Moeda chinesa: especulações de que o iuan vai se depreciar no curto prazo (Feng Li/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2011 às 10h00.
Xangai - O iuan fechou numa máxima recorde ante o dólar nesta sexta-feira, superando o nível de resistência de 6,30 iuans por dólar e terminando 2011 com apreciação de 4,7 por cento. Operadores citaram sinais de intervenção do banco central para valorizar a moeda chinesa no final do ano.
O iuan à vista fechou na máxima de 6,2940 iuans por dólar, ante recorde anterior de 6,3160 iuans por dólar na segunda-feira. A moeda subiu 0,4 por cento na comparação com o fechamento de quinta-feira, 6,3192 iuans por dólar.
Operadores ainda esperam que o iuan se aprecie em 2012, visto que a China enfrenta pressão dos Estados Unidos para fazer mais a fim de reequilibrar o comércio bilateral e mundial, embora continue registrando superávits comerciais recordes.
Mas a taxa de apreciação deve desacelerar para cerca de 3 por cento no próximo ano, com a maior parte dos ganhos ocorrendo no segundo semestre, disseram os profissionais.
Muitos agentes de mercado viram o forte ponto médio como uma tentativa do Banco do Povo da China, o banco central chinês, de fazer o ganho percentual no ano parecer maior.
"O PBOC (sigla em inglês para o BC chinês) utilizou os principais bancos estatais para fazer o iuan operar em alta durante o dia, um claro alerta a especuladores que apostam na apreciação ou depreciação do iuan de que é o banco central que tem a palavra final sobre o valor do iuan", disse um operador sênior de um banco estatal chinês em Pequim.
"Devido à fraca economia global e à desaceleração nas exportações chinesas, o nível de 6,30 iuans por dólar não foi superado decisivamente", acrescentou. "O iuan vai se desvalorizar um pouco nas próximas semanas e operar principalmente numa faixa entre 6,3 iuans e 6,4 iuans por dólar." A moeda chinesa acumulou alta de 0,9 por cento nas últimas duas semanas, após o banco central chinês definir uma série de pontos médios recordes. O banco adotou uma postura semelhante no final de 2010, ano em que o iuan subiu 3,6 por cento.
Nova meta?
Antes do início das operações, o Banco do Povo da China fixou um ponto médio recorde de 6,3009 iuans por dólar, alta de 0,23 por cento ante a taxa de 6,3157 iuans por dólar de quinta-feira. O banco central chinês utiliza o ponto médio para expressar a intenção do governo para os movimentos do iuan no dia.
Em 2011, o iuan apreciou-se 4,7 por cento. A moeda já acumula valorização de 8,5 por cento desde junho de 2010, quando o governo aboliu a taxa fixa ante o dólar, que vigorava havia dois anos. Desde a revalorização da moeda, em julho de 2005, o iuan disparou 31,5 por cento.
Até o início de novembro, um iuan mais forte parecia uma aposta certa, devido à combinação de uma pressão de parceiros comerciais chineses e da inflação doméstica em alta, um risco à estabilidade política no país.
Mas há especulações de que o iuan vai se depreciar no curto prazo, conforme as exportações são golpeadas pela recessão em economias-chave, embora analistas esperem que a tendência de valorização no longo prazo permaneça intacta Apesar do arsenal de 3,2 trilhões de dólares em reservas em moeda estrangeira, o banco central chinês tem evitado injetar muitos dólares no mercado, o que sugere que Pequim não tem intenção de deixar o iuan se valorizar, por ora.