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Japão luta contra o tempo para salvar reféns das mãos do EI

Primeiro-ministro disse que também havia conversado por telefone com os líderes de Egito, Jordânia e Turquia para pedir ajuda

O premier do Japão, Shinzo Abe, sobre sequestradosl: "é uma corrida contra o tempo muito dura, mas o governo fará todo o possível" (Jiji Press/AFP)

O premier do Japão, Shinzo Abe, sobre sequestradosl: "é uma corrida contra o tempo muito dura, mas o governo fará todo o possível" (Jiji Press/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2015 às 11h02.

Tóquio - O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou nesta quarta-feira que seu governo trava uma "corrida contra o tempo muito dura" diante da ameaça do Estado Islâmico de matar, em um prazo de 72 horas, dois reféns japoneses se não for pago um resgate de 200 milhões de dólares.

"É uma corrida contra o tempo muito dura, mas o governo fará todo o possível", declarou Abe aos jornalistas depois de presidir uma reunião de crise com seus principais ministros.

"Ordenei ao governo que utilize todos os canais diplomáticos e caminhos possíveis" para "garantir a libertação das duas pessoas", acrescentou.

"Estive com o presidente palestino, Mahmud Abbas, e pedi sua cooperação", declarou Abe.

O primeiro-ministro disse que também havia conversado por telefone com os líderes de Egito, Jordânia e Turquia para pedir ajuda.

"Garantiram que farão todo o possível para chegar a uma solução", indicou, visivelmente tenso.

Abe chegou nesta quarta-feira a Tóquio, após interromper uma viagem pelo Oriente Médio depois que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) divulgou o vídeo na terça-feira com o ultimato.

O governo instaurou uma célula de crise na Jordânia, para onde foi enviado o vice-ministro das Relações Exteriores, Yasuhide Nakayama, informou um porta-voz governamental.

Nesta quarta-feira, o grupo jihadista advertiu que executará os japoneses Haruna Yukawa e Kenji Goto se o Japão não cumprir suas demandas.

Os 200 milhões de dólares pedidos pelo EI equivalem à soma prometida por Abe aos países afetados pela ofensiva jihadista, que controla vastos territórios de Iraque e Síria.

O Japão, que confirmou nesta quarta-feira a identidade dos dois reféns, afirmou que não cederá ao terrorismo.

Abe, que pediu a libertação imediata dos reféns, recebeu o apoio dos Estados Unidos, que condenaram as ameaças do EI.

A autenticidade do vídeo ainda não foi confirmada formalmente, mas o cenário lembra a reivindicação do degolamento de dois jornalistas e de três trabalhadores humanitários ocidentais sequestrados na Síria.

Alguns especialistas apontam detalhes estranhos, como a direção divergente das sombras dos reféns, filmados em frente ao sol, e a falta de sincronia no movimento das roupas agitadas pelo vento.

Especialistas japoneses dizem que se trata de uma montagem e que a filmagem pode ter sido feita várias vezes, algumas com luz artificial em um local fechado.

O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, indicou que Tóquio verificava o vídeo.

O canal de televisão NHk informou ter se comunicado por mensagem com um porta-voz do EI, que disse que o pedido de resgate não era um combate econômico, mas psicológico.

O ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, atualmente em Londres, conversou com seu colega francês, Laurent Fabius, que se ofereceu para colaborar para "chegar a uma solução o mais rápido possível".

Os reféns entraram na Síria durante o verão e outono boreal de 2014 e não havia notícias deles há várias semanas.

Um deles, Yukawa, de 42 anos, havia aparecido em um vídeo anterior do EI, filmado, ao que parece, na região de Aleppo (norte).

No vídeo, Yukawa aparece sendo interrogado brutalmente pelos sequestradores.

Yukawa é diretor de uma empresa privada, Private Military Company (PMC), dedicada a "auxiliar os japoneses no exterior".

O outro refém, Kenji Goto, nascido em 1967, é um jornalista que criou a produtora Independent Press, especializada em reportagens sobre o Oriente Médio para as redes de televisão japonesas.

Kenji Goto também participava de atividades humanitárias, segundo um porta-voz do comitê japonês da UNICEF.

"Goto trabalhou muito duro a serviço das crianças no mundo islâmico", disse este porta-voz.

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