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Israel invade maior Cidade do Sul de Gaza, considerada refúgio do Hamas

Depois de dias alertando os civis para deixarem a cidade, ainda que não haja muitas opções de fuga, as forças israelenses intensificaram seus ataques no sul do território

Intensos bombardeios foram ouvidos de dentro do Hospital Nasser, o maior de Khan Younis (Mahmud HAMS/AFP)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 08h05.

As tropas israelenses estão lutando no coração de Khan Younis, maior cidade do sul da Faixa de Gaza . Segundo um comandante militar israelense, os combates de casa em casa são os mais pesados desde o início da guerra contra o Hamas, em outubro.

Depois de dias alertando os civis para deixarem a cidade, ainda que não haja muitas opções de fuga, asforças israelensesintensificaram seus ataques no sul do território. Intensos bombardeios foram ouvidos de dentro do Hospital Nasser, o maior de Khan Younis, onde muitos palestinos que buscavam abrigo dormiam nos corredores.

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"Estamos no dia mais intenso desde o início da operação terrestre - em termos de terroristas mortos, número de tiroteios e uso de poder de fogo terrestre e aéreo", disse o comandante do comando militar do sul de Israel, o general Yaron Finkelman.

Bombardeios

Depois de mais de um mês de combates concentrados no norte de Gaza — e de um cessar-fogo de uma semana que expirou na sexta-feira, 1º —, Israel diz acreditar que os líderes do Hamas que planejaram os ataques de 7 de outubro, que deixaram mais de 1,2 mil mortos no sul de Israel, estão no sul de Gaza. A ofensiva terrestre israelense e os bombardeios aéreos já mataram mais de 15 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza que é controlado pelo Hamas.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelenses, Herzi Halevi, disse nesta terça, 5, que as forças israelenses, além de cercarem Khan Younis, lutavam também para consolidar o controle da Cidade de Gaza e de outros lugares no norte do enclave.

Halevi afirmou que os combates muitas vezes eram de casa em casa que os adversários às vezes usavam roupas civis. "Nossas forças encontram em quase todos os edifícios e casas, armas e, em muitas casas, terroristas, que se envolvem em ações de combate", disse.

Não foi possível confirmar de forma independente o relato de Israel sobre o confronto. O escritório humanitário das Nações Unidas disse que, entre domingo e segunda-feira à tarde, observou "alguns dos bombardeios mais pesados em Gaza registrados até agora".

Sem saída

Os avisos de Israel para que os civis busquem abrigo no sul de Gaza levaram grupos de direitos humanos e agências de ajuda humanitária a alertar que os habitantes sitiados estão sendo empurrados para uma colcha de retalhos de áreas cada vez menores. Mesmo assim, não têm garantias de que serão poupados dos ataques aéreos.

O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos em Gaza, Thomas White, disse ontem que bairros que abrigam cerca de 600 mil pessoas receberam ordem de retirada, o que poderia levar mais meio milhão de pessoas para Rafah, cidade na fronteira sul com o Egito, duplicando o número de deslocados em campos já lotados.

De acordo com a ONU, com os locais muito acima da capacidade, os recém-chegados montam tendas e constroem abrigos improvisados nas ruas ou em quaisquer espaços vazios que possam encontrar.

Exército planeja inundar túneis com água do mar

O Exército de Israel está montando novas estratégias para acabar com a vasta rede de túneis do Hamas na Faixa de Gaza. Segundo o jornal Wall Street Journal, os israelenses planejam usar um sistema de bombeamento para inundar os túneis com água do Mar Mediterrâneo, com o intuito de expulsar os terroristas dos refúgios subterrâneos.

Segundo o jornal, o Exército montou bombas de água nas proximidades do campo de refugiados de Al-Shati, no norte do enclave. As bombas podem extrair água do Mediterrâneo e inserir milhares de metros cúbicos de água por hora para os túneis, inundando os locais em questão de semanas.

Autoridades dos EUA não sabem dizer o quão perto Israel está de realizar o plano. Washington recebeu a notícia de forma mista, expressando preocupações com relação ao abastecimento de água na Faixa de Gaza, que poderia ficar comprometido.

Inundação

Não ficou claro se Israel pretende implementar o plano antes de todos os reféns saírem de Gaza - autoridades estimam que 136 continuam no território. O Exército israelense não comentou o plano de inundação dos túneis, segundo a reportagem do Wall Street Journal, apenas afirmou que o Exército de Israel está fazendo de tudo para desmantelar as capacidades militares do Hamas, utilizando várias estratégias e ferramentas.

Oficiais americanos se preocupam com a possibilidade de o plano israelense afetar ainda mais o acesso dos palestinos de Gaza a água potável, que é fornecida pelas estações de purificação no enclave, que estão desativadas.

Segundo a ONU, o sistema fornecia 83 litros de água por dia antes da guerra entre Israel e o Hamas, mas agora os palestinos recebem apenas três litros diários. Especialistas afirmam que os civis deveriam receber pelo menos 15 litros de água por dia.

O Wall Street Journal afirmou que fontes sinalizaram que a ação colocaria o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, em uma posição difícil, que a comunidade internacional poderia condenar a operação. Apesar disso, a Casa Branca reconhece que o plano é uma das poucas opções eficazes para desativar os túneis.

De acordo com o jornal, o Exército de Israel teria de bombear cerca de um milhão de metros cúbicos de água para desativar os túneis de Gaza. As inundações podem afetar o solo do enclave, já prejudicado pela poluição. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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