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Jean-Claude Duvalier, o "Baby doc", ex-presidente hereditário e vitalício

Ex-ditador haitiano é acusado de crimes contra a humanidade e de desviar mais de US$ 100 milhões

O ex-presidente do Haiti, Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc, viveu 25 anos no exílio (Hector Retamal/AFP)

O ex-presidente do Haiti, Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc, viveu 25 anos no exílio (Hector Retamal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2011 às 16h35.

Porto Príncipe - O ex-presidente "vitalício" do Haiti, Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", que retornou ao país domingo, após 25 anos de exílio na França, assumiu o poder em Porto Príncipe aos 19 anos, perpetuando uma longa ditadura no país mais pobre do continente americano.

Aos 59 anos, "Baby Doc", filho do ditador falecido François Duvalier chamado "Papa Doc", escolheu o primeiro aniversário do terremoto devastador para reaparecer no cenário político do Haiti. "Vim para ajudar", declarou ele ao chegar a Porto Príncipe onde beijou o solo.

Afastado do poder por uma revolta popular em 1986, após 15 anos de reinado absoluto em Porto Príncipe, Duvalier é uma personalidade polêmica, mesmo após um quarto de século de ausência.

As autoridades do Haiti estimam que mais de 100 milhões de dólares foram desviados a título de realizações de obras sociais até a queda de "Baby Doc" em 1986. Houve dilapidação sistemática das empresas do Estado, com uma parte do dinheiro transferida para bancos suíços.

O governo de Berna tentou acelerar a devolução do dinheiro de Duvalier, sobretudo após o terremoto que devastou o Haiti em 12 de janeiro do ano passado, mas chocou-se à resistência, na justiça, da família Duvalier.

Queixas por "crime contra a humanidade" foram apresentadas contra ele na França, país que o acolheu.

Jean-Claude, nascido em 3 de julho de 1951 em Porto Príncipe, não parecia preparado para aceder ao poder aos 19 anos, e dirigir a primeira república negra das Américas. Seu pai, que reinou desde 1957, morreu no dia 21 de abril de 1971.

Sua silhueta pesada, suas dificuldades de elocução, sua timidez e o gosto por uniformes enfeitados, não transmitiam a imagem de um ditador implacável, nem de um tecnocrata terceiro-mundista.

Testemunha desde a chegada do pai ao poder, quando tinha 7 anos, de todas as intrigas, desgraças, detenções, execuções, bombardeios do palácio e 11 tentativas de golpe de Estado, Jean-Claude, segundo as pessoas mais íntimas, foi profundamente marcado pela violência. Aos 11 anos, saiu ileso de um violento atentado no qual foram mortos três guardas-costas.

"Baby Doc" tentou uma tímida liberalização.

Mas, no fundo, o regime era o mesmo: afastado de um povo jamais consultado democraticamente, submetido ao controle rígido da milícia dos "Tontons macoutes" e vigiado pela velha guarda 'duvalerista' chamada "os dinossauros".

No entanto, mudou a constituição, limpou o exército e afastou os "Macoutes", pronunciando em 1977 uma anistia geral, além de criar uma liga haitiana dos direitos do Homem, e propor eleições livres.

Mas, segundo seus oponentes, foram apenas concessões à política do então presidente americano Jimmy Carter.

Após o casamento com Michele Bennett, rica herdeira protestante e divorciada, saída da burguesia mulata - isto é, símbolo do antigo regime - freou a liberalização. A imprensa passou a ser controlada e os oponentes, presos.

Derrubado por uma revolta popular em 1986, "Baby Doc" foi levado a se demitir pelos Estados Unidos, com a França aceitando recebê-lo de forma temporária. O ex-presidente passou, em seguida, a gozar de uma aposentadoria dourada, em amplas mansões da Côte d'Azur.

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