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Islamismo na Chechênia não ameaça EUA, dizem especialistas

Os EUA aumentaram sua pesquisa sobre a república da Chechênia por causa da origem étnica dos irmãos Tsarnaev, suspeitos dos ataques de Boston


	Chechênia, na Rússia: apesar de a Chechênia ter recuperado nos últimos anos a estabilidade, terroristas de origem chechena perpetraram graves atentados em território russo.
 (GettyImages)

Chechênia, na Rússia: apesar de a Chechênia ter recuperado nos últimos anos a estabilidade, terroristas de origem chechena perpetraram graves atentados em território russo. (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 16h36.

Washington - O islamismo na Chechênia não apresenta uma ameaça crível para a segurança dos Estados Unidos, asseguraram nesta quinta-feira especialistas na região à Câmara dos Representantes (Deputados) americana, que analisou a fundo essa região por causa da origem étnica dos irmãos suspeitos dos atentados da maratona de Boston.

Dois subcomitês da Câmara Baixa, os dedicados a Eurásia e ao terrorismo, interrogaram hoje um painel de especialistas sobre a possibilidade que esteja aumentando a radicalização islamita na república do norte do Cáucaso russo, e que essa insurgência possa representar uma ameaça para os EUA.

"Há movimentos islâmicos na região chechena, mas estes trazem um risco muito pequeno para os Estados Unidos, mas poderiam apresentar uma ameaça modesta para as Forças Armadas americanas no mundo todo", disse na audiência Craig D. Albert, especialista na Chechênia da universidade de Augusta (Geórgia).

"É altamente improvável que estes indivíduos (que fazem parte dos movimentos islâmicos na Chechênia) realizem um ataque nos Estados Unidos, ou que planejem qualquer ameaça estratégica crível nesse sentido", acrescentou Albert.

Os EUA aumentaram sua pesquisa sobre a república da Chechênia - sacudida por duas guerras entre o Exército federal russo e a guerrilha separatista na década de 90 - por causa da origem étnica dos irmãos Tsarnaev, suspeitos dos ataques que em 15 de abril deixaram três mortos e mais de 200 feridos em Boston.


As autoridades da Chechênia negaram que os irmãos, que chegaram aos EUA como refugiados, tenham tido relação com a região.

Os especialistas concordaram que a vizinha república do Daguestão, onde o mais velho dos irmãos, Tamerlan, passou vários meses em 2012 é "muito mais complicada" do que a Chechênia, nas palavras do ex-funcionário do Departamento de Estado e da CIA Paul Goble.

"Estou muito mais preocupado com os seis meses que (Tamerlan) passou no Daguestão do que com sua procedência chechena", disse Goble.

Albert acrescentou que o islamismo na região "é mais uma ameaça caucásica do que chechena, originada sobretudo no Daguestão".

Andranik Migranyan, um especialista enviado à audiência pela embaixada da Rússia em Washington, concordou que a situação "é muito pior agora no Daguestão do que na Chechênia".

"O Daguestão é muito mais propenso ao wahhabismo (uma estrita versão do islã sunita), que chega da Arábia Saudita, enquanto na Chechênia quase não há atos terroristas", assegurou Migranyan.

Os congressistas se mostraram preocupados com a infiltração de extremistas islâmicos sauditas nessa república vizinha à Chechênia, e concordaram na necessidade de trocar mais informação a respeito com as autoridades russas.


"Esta região é crítica para o futuro do mundo. Se ela se impregnar de islamismo, mudará o curso da história de uma forma extremamente negativa", disse o republicano Dana Rohrabacher, que preside a subcomissão da Europa e Eurásia.

Por sua vez, o deputado republicano Ted Poe lamentou o "problema na hora de FBI e CIA compartilharem informações, que abriram investigações sobre Tamerlan a pedido das autoridades russas, mas mais tarde deixaram de seguir sua pista.

"Temo que não tenham prestado atenção aos alertas que vinham da Rússia", assinalou por sua vez Migranyan.

Apesar de a Chechênia ter recuperado nos últimos anos a estabilidade, terroristas de origem chechena perpetraram graves atentados em território russo, como os ataques suicidas contra o metrô de Moscou (março de 2010) e o aeroporto de Domodedovo (janeiro de 2011), nos quais morreram 40 e 37 pessoas, respectivamente. 

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