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Johnson sofre derrota no Parlamento e aguarda decisão da UE sobre Brexit

Casa dos Comuns rejeitou tramitação acelerada do acordo para comportar o prazo até o dia 31 de outubro

Johnson: premiê lamentou a decisão do Parlamento (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Johnson: premiê lamentou a decisão do Parlamento (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de outubro de 2019 às 16h10.

Última atualização em 22 de outubro de 2019 às 17h00.

Londres — O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, suspendeu nesta terça-feira, 22, a adoção do Brexit à espera da reação da União Europeia depois que os deputados britânicos recusaram sua proposta para acelerar uma agenda para tornar efetiva a saída até o dia 31. Johnson afirmou que vai pausar a tramitação até que o bloco decida se vai conceder ou não um novo adiamento do prazo de saída.

A declaração de Johnson ocorre após a Câmara dos Comuns ter rejeitado a tramitação acelerada de um projeto de lei que transforma em legislação britânica o acordo fechado pelo líder conservador com a UE, num movimento visto como derrota para o primeiro-ministro e que o levaria a pedir uma nova extensão do prazo para o divórcio.

"Lamento que o Parlamento tenha votado de novo por adiar o processo do Brexit", disse Johnson no Parlamento, após as votações. "Mantenho minha política de seguir com nossa saída da UE em 31 de outubro", acrescentou

O premiê havia obtido sua primeira grande vitória parlamentar no caminho do Brexit depois que o Parlamento aprovou a medida para continuar examinando o projeto de lei apresentado por ele. Sua vitória, no entanto, foi eclipsada com a recusa à sua agenda acelerada para concluir a separação.

Johnson havia advertido aos deputados britânicos de que se rejeitassem sua agenda ele retiraria seu projeto e tentaria obter eleições antecipadas.

Nos últimos dias, Johnson tentou duas vezes, sem sucesso, obter a aprovação dos deputados para o acordo alcançado com Bruxelas na semana passada, contrariando todas as expectativas.

Totalmente contrário a adiar pela terceira vez a saída da União Europeia, hoje ele voltou à carga, submetendo ao Parlamento o projeto de lei que deveria traduzir esse texto para a legislação britânica. O objetivo era fazer o texto ser adotado em apenas três dias.

"Se aprovarmos este acordo e a legislação que o possibilita, podemos virar a página e permitir a este Parlamento e a este país começar a se curar" das divisões que se agravam desde que, em 2016, 52% dos britânicos optaram pelo Brexit em um referendo, afirmou Johnson.

Consciente da hostilidade reinante, lançou um ultimato: "se o Parlamento se negar a permitir que o Brexit ocorra (...), o projeto de lei terá de ser retirado, e teremos de avançar para eleições gerais".

Expectativa de nova prorrogação

No poder há menos de três meses, Johnson tenta convocar legislativas antecipadas desde que perdeu a maioria, em setembro, após a rebelião de 21 deputados conservadores.

Para antecipar as eleições, previstas para 2022, ele precisa, porém, do apoio de dois terços dos deputados. A oposição se nega a aderir até ter certeza de que evitou um caótico Brexit sem acordo no final do mês.

No sábado, Johnson se viu obrigado pelos legisladores a pedir uma nova prorrogação de três meses à UE, e é difícil imaginar que diante do risco de uma dolorosa saída brutal seus 27 sócios europeus rejeitem a demanda.

"Um Brexit sem acordo nunca será uma decisão nossa", tuitou nesta terça o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que disse estar "consultando os líderes da UE sobre como responder ao pedido britânico" por mais tempo.

O premiê britânico disse estar confiante em que, após ter conseguido renegociar o impopular acordo anterior com uma UE mais do que reticente, reunirá o apoio majoritário para seu novo texto. Para isso, estaria contando com os conservadores mais eurocéticos, com muitos independentes e com alguns opositores trabalhistas pró-Brexit. (Com agências internacionais)

 

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