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Itália fecha portos e pede que Malta acolha imigrantes à deriva

O novo ministro do Interior da Itália e líder da Liga, Matteo Salvini, reforçou sua decisão de não deixá-lo aportar em terras italianas

Itália não autoriza desembarque de imigrantes do Aquarius  e pede que Malta os acolha (Tony Gentile/Reuters)

Itália não autoriza desembarque de imigrantes do Aquarius e pede que Malta os acolha (Tony Gentile/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de junho de 2018 às 16h35.

Última atualização em 11 de junho de 2018 às 11h06.

Roma - Um navio de resgate com mais de 600 migrantes a bordo estava à deriva em águas internacionais, depois que o novo ministro do Interior da Itália reforçou sua decisão de não deixá-lo aportar em terras italianas.

Matteo Salvini, líder do partido nacionalista de extrema-direita Liga, que fez campanha prometendo conter o expressivo fluxo de migrantes da África, bloqueou neste final de semana a embarcação, operada pelas organizações SOS Mediterranee e Médicos Sem Fronteiras.

"Salvar vidas no mar é um dever, mas transformar a Itália em um gigantesco campo de refugiados não é", disse Salvini no Facebook nesta segunda-feira. "A Itália não irá mais abaixar a cabeça e obedecer. Desta vez há alguém dizendo não".

O navio de resgate Aquarius tem 629 imigrantes a bordo, incluindo 123 menores não acompanhados, 11 outras crianças e sete mulheres grávidas.

Fotos publicadas pela SOS Mediterranee mostravam centenas de africanos agrupados abordo, incluindo uma jovem menina embrulhada em um cobertor nos braços de um trabalhador de resgate. A organização afirmou que a embarcação tem os suprimentos necessários para alimentar os migrantes por pelo menos mais um dia.

Por lei, será difícil que a Itália recuse dar abrigo à embarcação, já que sua própria Guarda Costeira coordenou os resgates. Embarcações da Guarda Costeira resgataram mais de 280 migrantes em três diferentes barcos e os transferiram para o Aquarius para que fossem levados até um lugar seguro.

Salvini disse que a Itália não deveria ser o único país a receber barcos chegando do norte da África, exigindo que Malta, que é mais próxima da Líbia, permita que o navio desembarque.

O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, disse ao seu equivalente italiano, Giuseppe Conte, que não receberia a embarcação.

"Estamos preocupados com as ordens dadas pelas autoridades italianas ao Aquarius em alto mar. Elas deliberadamente vão contra regras internacionais, e arriscam criar uma situação perigosa para todos os envolvidos", disse Muscat no Twitter.

Malta permite um pequeno número de barcos de resgate, mas sempre recusa grandes números. A pequena ilha, que tem menos de meio milhão de habitantes, diz que já recebe mais refugiados per capita do que a Itália.

A Itália já recebeu mais de 600 mil 9migrantes que chegaram de barco desde 2014.

O parlamentar da Liga Nicola Molteni disse que bloquear a embarcação era uma mensagem para a União Europeia, que segundo o partido falhou em ajudar a Itália a lidar com a crise de migração.

"Queremos mandar uma mensagem clara", disse Molteni em uma entrevista a um jornal. "Ou outros portos se abrem (aos migrantes) -- e eu estou pensando em Barcelona, Marselha e Malta -- ou esse impasse continua".

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