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Israel aprova 3 mil novas casas em assentamentos na Cisjordânia

A expansão das colônias ameaça tornar impossível a criação de um Estado palestino independente que coexistiria com Israel

Israel: a comunidade internacional e os palestinos estão preocupados com os anúncios de Israel (David Silverman/Getty Images)
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AFP

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 21h40.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2017 às 10h26.

Israel anunciou a construção de 3.000 casas adicionais de colonização na Cisjordânia ocupada, a quarta medida deste tipo em menos de duas semanas após a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A decisão prolonga a dinâmica israelense adotada após a mudança de governo em Washington.

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Também aparenta ser uma concessão adicional aos partidários da colonização, no momento em que as autoridades israelenses parecem não ter alternativa à aplicação de uma decisão da justiça do país e demolir Amona, uma colônia que é objeto de amplo debate en Israel.

Os preparativos aceleraram e a demolição de Amona, vigiada desde terça-feira por dezenas de agentes das forças de segurança de Israel, parece ser uma questão de dias ou horas. Os 200 a 300 habitantes se negam a deixar o local.

Sobre a colina de Amona, um grupo de jovens ateou fogo a pneus e lançou pedras contra os jornalistas, em uma demonstração do desejo de resistir a uma operação de retirada.

Ao pé da colina, soldados instalaram um alambrado para impedir a entrada de jovens de colônias vizinhas.

Enquanto o destino de Amona deve ser definido, "o ministro da Defesa Avigdor Lieberman e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu decidiram autorizar a construção de 3.000 novas unidades de residência em Judeia-Samaria", como os israelenses chamam a Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, anunciou o ministério da Defesa na madrugada de quarta-feira.

Desde a posse de Trump em 20 de janeiro, Israel avança na construção de casas definitivas em três bairros de colonização de Jerusalém Oriental ocupada e anexada, além da construção de 2.502 residências na Cisjordânia.

Na semana passada, em um terceiro anúncio, o município israelense de Jerusalém aprovou a construção de outras 153 novas unidades de residência, que segundo o governo da cidade haviam sido paralisadas por pressão do governo de Barack Obama.

As autoridades israelenses aproveitam o espaço aberto com a chegada de Trump à Casa Branca e se afastam da moderação registrada nas atividades de colonização durante as últimas semanas da presidência de Obama.

"Construímos e continuaremos construindo", prometeu Netanyahu. Ele disse que a presidência de Trump constitui uma "oportunidade formidável" após as "enormes pressões" do governo Obama.

"Entramos em um período de retorno à normalidade (na Cisjordânia) e damos a resposta pertinente às necessidades cotidianas da população", afirma um comunicado divulgado pelo ministério da Defesa, que exerce a autoridade sobre o território.

A comunidade internacional e os palestinos estão preocupados com os anúncios de Israel. Mas, enquanto o governo de Obama havia criticado e pressionado para conter a colonização, a administração Trump permanece em silêncio até o momento.

As colônias, assentamentos civis israelenses nos territórios palestinos ocupados, são ilegais do ponto de vista do direito internacional. Grande parte da comunidade internacional as considera o maior obstáculo para paz entre israelenses e palestinos, meta distante há décadas.

Quase 400.000 colonos israelenses vivem em meio a quase 2,6 milhões de palestinos na Cisjordânia.

A expansão das colônias, política sustentada por todos os governos israelenses desde 1967, avança progressivamente no território da Cisjordânia e ameaça tornar impossível a criação de um Estado palestino independente que coexistiria com Israel, a solução internacional defendida por muitos para acabar com o conflito.

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