Mursitpinar - Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) seguiam avançando nesta quinta-feira na cidade síria curda de Kobane, na fronteira com a Turquia , que persiste em negar o envio de tropas para auxiliar as forças curdas.
"Apesar da resistência feroz das forças curdas, o EI avançou durante a noite e se apoderou de mais de um terço da cidade de Kobane", afirmou à AFP o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
Mas, de acordo com o exército americano, as milícias curdas continuam controlando a maior parte da cidade.
Em um comunicado, o comando americano responsável pelo Oriente Médio e Ásia Central (Centcom), afirma que cinco ataques aéreos foram realizados nesta quinta-feira contra alvos do EI ao sul de Kobane.
Os ataques possibilitaram a destruição de um campo de treinamento do grupo jihadista, de um edifício e de dois veículos.
Os combatentes curdos que defendem Kobane sabem que dependem de suas próprias forças, já que Washington já reconheceu que os bombardeios aéreos da coalizão não bastam para salvar a cidade da ofensiva jihadista.
Com tanques e armas sofisticadas, o EI entrou na segunda-feira em Kobane. Desde então, trava uma batalha feroz nas ruas da cidade contra os curdos, menos numerosos e com armas inferiores.
Se Kobane cair nas mãos jihadistas, estes controlarão uma faixa ininterrupta no norte da Síria até a fronteira com a Turquia.
Necessidade de infantaria
A coalizão internacional, integrada por países ocidentais e árabes e liderada pelos Estados Unidos, realiza bombardeios aéreos contra posições do EI no Iraque desde 8 de agosto e na Síria desde 23 de setembro.
Contudo, porta-voz do Pentágono John Kirby reconheceu na quarta-feira que "apenas os ataques aéreos não vão resolver isto, não vão salvar a cidade de Kobane", considerando que somente tropas "qualificadas" em terra (combatentes rebeldes na Síria e forças do governo no Iraque) poderão derrotar o Estado Islâmico.
Segundo Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, os jihadistas adotaram uma tática mais evasiva desde o início dos ataques aéreos.
"Já não hasteiam bandeiras nem se deslocam em grandes comboios como faziam antes (...) Tampouco estabelecem quarteis generais visíveis", declarou o general à rede ABC.
Neste contexto de crescente tensão, o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, declarou nesta quinta-feira que não é realista considerar que a Turquia possa realizar sozinha uma intervenção militar terrestre contra os jihadistas.
O Parlamento turco autorizou o governo a intervir contra o EI no Iraque e na Síria, mas até o momento Ancara se nega a apoiar os combatentes curdos que defendem Kobane.
O governo turco defende a criação de uma zona tampão no norte da Síria para proteger os refugiados e as zonas sob controle dos rebeldes moderados, uma opção que segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, "ainda não esteve na mesa de nenhuma negociação, e não é um assunto que esteja sendo discutido".
E, de acordo com a Rússia, a criação da zona tampão exige a aprovação do Conselho de Segurança da ONU.
A Turquia diz acolher 200.000 refugiados que abandonaram a região de Kobane, atacada pelo EI desde 16 de setembro.
Para tentar convencer a Turquia de lutar diretamente contra os jihadistas, Washington enviou a Ancara o coordenador americano da coalizão internacional anti-jihadista, o general John Allen.
Curdos indignados
A batalha de Kobane tem enfurecidos os curdos da Turquia, que exigem uma atitude de Ancara para frear o avanço jihadista.
Manifestantes curdos voltaram a enfrentar a polícia turca em várias cidades do sudeste do país na madrugada desta quinta-feira, denunciando a negativa do governo de Ancara em ajudar os curdos.
Apesar do toque de recolher em vigor em seis províncias do sudeste turco, de maioria curda, centenas de manifestantes voltaram a sair às ruas de Diyarbakir, Batman, Van ou Siirt, onde lançaram pedras e projéteis contra os agentes, que responderam com canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo.
Incidentes similares ocorreram em outras grandes cidades do país, como Istambul, Ancara ou Mersin, indicou a imprensa turca.
A crise chegou até a Alemanha, onde mais de 1.000 curdos voltaram a protestar na madrugada desta quinta-feira, vigiados pela polícia, um dia depois de 23 pessoas ficarem feridas em confrontos entre curdos e islamitas radicais.
Ainda na Síria, um padre franciscano de 62 anos e cerca de 20 cristãos capturados na Síria pela Frente al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda que luta contra o regime de Bashar al-Assad, foram libertados nesta quinta-feira, informou a ordem à qual pertence em seu site.
