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Joe Biden recebe 4 minutos de aplausos em discurso de despedida na Convenção Democrata

Presidente desistiu da reeleição e endossou candidatura da vice, Kamala Harris

Joe Biden, durante ensaio no palco da Convenção Democrata, em Chicago (Saul Loeb/AFP)

Joe Biden, durante ensaio no palco da Convenção Democrata, em Chicago (Saul Loeb/AFP)

Publicado em 20 de agosto de 2024 às 00h44.

Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 01h31.

Chicago, Estados Unidos - Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, entrou no palco da Convenção Democrata, olhou para a multidão e pareceu emocionado. Foram mais de quatro minutos de aplausos, em que Biden fitava os milhares de democratas ali presentes e era olhado de volta. Os dois lados sabiam que não era um momento comum. Joe Biden está saindo da política, aos poucos -- e seu discurso foi mais uma etapa deste processo.

Como faz há décadas, Biden começou citando seu pai. "A família é tudo. América, eu amo vocês". E a plateia respondeu "nós amamos Joe".

Ao longo de um discurso de quase 50 minutos, o presidente buscou destacar conquistas de seu mandato, fazer ataques a Donald Trump e dizer que Kamala Harris, que assumiu a candidatura presidencial após ele desistir da reeleição, continuará seu trabalho.

Logo no começo do discurso, Biden relembrou que tomou posse na Presidência dias após a invasão do Congresso, em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores de Trump. "A democracia prevaleceu. E a democracia precisa ser preservada", afirmou. "Você não pode dizer que ama o país só quando ganha", em uma clara referência a  Trump.

"Eu amo ser presidente, mas amo mais meu pais", reafirmou. "Acima de tudo, precisamos derrotar Donald Trump", ressaltou.

Como diz há anos, o democrata reafirmou que há uma batalha pela "alma da América", e que não há espaço para a violência política no país. Ele contou que decidiu concorrer à Presidência depois de ouvir Donald Trump, em 2017, dizer que havia "boas pessoas dos dois lados" ao comentar sobre um ato de supremacistas brancos em Charlotesville.

O democrata buscou destacar que suas medidas ajudaram a melhorar a vida da classe média do pais. Citou ter baixado o preço de medicamentos de uso contínuo e reduzido a inflação que, no entanto, segue acima da meta do país. Também disse que trouxe indústrias de volta e criou empregos bem-pagos de volta e destacou programas que aprovou, como um para avançar a produção de chips avançados no país.

Biden também falou sobre política externa. Disse que a Ucrânia segue livre, após dois anos e meio de guerra com a Rùssia. Citou Gaza e disse que está trabalhando muito para tentar levar comida e assistência a Gaza e, ao mesmo tempo, ajudar no retorno dos reféns israelenses levados pelo Hamas.

Na reta final do discurso, Biden fez elogios à vice. "Kamala e Walz são pessoas de grande caráter. Escolher ela como vice foi a melhor decisão que tomei na minha carreira", disse. "A América sempre foi uma terra de possibilidades. Kamala e Walz entendem isso."

"América, dei o meu melhor para você. Cometi muitos erros na minha carreira, mas dei meu coração e alma para esta nação. E fui abençoado muitas vezes de volta", comentou, pouco antes de encerrar sua fala.

Ao final do discurso, Biden foi saudado pela mulher Jill, por Kamala Harris e outros membros de sua família, e deixou o palco junto com eles.

Lenta despedida

Biden vive uma despedida lenta da política americana. Ele segue no cargo de presidente até janeiro de 2025 e serão mais cinco meses para encerrar uma carreira política de mais de 50 anos.

Ele foi eleito senador pela primeira vez em 1972, e ficou até o começo de 2005 no cargo, quando foi eleito vice-presidente, na chapa de Barack Obama.

Biden deixou a vice-presidência em 2017 e, quatro anos depois, assumiu a Presidência, após derrotar Donald Trump na disputa de 2020.

Antes de Biden falar, sua mulher, Jill, e a filha Ashley fizeram elogios a ele. "Ele sempre foi meu melhor amigo", disse Ashley.

"Estamos juntos há quase 50 anos, e ainda há momentos em que eu me apaixono por ele de novo", disse a primeira-dama.

Na segunda, 19, houve mais de três horas de discursos na convenção e o ex-presidente foi citado algumas vezes. A maior parte das falas da noite, no entanto, buscou enaltecer Kamala Harris, que disputa a eleição deste ano e assumiu a candidatura após o presidente desistir da reeleição, em julho, há pouco menos de um mês.

Biden havia vencido as primárias e teria o direito de ser candidato, mas abriu mão da disputa após ir mal em um debate contra Donald Trump e ser pressionado publicamente por lideranças do partido a deixar a corrida eleitoral.

Kamala fez uma breve aparição nesta segunda no palco e elogiou Biden. "Somos eternamente gratos por sua liderança histórica. Seremos eternamente gratos", disse a candidata. Ela fará seu discurso de aceitação da candidatura presidencial na quinta-feira, 22.

"O presidente Biden trouxe dignidade, decência e confiança de volta para a Casa Branca e mostrou o que significa ser um verdadeiro patriota. Obrigado, Joe Biden por uma vida de serviço público e liderança", disse Hillary Clinton, ex-secretária de Estado e candidata presidencial em 2016, em seu discurso na convenção. Hillary foi uma das mais aplaudidas da noite.

Convenção democrata continua na terça

A Convenção Democrata será realizada até quinta-feira, 22. Na terça, 20, estão previstos discursos de Michele e Barack Obama

O evento confirmará Kamala como candidata presidencial do partido. Ela já obteve os votos suficientes de delegados para obter a nomeação e fará um discurso para aceitar a candidatura de modo oficial, na quinta-feira, 22.

Há também a expectativa de que Kamala e o partido detalhem melhor as suas propostas nesta campanha, especialmente em temas como o combate à inflação, controle da imigração irregular e em relação ao Oriente Médio.

Veja mais detalhes da programação da convenção

Terça, 20

Barack Obama, ex-presidente (2009-2017)
Michelle Obama, ex-primeira dama
Doug Emhoff, marido de Kamala Harris
JB Pritzker, governador de Illinois

Quarta, 21

Tim Walz, candidato à vice-presidente
Bill Clinton, ex-presidente (1993-2001)
Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Deputados
Pete Buttigieg, secretário de Transportes

Quinta, 22

Kamala Harris, candidata à Presidência

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