Mundo

Israel aprova lei que dificulta divisão da soberania de Jerusalém

Medida complica ainda mais a esperança de uma solução de dois Estados no conflito israelense-palestino

Visão geral da cidade de Jerusalém (Ammar Awad/Reuters)

Visão geral da cidade de Jerusalém (Ammar Awad/Reuters)

A

AFP

Publicado em 2 de janeiro de 2018 às 15h41.

O parlamento israelense aprovou nesta terça-feira (2) um projeto de lei que visa a dificultar a divisão da soberania de Jerusalém entre Israel e os palestinos em um eventual acordo de paz.

O projeto, aprovado por 64 votos contra 51, prevê que qualquer cessão de uma parte de Jerusalém aos palestinos necessita ser aprovada por dois terços do parlamento israelense.

O projeto, apresentado por um deputado do partido partido nacionalista Lar Judeu, também permite modificar a definição"municipal" de Jerusalém, de forma que alguns setores da cidade sejam "declarados como entidades separadas", segundo um comunicado do parlamento israelense.

Este projeto complica ainda mais a esperança de uma solução de dois Estados no conflito israelense-palestino, menos de um mês depois da decisão do presidente americano Donald Trump de reconhecer Jerusalém com capital de Israel.

Israel ocupa Jerusalém Oriental e a Cisjordânia desde a guerra de 1967.

Em 30 de julho de 1980, o parlamento israelense aprovou a anexação de Jerusalém, decisão condenada pelo Conselho de Segurança da ONU em 20 de agosto do mesmo ano.

Israel considera que sua capital é o conjunto de Jerusalém, enquanto que os palestinos aspiram a que Jerusalém Oriental seja a capital de um futuro Estado palestino.

"Garantimos a unidade de Jerusalém", declarou no Twitter o ministro da Educação Naftali Bennett, líder do Lar Judeu.

"O Monte das Oliveiras, a Cidade Velha e a Cidade de David continuarão sendo nossos para sempre", acrescentou, referindo-se a lugares situados na parte palestina de Jerusalém.

- Empecilho para a paz -

O deputado opositor Dov Khenin disse que a lei também deveria se chamar "lei para impedir a paz" e que teme que termine provocando "um banho de sangue".

Para o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat, os israelenses tomam essas posições porque têm o apoio dos Estados Unidos.

"A administração americana adota a posição da ocupação",afirmou a uma rádio local, assegurando que os palestinos "lutarão contra as tentativas americana e israelense de impor suas soluções".

A decisão de Trump, anunciada em 6 de dezembro, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, rompe com décadas de diplomacia americana e internacional.

Segundo o presidente palestino, Mahmud Abbas, os Estados Unidos não pode ter qualquer papel histórico como mediador de paz.

Na segunda, lamentou que a Casa Branca "se negue a condenar as implantações de colônias israelenses, os ataques sistemáticos e os crimes da ocupação israelense contra o povo da Palestina".

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseIsraelJerusalém

Mais de Mundo

O que é o Projeto Manhattan, citado por Trump ao anunciar Musk

Donald Trump anuncia Elon Musk para chefiar novo Departamento de Eficiência

Trump nomeia apresentador da Fox News como secretário de defesa

Milei conversa com Trump pela 1ª vez após eleição nos EUA