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Israel anuncia acordo de cessar-fogo com Hezbollah

Pausa foi anunciada por Netanyahu; confronto deixou mais de 3.000 mortos e desalojou mais de 1 milhão de pessoas

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu discursa em uma cerimônia para lançar a pedra fundamental de um memorial aos israelenses mortos nos ataques de outubro de 2023 por militantes palestinos, no Parlamento, que abre sua sessão de inverno em Jerusalém em 28 de outubro de 2024 (Debbie Hill/AFP)

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu discursa em uma cerimônia para lançar a pedra fundamental de um memorial aos israelenses mortos nos ataques de outubro de 2023 por militantes palestinos, no Parlamento, que abre sua sessão de inverno em Jerusalém em 28 de outubro de 2024 (Debbie Hill/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 15h29.

Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 16h24.

O premiê de Israel, Benjamim Netanyahu, disse que aceitou uma proposta de cessar-fogo com o Hezbollah, grupo armado baseado no Líbano, com quem Israel trava um confronto mais amplo desde outubro.

Netanyahu disse que pedirá ao seu gabinete que aprove o acordo, feito com apoio dos Estados Unidos e da França. O presidente Joe Biden fará um discurso sobre o tema às 16h30 (hora de Brasília).

O primeiro-ministro não detalhou os termos do acordo. De acordo com a BBC, Israel e Hezbollah se comprometem a retirar suas forças do Sul do Líbano por 60 dias, e o Hezbollah se compromete a permanecer ao norte do rio Litani, a 30 km da fronteira com Israel. A zona entre os dois grupos será ocupada por uma força de paz da ONU e pelo Exército libanês, que terá sua capacidade ampliada.

No discurso, Netanyahu buscou ressaltar que Israel voltará a atacar se houver alguma violação por parte do Hezbollah. “A duração do cessar-fogo dependerá do que acontecer no Líbano e manteremos total liberdade de movimento”, disse.

Ele enfatizou ainda que Israel teve vitórias importantes contra o grupo libanês e que a pausa no conflito permitirá ao país dar mais atenção ao conflito com o Irã, além de permitir a Israel recarregar seus estoques de armas.

Israel invadiu o Líbano no fim de setembro, com a missão de retirar o poder de força do Hezbollah, que vinha atacando o norte do país com mísseis desde outubro de 2023.

Segundo o governo libanês, mais de 3.000 pessoas morreram no Líbano desde o início do conflito, e mais de 1,2 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas depois da invasão israelense em outubro. Do lado israelense, 60 mil foram desalojados.

Origens do conflito atual entre Israel e Hezbollah 

A crise atual entre Israel e Hezbollah é uma consequência da guerra entre Israel e Hamas, que começou em outubro de 2023. No dia 7 daquele mês, terroristas do Hamas, grupo que controlava a Faixa de Gaza, invadiram Israel, mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram mais de 200 reféns. Em resposta, Israel lançou uma operação militar e invadiu Gaza, com a missão de atacar o Hamas e resgatar os reféns. 

No entanto, a guerra em Gaza virou uma situação sem fim à vista. Mesmo após mais um ano de ataque, parte dos reféns não foi resgatada e, apesar dos ataques de Israel, o Hamas não foi declarado derrotado.

O governo da Faixa de Gaza diz que mais de 41 mil palestinos foram mortos e 95 mil ficaram feridos desde o início da invasão. Além disso, centenas de milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas.

O Hezbollah, que ocupa territórios ao sul do Líbano, perto da fronteira norte de Israel, passou a atacar o país vizinho com mísseis em 8 de outubro de 2023, quando os militares israelenses invadiram Gaza, como forma de solidariedade aos palestinos. Os ataques seguiram ocorrendo desde então, e levaram 60 mil israelenses a deixarem suas casas. 

Em setembro, Israel decidiu fazer uma operação ampla contra o Hezbollah, com o objetivo de matar os líderes do grupo e reduzir seu poder de ataque. Em uma ação orquestrada, israelenses colocaram explosivos em pagers e rádios de comunicação usados pelos grupos, que foram detonados simultaneamente no dia 17 de setembro. Foram quase 40 mortos e cerca de 40 mil feridos, muitos deles atingidos no rosto e nas mãos. Segundos antes de explodirem, muitos pagers tocaram, como se estivessem recebendo mensagens.

O ataque atingiu diversos líderes do grupo, além de comprometer sua capacidade de organização para lutar. Em seguida, Israel invadiu o Líbano e fez ataques e bombardeios, matando mais líderes e destruindo estruturas, como arsenais. O atual conflito só será encerrado agora. 

Conflito entre Israel e Hezbollah dura décadas

Quando o estado de Israel foi criado, em 1947, os países vizinhos, incluindo o Líbano, deram apoio aos palestinos, que eram contrários ao novo país, pois Israel foi estabelecido em territórios onde antes viviam palestinos.

As tensões entre os dois países atingiram um pico em 1978, na Guerra Civil Libanesa. Na época, soldados israelenses entraram no Líbano para caçar militantes palestinos que haviam se refugiado ali. Esta invasão levou ao envio de forças de paz das Nações Unidas para o sul do Líbano, até que a situação se estabilizou.

Israel invadiu o Líbano novamente em 1982 e, em aliança com as Forças Libanesas Cristãs, expulsou de lá a Organização para a Libertação da Palestina. O Hezbollah foi criado nesta época, com apoio do Irã, para lutar contra a invasão israelense.

No ano seguinte, os dois países assinaram um acordo para estabelecer relações bilaterais, mas o processo de aproximação foi interrompido após o ganho de território por parte de milícias xiitas e drusas em 1984.

Israel, assim, se retirou da maior parte do Líbano em 1985, mas ainda teve o controle de uma zona de segurança de 19 quilômetros. No mesmo ano, o Hezbollah, grupo xiita patrocinado pelo Irã, convocou uma luta contra ocupação israelense no sul do Líbano.

Em 1993 e 1996, Israel lançou duas grandes operações no sul do Líbano. A luta contra o Hezbollah enfraqueceu as posições israelenses, que foram obrigadas, em 2000, a se retirarem para seu lado da fronteira designada pela ONU.

Com o discurso contra a ocupação israelense da fazendas de Shebaa, o Hezbollah seguiu com ataques até 2006, que geraram uma guerra. As hostilidades duraram de julho a agosto, e foram oficialmente encerradas em 8 de setembro, com um cessar-fogo exigindo o desarmamento do Hezbollah e o respeito à integridade territorial e à soberania do Líbano por parte de Israel.

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