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Jovenel Moise é confirmado como novo presidente do Haiti

Conselho Provisório Eleitoral haitiano confirmou na terça-feira em seu site a vitória de Moise depois de verificar o material eleitoral

Jovenel Moise: novo presidente do Haiti assumirá um país dividido politicamente e socialmente (Hector Retamal/AFP)

Jovenel Moise: novo presidente do Haiti assumirá um país dividido politicamente e socialmente (Hector Retamal/AFP)

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AFP

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 09h01.

A interminável crise eleitoral haitiana chegou ao fim na terça-feira, quando Jovenel Moise foi confirmado como presidente eleito com 55,60% dos votos na eleição de 20 de novembro, em um país dividido política e socialmente.

O Conselho Provisório Eleitoral haitiano confirmou na terça-feira em seu site a vitória de Moise depois de verificar o material eleitoral.

"Não houve uma fraude em massa. No entanto, cerca de 12% das contas oficiais apontaram irregularidades, que não afetaram o processo", indicou o organismo.

O país coloca fim, assim, a um ano de paralisia política que começou com as eleições realizadas em outubro de 2015, nas quais Moise também venceu, e que foram anuladas pelas acusações de fraude em massa.

O candidato do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK), de 48 anos, que no dia 7 de fevereiro iniciará sua carreira política ocupando o posto mais alto da função pública, mostrou estar consciente das profundas divisões que minam o desenvolvimento da nação.

"Votamos por um caminho rumo a uma vida melhor para todos os haitianos: tanto os das montanhas como os das planícies, os das províncias e os das cidades, os da diáspora e os que vivem no país, os que têm pele clara e os que têm pele negra, os que são ricos e os que são pobres", enumerou Moise em um discurso na noite de terça-feira em um luxuoso hotel de Porto Príncipe.

O país caribenho é considerado pelo Banco Mundial como um dos mais desiguais do planeta. A riqueza da elite econômica contrasta com a extrema pobreza do resto da população: quase 60% dos haitianos vivem com menos de dois dólares diários.

Moise reafirmou na terça-feira que sua administração trabalhará "para todos os haitianos, sem distinção".

O futuro presidente disse que "precisa (das) experiências, competências e dedicação" dos outros candidatos para trabalhar "juntos para que cada haitiano tenha o que comer em seu prato e dinheiro em seu bolso".

Dificuldades econômicas

Este apelo à união política pode se chocar com a firme oposição dos outros candidatos, que rejeitaram sua vitória.

Desde a primeira celebração das presidenciais, o candidato do partido Lapeh, Jude Célestin, que ficou na segunda posição com 19,57% dos votos; Moise Jean Charles, do partido Pitit Dessalines (11,04%); e Maryse Narcisse, do partido Fanmin Lavalas (9,01%), contestaram os resultados das eleições presidenciais, e consideram a vitória de Moise "um golpe do Estado eleitoral".

O próximo presidente da república expressou seu desejo de "restabelecer a ordem e a disciplina no país", lançando a partir de 7 de fevereiro "os estados gerais setoriais da nação" e minimizou o desinteresse da população pela política: a taxa de participação na eleição de 20 de novembro foi de apenas 21%.

A maioria dos cidadãos não acredita mais nas promessas dos políticos, e as ideias de reforma esboçadas por Jovenel Moise também podem se chocar com as grandes dificuldades econômicas do país: a dívida chega a mais de 2 bilhões de dólares e, na falta de investimentos públicos e privados, prevê um crescimento de apenas 1% em 2017.

Quase sete anos depois do terrível terremoto que matou mais de 200.000 pessoas, em janeiro de 2010, 55.000 haitianos seguem sobrevivendo em acampamentos em condições sub-humanas, segundo a Organização Internacional de Migrações (OIM).

A passagem do furacão Matthew, em outubro, voltou a ameaçar as esperanças de uma recuperação econômica.

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