O padre Hanna Jalluf, de Qunya, e vinte cristãos foram sequestrados na noite de domingo neste povoado do noroeste da Síria, próximo à fronteira com a Turquia.
- 1. O poder dos radicais
1 /22(Reuters)
São Paulo -- Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
EIIL ) vêm exibindo uma variedade impressionante de armas. Muitas foram capturadas do próprio exército iraquiano, que os extremistas derrotaram em diversas batalhas no norte do país. Veja alguns equipamentos bélicos que já foram vistos em poder do EIIL.
2. Tanques T-55 2 /22(John Harwood / Wikimedia Commons)
Os T-55 são tanques russos que os extremistas teriam capturado das forças iraquianas. Seguem o desenho básico do T-54, tanque soviético desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. Há variantes do T-55 com mira a laser, controle de tiro computadorizado, sistemas avançados de radiocomunicação e armadura explosiva, que repele projéteis antitanques.
3. Tanque M-1 Abrams 3 /22(D. W. Holmes II / US Navy / Wikimedia Commons)
Os americanos já enviaram centenas de tanques M1 Abrams ao Iraque. Segundo
relatos, o EIIL teria capturado alguns deles. O Abrams pesa quase 70 toneladas e é movido por uma potente turbina a gás. É um tanque avançado, com uma rede de sensores que alimentam um computador de bordo capaz de calibrar os disparos com precisão.
4. Canhão 59-1 4 /22(Lance Lanham / US Army / Wikimedia Commons)
Há relatos de EIIL teria canhões do tipo 59-1, capturados do exército iraquiano. Trata-se da cópia chinesa de um canhão russo desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. O original tinha alcance superior a 27 quilômetros. Durante muitos anos, foi o canhão rebocável com maior alcance no mundo.
5. Canhão antiaéreo ZU-23-2 5 /22(Serge Serebro / Vitebsk Popular News / Wikimedia Commons)
O ZU-23-2 é um canhão antiaéreo duplo projetado no final da década de 1950 na União Soviética. Dispara balas de 23 milímetros de diâmetro a até 2,5 km de distância. Pode derrubar aviões e helicópteros ou atingir alvos terrestres. O exército iraquiano tem unidades fabricadas na Bulgária e na Polônia. Segundo relatos, algumas delas foram parar nas mãos do EIIL.
6. Canhão antiaéreo tipo 65/74 6 /22(Joe Mabel / Wikimedia Commons)
Um vídeo de propaganda do EIIL mostra um canhão antiaéreo que especialistas dizem ser uma arma chinesa tipo 65 ou 74 (o 74 é uma versão aperfeiçoada do 65). É um canhão de 37 milímetros com dois canos, derivado de um antigo projeto soviético. A versão original disparava 60 balas por minuto a até 8,5 km de distância.
7. Mísseis terra-ar 7 /22(US Army / Wikimedia Commons)
Combatentes do EIIL foram vistos com pequenos mísseis terra-ar conhecidos como MANPADS. Eles são disparados de um lançador tubular portátil, que é apoiado no ombro do soldado, e podem derrubar helicópteros voando baixo. Há inúmeras variantes dessas armas. Muitas não são guiadas, mas as mais avançadas são orientadas por raios infravermelhos ou por laser.
8. Míssil antitanque Hongjian-8 8 /22(Kizilsungur / Wikimedia Commons)
O míssil Hongjian-8 (ou HJ-8) é um projeto chinês dos anos 80. É fabricado na China e no Paquistão. O míssil é disparado de um lançador tubular e guiado por um fio até o alvo. É capaz de destruir as blindagens ativas de tanques, que usam explosivos para defletir projéteis. Tem sido usado ocasionalmente na guerra civil Síria.
9. Lança-foguetes RPG-7 9 /22(Kenneth Lane / US Marine Corps / Wikimedia Commons)
O lança-foguetes russo RPG-7 é uma das armas antitanque mais usadas no mundo. É apreciado no campo de batalha por ser confiável e relativamente fácil de usar. É disparado apoiado sobre o ombro do soldado. A munição é uma granada-foguete não guiada, capaz de atingir alvos a até 200 metros de distância.
10. Metralhadora DShK 10 /22(Erwin Franzen / Wikimedia Commons)
A DShK é uma peça de museu, mas é mortal. Foi desenvolvida pela União Soviética no final da década de 1930 e chegou a ser usada na Segunda Guerra Mundial. Essa metralhadora pesada dispara 600 balas de 12,7 mm de diâmetro por minuto. Segundo relatos, o EIIL teria algumas delas montadas em caminhões.
