Justiça acusa Netanyahu de fraude, corrupção e abuso de confiança
A acusação pode afastar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de uma eventual nova eleição em Israel
EFE
Publicado em 21 de novembro de 2019 às 13h58.
Última atualização em 21 de novembro de 2019 às 15h37.
Jerusalém — O procurador-geral de Israel , Avichai Mandelblit, formalizou nesta quinta-feira um processo contra o primeiro-ministro interino Benjamin Netanyahu pelos crimes de fraude, suborno e quebra de confiança em meio a um cenário político atualmente marcado no país pela instabilidade e falta de consenso para a formação de um governo efetivo.
Mandelblit decidiu indiciar o chefe do governo nos chamados casos 1000, 2000 e 4000, informou o Ministério da Justiça em comunicado. Nos três, Netanyahu foi acusado de fraude e quebra de confiança, e no 4000 também por receber suborno, acusação que questiona ainda mais sua legitimidade no cargo que ocupa, embora ele não seja legalmente obrigado a renunciar.
No caso conhecido como 4000, Netanyahu é acusado de ter feito favores entre 2012 e 2017 à operadora de telefonia israelense Bezeq em troca de coberturas jornalísticas favoráveis a ele e sua esposa, Sara, em um popular portal de notícias, o "Walla". Os dois negócios são controlados pelo mesmo empresário, Shaul Elovitch.
No caso 1000, o premiê interino é apontado como suspeito de aceitar cerca de US$ 290 mil em presentes para ele e sua família. Os itens dados por dois milionários em troca de favores eram charutos, jóias, viagens e champanhe.
O caso 2000 é sobre uma suposta tentativa de pacto com Arnon Mozes, editor do jornal pago de maior circulação em Israel, o "Yedioth Ahronoth", para obter uma cobertura mais positiva em troca de prejudicar a distribuição da publicação rival, o gratuito "Israel Hayom".
Como réu, Netanyahu não seria obrigado a deixar o cargo de primeiro-ministro ou deputado. Porém, se for condenado, o Parlamento (Knesset) poderá votar sua cassação se o crime envolver "depravação moral", como é o caso com a acusação de suborno, de acordo com a Lei Básica de Israel, com hierarquia constitucional.
Após a divulgação da acusação, a Procuradoria enviou uma cópia do documento ao presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, "a fim de permitir que o primeiro-ministro notifique o Knesset se deseja solicitar imunidade", o que deve ser deliberado por uma comissão especialmente criada, mas que não pode ser formada sem um novo governo efetivo.
O processo contra Netanyahu acontece em meio a um bloqueio político em Israel, que tem um governo interino desde as eleições realizadas em setembro, o que impede o premiê de permanecer no poder, tanto numa eleição repetida como antes do processo aberto no Parlamento.
Netanyahu é o político que por mais tempo ocupa o cargo de primeiro-ministro na história de Israel e tornou-se o primeiro chefe de governo do país a ser acusado judicialmente de corrupção enquanto está no poder.