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Irmandade Muçulmana diz que penas de morte são crime militar

Em seu site oficial, grupo disse que juízes egípcios estão "submetidos aos militares" e que sentença significa um "fato sem precedentes na história da justiça"


	Protesto da Irmandade Muçulmana no Egito: porta-voz do grupo afirmou que decisão pretende intimidar manifestantes diante do iminente anúncio da candidatura do chefe do exército à presidência
 (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

Protesto da Irmandade Muçulmana no Egito: porta-voz do grupo afirmou que decisão pretende intimidar manifestantes diante do iminente anúncio da candidatura do chefe do exército à presidência (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 09h30.

Cairo - A Irmandade Muçulmana classificou nesta segunda-feira de "injusta" e de "novo crime do golpe militar" a decisão da justiça que condenou à pena de morte 528 de seus seguidores por atacarem prédios do governo e delegacias no Egito.

Em sua página oficial na internet, o grupo disse que os juízes egípcios estão "submetidos aos militares" e que a sentença significa um "fato sem precedentes na história da justiça".

Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, consultada pela Agência Efe, afirmou que a decisão pretende intimidar os manifestantes diante do iminente anúncio da candidatura do chefe do exército, Adelfatah al Sisi, à presidência.

O grupo islamita, declarado terrorista pelas autoridades em dezembro do ano passado, denunciou que o tribunal não permitiu que os advogados e testemunhas fossem ouvidas.

"Os cidadãos livres não serão intimidados por uma decisão injusta, que pelo contrário, aumentará sua fé em sua revolução e sua causa", disse a Irmandade em referência aos protestos convocados frequentemente e para esta semana pelos seguidores do presidente deposto Mohammed Mursi.

O porta-voz, que pediu anonimato, criticou o fato do tribunal ter emitido a sentença após apenas duas sessões que duraram pouco mais de cinco minutos cada uma e classificou o julgamento de "político".

Durante o processo, que começou no sábado, não foram apresentadas provas materiais e o juiz demonstrou que "não era imparcial", segundo o membro da Irmandade Muçulmana.

Os advogados de defesa pediram na primeira audiência a substituição dos juízes, o que foi rejeitado pelo presidente do tribunal Said Youssef.


Além disso, os letrados solicitaram o adiamento do julgamento para análise das 3.700 páginas do processo, o que também foi negado, segundo o porta-voz islamita.

Os condenados foram considerados culpados de uma série de ataques a edifícios governamentais e delegacias cometidos na província de Minia, em protesto pelo violento desmantelamento de acampamentos islamitas no Cairo em agosto de 2013.

Um dos ataques teve como alvo a sede da polícia na cidade de Matai, onde o assistente do delegado foi assassinado.

Dos réus, cerca de 140 se encontram detidos, enquanto o restante foi condenado à revelia.

Desde o golpe militar de 3 de julho contra Mursi, milhares de seguidores da Irmandade Muçulmana foram detidos e centenas sentenciados à prisão, mas até agora não tinha sido decretada a pena capital.

Mursi e outros dirigentes da Irmandade, entre eles seu guia espiritual, Mohammed Badia, estão presos e sendo processados por diversos crimes. 

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