11. Metralhadora M240 11 /22(Eric Powell / US Navy / Wikimedia Commons)
A M240 é uma metralhadora de médio porte projetada na Bélgica e usada pelas forças armadas americanas desde o final dos anos 70. Dispara entre 750 e 950 balas por minuto e tem alcance de até 1,8 km. É comum vê-la montada em tanques e outros veículos de combate.
12. Metralhadora M60 12 /22(US Department of Defense / Wikimedia Commons)
A M60 é usada desde 1957 pelas forças armadas americanas. Mas é capaz de fazer estragos. Ela dispara mais de 500 balas (de 7,62 mm de diâmetro) por minuto e atinge alvos a mais de 1 quilômetro de distância. Em geral, é operada por dois ou três soldados. Enquanto um puxa o gatilho, os outros vigiam os alvos e municiam a arma.
13. Fuzil M16 13 /22(Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)
O M16, fuzil automático leve do exército americano, é uma das armas vistas nas mãos dos combatentes do EIIL. É derivado do AR-15, projetado em 1956. Estima-se que 8 milhões de unidades do M16 já tenham sido fabricadas. Dessas, 90% seguem em uso em mais de 80 países. Com 1 metro de comprimento, o fuzil pesa 4 kg e é capaz de matar alguém a mais de 500 metros de distância.
14. Carabina M4 14 /22(James Harper Jr. / US Army / Wikimedia Commons)
A carabina M4 é a versão mais curta (84 cm) e mais leve (3,4 kg quando carregada com 30 balas) do fuzil M16. Foi adotada pelo exército americano em 1994 e é muito usada para combate em áreas urbanas. Tem coronha telescópica, o que permite encolhê-la para 76 cm.
15. Lança-granadas M203 15 /22(Exército da Austrália / Wikimedia Commons)
O M203 é um lança-granadas que funciona acoplado sob o cano de um fuzil ou carabina. Ao invadir uma casa, por exemplo, o soldado pode disparar a granada para explodir a porta ou a parede e, depois, matar as pessoas com o fuzil. O acessório pesa1,36 kg.
16. Caminhões MRAP 16 /22(US Marine Corps / Wikimedia Commons)
Os chamados MRAPs (sigla de “mine-resistant ambush protected”, resistente a minas e emboscadas) são caminhões capazes de suportar explosões de minas e artefatos improvisados. Também resistem a tiros de armas leves. Foram extensamente usados para transporte de tropas durante a Guerra do Iraque. E parece que o EIIL conseguiu obter alguns.
17. Carro blindado M113 17 /22(Jason McCree / USAF / Wikimedia Commons)
O carro blindado M113 é outro projeto antigo. Foi muito usado em combates no Vietnã. Em conflitos mais recentes, como a Guerra do Iraque, foi empregado para transporte de soldados e feridos. É um veículo anfíbio com blindagem leve, capaz de resistir a tiros de armas de mão. Alguns são equipados com uma ou mais metralhadoras na parte superior.
18. Humvees 18 /22(Eric Harris / US Air Force / Wikimedia Commons)
O Humvee é a versão moderna do jipão militar. Pode carregar uma variedade de armas, como metralhadoras e lança-granadas. O exército iraquiano possui muitos desses veículos que também foram usados pelos americanos na região. O EIIL divulgou fotos de Humvees que o grupo teria apreendido e enviado à Síria.
19. Uniformes high tech 19 /22(Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
O EIIL divulgou vídeos de soldados usando uniformes e coletes à prova de balas americanos. São roupas com proteções feitas de Kevlar KM2, um compósito extremamente resistente. Não se sabe quantas unidades os jihadistas possuem.
20. Visão noturna 20 /22(US Department of Defense / Wikimedia Commons)
Vídeos do EIIL também mostram soldados com dispositivos de visão noturna AN/PVS-7. Esses equipamentos, desenvolvidos nos Estados Unidos nos anos 80, amplificam a luz entre 30 mil e 50 mil vezes, permitindo que o soldado enxergue no escuro. Não se sabe quantas unidades estão nas mãos dos extremistas e nem se elas estão em condições de uso.
21. UH-60 Black Hawk 21 /22(Suzanne Jenkins / USAF / Wikimedia Commons)
Segundo alguns relatos, quando os extremistas tomaram o aeroporto de Mossul, no Iraque, havia helicópteros americanos Black Hawk lá. Nenhum foi visto voando depois da captura. É possível que tenham sido danificados. Mas alguns especialistas afirmam que eles não voam porque o EIIL não tem pessoas treinadas para pilotá-los.
22. Agora veja uma amostra do poderio bélico americano: 22 /22(US Air Force)