Mundo

Japão, China e Coreia do Sul acordam maior segurança para usinas nucleares

Especialistas dos três países vão colaborar mais estreitamente, inclusive no preparo de respostas rápidas a desastres

Países concordaram também em cooperar para prevenir e minimizar efeitos de desastres naturais (AFP)

Países concordaram também em cooperar para prevenir e minimizar efeitos de desastres naturais (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2011 às 11h40.

Tóquio - Os líderes do Japão, China e Coreia do Sul acordaram neste domingo cooperar para que suas usinas nucleares sejam mais seguras, depois do acidente na central japonesa de Fukushima, o mais grave nos últimos 25 anos.

Esse compromisso foi o mais sólido firmado ao fim da cúpula trilateral que encerrou neste domingo em Tóquio.

Para evitar a repetição de um acidente atômico similar, o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, seu colega chinês, Wen Jiabao, e o governante sul-coreano, Lee Myung-bak, assumiram o compromisso de que seus especialistas nucleares vão colaborar mais estreitamente, no compartilhamento de informações de normas de segurança e na preparação de resposta em situações de emergência.

Para estas situações, os três países contemplarão a possibilidade de realizar notificações mais ágeis ou de conseguir uma maior troca de dados que, por exemplo, ajudem a prever as trajetórias das correntes de ar que possam conter radiação.

Os líderes dos três países da Ásia Oriental concordaram em que a energia nuclear "continua sendo uma opção importante para muitos países", mas destacaram a necessidade de a segurança ser requisito prévio ao desenvolvimento, segundo a declaração conjunta publicada pela agência japonesa "Kyodo".

O apoio à energia atômica não impediu que os três países reconhecessem a relevância de apostar nas renováveis, conseguir maior eficiência energética e reduzir a dependência das usinas nucleares.

Os países ressaltaram a importância de basear-se em testes científicos para certificar, em caso de acidente nuclear, a segurança dos produtos que negociam as três economias.

Após o início da crise, China e Coreia do Sul bloquearam alimentos japoneses em suas alfândegas sob o argumento de que podiam conter materiais radioativos, embora o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou neste domingo que seu país relaxará estes impedimentos para alguns deles, já que Tóquio está demonstrando que são seguros.

A China levantará a proibição de importação de alimentos das províncias de Yamanashi e Yamagata, embora tenha admitido que continuará sem permitir a entrada de comida procedente de outras dez províncias japonesas.

Também vai seguir pedindo certificados de inspeção radioativa aos lácteos, aos peixes e as verduras provenientes do restante do Japão.

Neste sentido, Kan afirmou que a visita de sábado de Wen e Lee a Miyagi e Fukushima, onde a crise ainda segue aberta, "foi a maneira mais eficaz de demonstrar ao mundo que o Japão é seguro e que a comida procedente do Japão também o é".

O primeiro-ministro do Japão agradeceu os líderes visitantes em várias ocasiões por terem aceitado acompanhá-lo as duas províncias mais devastadas pela catástrofe para mostrar pessoalmente seu apoio aos afetados.

Durante o encontro, os três governantes falaram ainda em reforçar seus esforços conjuntos para prevenir e diminuir os efeitos dos desastres naturais, e Wen Jiabao propôs organizar durante a segunda metade deste ano um simpósio sobre terremotos entre países da Ásia oriental.

Decidiram tentar concluir antes do fim de 2011, um ano antes do previsto inicialmente, a análise prévia sobre um possível tratado de livre-comércio trilateral, o que facilitaria o começo das negociações oficiais.

Por último, Kan, Wen e Lee expressaram sua preocupação pelo desenvolvimento do programa atômico da Coreia do Norte e seu desejo de retomar o diálogo de seis lados para a desnuclearização do regime de Kim Jong-il, embora concordaram sobre a necessidade de um ambiente mais propício para retomar as negociações.

Em nenhum momento da cúpula fez-se menção explícita à viagem que o líder norte-coreano está fazendo desde sexta-feira à China, onde não se sabe se irá reunir-se com o presidente Hu Jintao.

As reuniões deste tipo entre os líderes dos três países asiáticos têm ocorrido uma vez por ano desde 2008 e está previsto que a próxima ocorra na China em 2012.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaCoreia do SulEnergiaEnergia nuclearFukushimaInfraestruturaJapãoPaíses ricos

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua