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Israel impede a entrada de delegação da UE em Gaza

Parlamentares europeus se reunirão com membros da sociedade civil, tanto israelense como palestina, e com responsáveis palestinos em Ramala

Palestinos rezam em ruínas de uma mesquita, destruída por supostos ataques israelenses na Faixa de Gaza (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)

Palestinos rezam em ruínas de uma mesquita, destruída por supostos ataques israelenses na Faixa de Gaza (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2014 às 16h26.

Jerusalém - Israel negou nesta quinta-feira as permissões para que uma delegação de europarlamentares da Esquerda Unitária pudessem entrar em Gaza para comprovar e avaliar os efeitos da última operação militar israelense contra a Faixa.

A delegação, na qual destaca-se a presença do líder do partido espanhol "Podemos", Pablo Iglesias, chegou hoje ao aeroporto de Tel Aviv para uma visita de três dias durante a qual se reunirá com membros da sociedade civil, tanto israelense como palestina, e com responsáveis palestinos em Ramala.

"O objetivo desta viagem é comprovar as consequências da última operação militar que se prolongou por sete semanas", explicou à Agência Efe Iglesias.

"Nossa intenção é entrar em Gaza, mas o governo israelense nos proíbe. Não entendemos por que, somos europarlamentares e queremos ajudar para que a ajuda humanitária aumente. Acho que o governo israelense deveria nos deixar entrar em Gaza", acrescentou.

O porta-voz israelense das Relações Exteriores, Emanuel Najshon, explicou à Agência Efe que o governo não considera oficial a visita dos eurodeputados e que, na sua opinião, uma eventual entrada em Gaza seria como um apoio ao movimento islamita Hamas.

"Deixamos entrar em Gaza delegações oficiais e pessoal humanitário e este grupo, na prática, se encontra na zona, desde nosso ponto de vista, como grupo privado", argumentou.

"A visita do grupo a Gaza, após um conflito armado de dois meses, daria um respaldo ao Hamas e Israel não tem nenhum interesse em fazer isso. Se querem ir a Gaza, podem fazer isso através do Egito", acrescentou.

Fontes diplomáticas disseram que Israel não se sente cômoda com a visita devido às declarações de alguns de seus integrantes durante a ofensiva -na qual morreram mais de 2,1 mil pessoas, em sua maioria civis palestinos-, e a que sua agenda não inclui a parte israelense.

O líder do "Podemos" chegou acompanhado de suas companheiras de partido Teresa Rodríguez e Lola Sánchez, a representante de Esquerda Plural, Ángela Vallina, o membro de Bildu Jon Juaristi e outros oito colegas da Irlanda, França, Portugal e Chipre.

A missão se reuniu nesta manhã com representantes da organização pacifista da esquerda israelense "Rabinos pela Democracia" e visitou a parte antiga de Jerusalém, onde conheceu de primeira mão o problema da colonização judaica dos bairros árabes e cristãos.

Os parlamentares visitarão amanhã a família de Mohamad Abu Jedeir, o adolescente palestino assassinado no começo de julho por radicais judeus como vingança pelo assassinato de três estudantes israelenses perto de uma colônia na Cisjordânia, e a cidade palestina de Hebron, uma das mais conflituosas.

A tarde, o grupo deve visitar a cidade palestina de Belém, rodeada de assentamentos judaicos, onde se reunirão com o governador e com líderes religiosos.

No sábado e no domingo ocorrerão vários encontros com líderes palestinos em Ramala, entre eles o primeiro-ministro do governo de união nacional transitório, Rami Hamdala, e chefe da diplomacia, Riad al-Maliki.

Além disso, o grupo se encontrará com responsáveis do Fatah, principal grupo na Organização para a Libertação da Palestina (OLP), e com o diretor da plataforma Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), Omar Barghuti, que promove o isolamento internacional de Israel como foi feito com o "apartheid" na África do Sul.

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