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Irmandade Muçulmana culpa governo sírio por atentados em Damasco

Segundo a Irmandade, o regime de Assad orquestrou os atentados "para desviar a atenção das manifestações semanais" contra o regime sírio

Segundo uma estimativa da ONU, a repressão na Síria já deixou 5 mil mortos desde meados de março (Dan Kitwood/Getty Images)

Segundo uma estimativa da ONU, a repressão na Síria já deixou 5 mil mortos desde meados de março (Dan Kitwood/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2012 às 14h03.

Damasco - A Irmandade Muçulmana síria negou, neste sábado, a autoria dos atentados suicidas da véspera em Damasco, que mataram 44 pessoas, e acusou o governo de ter orquestrado os ataques para responsabilizar o grupo, enquanto milhares de pessoas assistiam aos funerais das vítimas.

Segundo a Irmandade, o regime de Assad orquestrou os atentados "para desviar a atenção das manifestações semanais" contra o regime sírio.

A Irmandade acusou ainda o regime de ter "inventado totalmente" uma página na internet onde os atentados foram reivindicados em nome do grupo.

Trata-se de uma "página inteiramente inventada em nosso nome na internet", declarou à AFP no porta-voz da Irmandade, Zuhair Salem, reagindo ao comunicado.

Uma enorme multidão acompanhou hoje os funerais das 44 pessoas que morreram na véspera, nos dois atentados suicidas de Damasco, onde a delegação da Liga Árabe se reuniu com o chefe da diplomacia síria, em um encontro qualificado de positivo pelas autoridades locais.

O funeral aconteceu na mesquita de Omayades, na cidade velha de Damasco, no dia seguinte aos ataques sem precedentes desde o começo dos protestos, em meados de março, contra o regime do presidente Bashar al-Assad. Os ataques contra as sedes dos serviços de segurança deixaram ainda 150 feridos.

No exterior da mesquita, a multidão exibia retratos de Assad e bandeiras do partido Baath, no poder.

O ministro de Bens Religiosos, Abdel Satar al Sayed, leu na mesquita um comunicado conjunto publicado pelos dignitários cristãos e muçulmanos.

Os responsáveis religiosos denunciaram "os atentados criminosos perpetrados na sexta-feira (...) assim como os assassinatos, as destruições e a sabotagem cometida (no âmbito de) um complô perigoso contra a Síria", e pediram à Liga Árabe e a ONU que "assumam suas responsabilidades".


As autoridades sírias afirmam que os atentados têm "a mão da al-Qaeda".

A delegação da Liga Árabe encabeçada por Samir Seif al Yazal, subsecretário geral da organização, se reuniu com o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mualem.

"A reunião de sábado de manhã, sobre os requisitos necessários para a missão, foi positiva", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores sírio, Yihad Makdisi.

Yazal chegou na quinta-feira a Damasco liderando uma delegação de dez pessoas, com o objetivo de preparar a chegada de "mais de 50 especialistas árabes de diferentes temas do âmbito político, de direitos humanos ou militar".

Na sexta-feira, o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal movimento da oposição do qual a irmandade faz parte, imputou ao regime a "responsabilidade direta" pelos atentados, que foram "uma mensagem de advertência aos observadores árabes para que não se aproximem dos centros de segurança".

Neste sábado, o observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres, pediu que a equipe da Liga Árabe dirija-se imediatamente a Homs (centro), foco dos protestos, depois da morte, no sábado de quatro civis "que têm sinais de tortura".

No total, treze pessoas morreram no sábado em operações das forças de segurança, das quais seis em Homs (centro), informou o OSDH.

O Observatório afirmou também que importantes forças militares atacaram a localidade de Basr al Harir e a região de al Lujat, nesta mesma província.

O Exército busca "dezenas de soldados dissidentes escondidos nessa região", detalhou o OSDH, que teme que os desertores "conheçam o mesmo fim dos que foram massacrados na segunda-feira em Jabal al Zauia" (noroeste), onde se travaram combates que deixaram mais de 150 mortos e feridos entre os militares dissidentes.

Segundo uma estimativa da ONU, a repressão na Síria já deixou 5 mil mortos desde meados de março.

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