Justiça condena mais de 40 pessoas da prefeitura de Roma
Os réus foram julgados por manipular as licitações para a gestão do lixo na capital, da manutenção dos espaços verdes e da recepção de refugiados
AFP
Publicado em 20 de julho de 2017 às 12h56.
A Justiça italiana condenou a duras penas de prisão, em primeira instância, uma ampla rede de funcionários e empresários envolvidos em crimes de corrupção na prefeitura de Roma - informou a Corte Penal da capital nesta quinta-feira (20).
Principal acusado no escândalo da "Máfia Capital", Massimo Carminati foi condenado a passar 20 anos atrás das grades.
De acordo com a presidente dessa corte, Rosanna Ianniello, 46 pessoas foram processadas. Entre elas, está Salvatore Buzzi, braço direito de Carminati, que recebeu uma pena de 19 anos de prisão.
Apesar das condenações pesadas, os juízes consideraram que a chamada quinta máfia da Itália - a "Máfia capital", atrás da Cosa Nostra, Camorra, N'dranghetta e Sacra Corona Unita - não existe como tal, tratando-se de uma simples rede de criminosos.
Ao retirar a acusação de "associação mafiosa", a sentença foi menor do que a pedida pelos promotores, e as condições de detenção serão mais leves.
Os réus foram julgados por manipular as licitações para a gestão do lixo na capital, da manutenção dos espaços verdes e da recepção de refugiados. Esses setores se beneficiam de vultosos recursos públicos que acabaram sendo desviados.
Carminati, de 59 anos, é um ex-terrorista de extrema direita, com uma impressionante ficha de antecedentes criminais. Mais conhecido como "O caolho", por ter perdido um olho em um confronto com a Polícia, já havia sido condenado na década de 1980 por pertencer a um poderoso grupo criminoso local.
Já Buzzi dirigia uma cooperativa que trabalhava para a prefeitura de Roma e fazia a mediação entre o mundo político e a rede de amigos de Carminati.
Entre os políticos romanos condenados, provenientes de todos os partidos - tanto de direita, quanto de esquerda -, está Luca Odevaine, ex-membro da comissão nacional encarregada das migrações. Ele deve cumprir seis anos e seis meses de prisão.
Esse caso explodiu em dezembro de 2014, com a detenção de 37 pessoas, incluindo Carminati, o "último rei de Roma".