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Jacob Zuma renuncia como presidente da África do Sul

Zuma, debilitado por um escândalo de desvio de recursos públicos, anunciou em um discurso televisionado à nação

Zuma: "Devo aceitar que meu partido e meus compatriotas querem que vá embora" (Thomas Lohnes/Getty Images)

Zuma: "Devo aceitar que meu partido e meus compatriotas querem que vá embora" (Thomas Lohnes/Getty Images)

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AFP

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 19h14.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2018 às 20h41.

Johanesburgo - O presidente sul-africano, Jacob Zuma, anunciou sua renúncia imediata nesta quarta-feira (14), depois que seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC), ameaçou destituí-lo com uma moção de censura.

Zuma, debilitado por um escândalo de desvio de recursos públicos, anunciou em um discurso televisionado à nação, que havia tomado "a decisão de se demitir como presidente da República com efeito imediato, embora esteja em desacordo com a direção da minha organização".

"Devo aceitar que meu partido e meus compatriotas querem que vá embora", disse Zuma.

Com o país aguardando que Zuma definisse seu futuro, a Polícia realizou uma batida na quarta-feira pela manhã na casa em Johanesburgo da polêmica família Gupta, no centro dos escândalos que afetam o presidente.

A operação foi feita no âmbito das investigações sobre o suposto tráfico de influências e desvio de recursos públicos de um grupo de empresários muito próximos do presidente Zuma.

Depois de várias semanas de frustradas negociações com Zuma, que mergulharam o país em uma importante crise política, a direção do ANC decidiu na terça-feira exigir que deixe o poder o quanto antes.

O Comitê Executivo do partido governista (NEC) "decidiu (...) tirar o companheiro Jacob Zuma", anunciou o secretário-geral do partido Ace Magashule, horas depois de uma longa reunião que refletiu as divisões dentro do ANC.

Cyril Ramaphosa, que assumiu em dezembro a liderança do ANC, busca a saída de Zuma, afetado por vários casos de corrupção, com o objetivo de evitar uma catástrofe eleitoral nas eleições gerais de 2019.

A princípio, o presidente sul-africano não tem nenhuma obrigação constitucional de respeitar a decisão do NEC.

"É muito injusto"

Jacob Zuma havia permanecido em silêncio por vários dias.

Na quarta-feira, declarou à TV pública: "é muito injusto que este tema seja trazido permanentemente".

"O que fiz? Ninguém pode me dar razões", acrescentou em alusão ao pedido de renúncia do NEC de seu partido.

Na noite de segunda-feira se manteve em sua postura negado a se demitir, quando Cyril Ramaphosa foi pessoalmente à sua residência, em Pretória, pedir que renunciasse como a saída mais digna.

A oposição, que reivindicou a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas, considerou o episódio de segunda-feira de Ramaphosa como uma prova de fragilidade do líder máximo do ANC.

"O fato é que Jacob Zuma continua sendo presidente e tem o poder", lamentou o chefe da opositora Aliança Democrática (DA), Mmusi Maimane. "A única forma de afastá-lo é votando no Parlamento uma moção de censura", insistiu.

O ANC é o partido que esteve no poder da África do Sul desde o fim do apartheid em 1994. Mas nos últimos anos perdeu popularidade ao se ver salpicado por vários escândalos de corrupção, enquanto o país sofre com uma desaceleração econômica.

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