O presidente classificou os protestos espontâneos – precipitados pelo assassinato de George Floyd -- de anarquia e baderna.

Aliados do presidente estão usando as redes sociais para mobilizar ações nas ruas. Na quinta-feira, o Facebook tirou do ar um grupo chamado “Stop the Steal” (parem com o roubo), que contava com 360.000 membros.

“Precisamos de botas nas ruas para proteger a integridade do voto”, dizia a descrição do grupo, segundo o The Washington Post. No círculo íntimo do presidente, a linguagem é parecida. Eis o que postou no Twitter Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente:

“A melhor coisa para o futuro dos Estados Unidos é Donald Trump ir para a guerra total para expor toda a fraude, trapaça, os eleitores mortos/que não estão mais no estado, tudo isso está acontecendo há tempo demais. Está na hora de arrumar essa bagunça e parar de parecer uma república das bananas.”

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